sábado, 31 de janeiro de 2009

COLATERALIDADE DA VISÃO MECANICISTA

De acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS - o órgão técnico das Nações Unidas que representa a máxima autoridade sanitária mundial, saúde não é só sinônimo de ausência de doença, mas um estado de completo bem-estar físico, mental e social, um direito fundamental de cada individuo.
O estudo das causas das enfermidades, dos mecanismos através dos quais elas agem e as alterações que produzem no organismo, é o compito da medicina chamada patológica. A higiene, também chamada medicina preventiva, deve-se preocupar da prevenção das doenças, enquanto que as curas são de responsabilidade da terapia medica e cirúrgica.
A doença e suas causas: - Define-se doença qualquer condição anormal do organismo que limita a plena eficiência física ou mental do individuo. Neste sentido, é uma doença um resfriado como um estado acentuadamente ansioso ou depressivo, uma intoxicação alimentar ou a fratura de uma perna. Assim sendo, por normas higiênicas entende-se não fumar, alimentar-se de forma correta, viver em ambientes sadios, mas também evitar o stress, vestir um agasalho, utilizar um capacete quando existem riscos de queda e guiar o carro de forma prudente.
Doenças congênitas são definidas as que se manifestam desde o nascimento. Elas podem consistir em uma malformação derivada de um “erro” no desenvolvimento do feto, ou podem ser transmitidas pela mãe através da placenta, assim como pode acontecer, por exemplo, com a AIDS. Em outros casos as doenças congênitas têm origens genéticas, portanto hereditárias, ou seja, transmissíveis de uma geração para outra. As doenças hereditárias podem consistir em anomalias cromossômicas, quando o problema diz respeito à estrutura ou ao numero de cromossomos - como acontece, por exemplo, com a síndrome de Down - enquanto que os demais casos são chamados monogênicos, porque tem a ver com a alteração de um único gene - como acontece, por exemplo, com a fenilchetonuria ou a anemia falciforme.
Doenças adquiridas são definidas - muito mais difundidas do que as congênitas - todas as que podem ser contraídas ao longo da vida após o nascimento, em seqüência a diversos fatores ambientais. Não existe, todavia, um limite bem definido entre as doenças adquiridas ou congênitas, especialmente no que diz respeito às genéticas, uma vez que muitas doenças dos adultos podem ter como origem uma certa tendência de natureza genética, enquanto que algumas doenças genéticas podem ter origem, ou seja, evolução, duração e êxito variável de acordo com a alimentação ou à própria vida do paciente.
Doenças infectadas, as únicas contagiosas, ou melhor, transmissíveis de uma pessoa para a outra, são causadas pela agressão seja de microorganismos patogênicos como, por exemplo, bactérias, vírus, proteu ou fungos, assim como parasitas pluricelulares como, por exemplo, alguns vermes entre os quais a tênia ou insetos microscópicos como os ácaros. Através do contagio o organismo patogeno passa de um individuo para o outro utilizando as seguintes modalidades:
1. Transmissão aérea: o patogeno é transmitido através das minúsculas gotículas de vapor ou de saliva que se difundem no ar quando o individuo espirra, respira ou fala, como acontece com a influencia, resfriado, catapora e a rubéola.
2. Transmissão fecal – oral: o patogeno semeado pelas fezes de uma pessoa infectada pode poluir a água e os alimentos. Transmissões deste tipo podem acontecer também através das mãos, de objetos - talheres, toalhas, lençóis etc. - ou ambientes - banheiros sujos, por exemplo. Doenças transmitidas por via fecal – oral são, por exemplo, a hepatite A, o Cólera, o Tifo e algumas formas de diarréia etc.
3. Transmissão via hemácias: neste caso o patogeno passa diretamente do sangue de um individuo já contagiado para aquele de um individuo são, através de agulhas, instrumentos médicos ou cirúrgicos. As doenças assim transmitidas são a AIDS, a hepatite B e a hepatite C.
4. Transmissão sexual: o patogeno neste caso é transmitido através de relações sexuais sem profilaxia. Transmitem-se desta forma além da AIDS, a hepatite B e a hepatite C, outras doenças venéreas - sífilis e gonorréia - algumas doenças causadas por fungos - candida e chlamidya - a algumas doenças virais - Herpes genital.
5. Zoonoses: são as doenças transmitidas ao homem pelos animais. Exemplos são à malaria: mosquito anopheles, à raiva: cão, gatos coelhos etc. infectados, toxoplasmose: mamíferos e pássaros, alem de outras muito mais perigosas como a marburg: infectação por macacos, vírus do Nilo: mosquitos contaminados, bartonella bacilliformis: mosquitos, h5ni- gripe do frango: aves, ebola: gorilas e chimpanzé contaminados etc.
Doenças de causas físicas são as causadas por lesões traumáticas, como feridas e fraturas, queimaduras, descargas elétricas e contaminações por substancias radioativas.
Doenças de causas químicas são as que são provocadas por intoxicações alimentares ou farmacológicas, envenenamentos, ação da poluição ambiental através do alimento ou do ar, ingestão voluntária e repetitiva de substancias nocivas como o álcool, drogas ou tabaco.
Doenças de causas alimentares podem ser devidas à “desnutrição”, ou seja, a uma dieta quantitativamente escassa, ou a “malnutrição”, uma dieta carente qualitativamente por ser pobre de elementos essenciais como vitaminas, proteínas etc. Podem ainda ser devida a uma “alimentação errada”, ou melhor, demasiadamente rica de substancias que favorecem a obesidade ou o aumento do colesterol no sangue.
Doenças degenerativas são todas aquelas devidas a uma alteração do funcionamento de um ou mais órgãos. Estas patologias, como por exemplo o câncer e muitas doenças cardiovasculares, que nos países ricos fazem o maior numero de vitimas, são muito freqüentemente favorecidas por muitas das causas supra relacionadas, com ênfase nas que dizem respeito à alimentação errada e a exposição a vários agentes químicos e físicos.
O câncer é devido a fenômenos de incontrolada proliferação celular, chamado também tumor, e consiste substancialmente em um mau funcionamento dos mecanismos que controlam o crescimento de algumas células corpóreas. É um fenômeno de autodestruição, no qual uma parte do organismo degenera até anular o individuo como um todo. Por este motivo a maior parte das terapias contra o câncer acabam danificando também as células sadias que estão ao seu redor.
O desenvolvimento normal de um ser humano consiste em um crescimento muito rápido durante a vida pré-natal, um crescimento mais lento durante a infância e adolescência e por fim a manutenção de dimensões constantes durante a vida adulta. Em um adulto, contudo, algumas células gastas morrem e são substituídas por um processo de ”manutenção” que beneficia todo o corpo, mas a maior parte dos órgãos mantem sempre as mesmas dimensões. O tumor, ao contrário, é formado por um conjunto de células que se reproduzem descontroladamente, desobedecendo aos mecanismos de controle; na medida em que o tumor cresce, usufrui cada vez mais dos recursos do organismo, prejudicando desta forma os tecidos e os órgãos vitais que lhe são vizinhos.
Fazendo uma comparação similar à da célula, podemos dizer que cada uma das varias partes do corpo humano desenvolve uma tarefa especifica, coordenada entre elas assim como acontece em uma industria, uma vez que os operários são agrupados em “células produtivas” e quando alguém se afasta pela razão que for, é substituído por outro.
O que aconteceria, porém, em um a fabrica - uma industria de sapatos, por exemplo - se por um mecanismo anômalo os operários que fabricam os saltos aumentassem descontroladamente sua produtividade sem necessidade nenhuma? Gastariam os recursos que deveriam ser destinados as outras áreas e invadiriam o seu respectivo espaço, levando rapidamente a fabrica à falência.
O processo de desenvolvimento de um tumor acontece em varias fases e a primeira é quando uma célula normal se transforma em célula tumural. Sucessivamente esta célula transformada começa a se reproduzir e assim fazendo gera uma serie de novas células degeneradas. Estas células são o tumor.
A este ponto, o tumor entra em uma fase estacionária porque se estabelece um equilíbrio entre o numero de células tumurais que continuam se formando e as que são eliminadas pelos anticorpos, as células que assumem a defesa do organismo. Estas células, por si mesmas, ao reconhecer as degeneradas, as agridem e eliminam.
Este equilíbrio se mantem por um determinado período, pode durar anos - neste caso fala-se em tumor benigno - ou seja, até que as defesas do organismo conseguem manter sob controle as células tumurais. Contudo, se a defesa é fraca, ou a degeneração é muito forte, as células tumurais que continuam se formando passam a superar numericamente as que são eliminadas e assim o tumor deixa a fase “benigna” e passa a ser designado “maligno”.
Nesta ultima fase a degeneração passa a se expandir graças ao fluxo sangüíneo e alcança outras regiões do corpo - mesmo distantes - criando novos focos tumurais chamados “metástase”.
· A diabete è classificada como uma doença metabólica porque, na pratica, obstácula ou torna impossível o metabolismo da glicose, ou seja, do simples açúcar. No linguajar medico se distinguem duas formas principais de diabete mellito, chamadas respectivamente diabete insulino-dependente (tipo1) e a diabete não-insulino dependente (tipo2). Em verdade a classificação é bem mais complexa porque no mesmo cenário participam outras formas de diabete, por exemplo, a gestacional que atinge as grávidas.
Atualmente a definição geral descreve a diabete como uma doença caracterizada pelo fato que os níveis de glicose no sangue são mais elevados do que deveriam ser (hiperglicemia), por causa de uma insuficiente produção de insulina ou de uma insuficiente ação desta mesma insulina nos tecidos.
Complexivamente a doença atinge entre 5-10% da população mundial, entretanto, na enorme maioria dos casos - entre 90-95% - é representada pela diabete tipo 2. Significa que se entre 100 indivíduos de 5 a 10 sofrem de diabete, a cada grupo de 1000, somente 1 é portador do tipo 1. Além disso, para este tipo de doença, notam-se sensíveis variações entre uma área geográfica e outra. Segundo os dados da “Multinacional Projet for Childhood Diabetes”, da Organização Mundial da Saúde (OMS), na maioria das populações asiáticas, africanas e nativas americanas, portanto, as que não são descendentes de europeus, a diabete tipo 1 é muito rara, enquanto na Europa é muito mais difusa, e em outros paises como a Finlândia e a Suécia a incidência é muito elevada.
Para retirar a energia dos alimentos, como alias já vimos, o organismo se serve de reações bioquímicas através das quais os alimentos são transformados em substancias padrão. Os carboidratos, por exemplo - pão, massa, arroz, batatas e outras verduras - são transformados em açúcar - glicose. O metabolismo da glicose é assim uma das principais fontes de energia do organismo, mas exige do pâncreas dois hormônios: a insulina e o glaucagone.
A insulina intervem de três formas na utilização da glicose:
1. Permite o transporte da glicose no interior das células.
2. Permite a polimerização da glicose em glicogênio, que é a forma em que o açúcar é armazenado nos tecidos musculares constituindo assim a reserva de energia que permite o trabalho.
3. Permite a conversão da glicose em ácidos gordurosos que por sua vez se transformam nos gliceriodos do tecido adiposo, que mesmo nesse caso constituem uma reserva de energia que o organismo utiliza quando não é alimentado.
O glaucagone tem a tarefa de transformar a glicose do fígado em açúcar simples.
As variações da quantidade de glicose presentes no sangue – glicemia - produzem a secreção de um dos dois hormônios:
1. Se o índice de glicemia diminui, é estimulada a secreção do glaucagone.
2. Se o índice de glicemia aumenta, é estimulada a secreção da insulina.
Estes mecanismos automáticos têm o escopo de manter estável a quantidade de glicose no sangue e conseqüentemente a disponibilidade de energia.
Se faltar a insulina, ou se a insulina não puder ser utilizada, a glicose não é metabolizada e, ao permanecer circulando no sangue, é eliminada pela urina. A primeira conseqüência disso é que o organismo, mesmo se corretamente alimentado, não consegue se energizar nos níveis necessários. Nas duas formas de diabete é isso que acontece, mesmo se os mecanismos e as origens do tipo 1 e do tipo 2 são diferentes.
A diabete tipo 1 é caracterizada pela forte diminuição ou pela cessação completa da produção de insulina, devido á morte das células beta do pâncreas. Ao enfermo da diabete tipo 1, assim sendo, a insulina - hormônio - deve ser administrado artificialmente. Por esta razão é chamado insulina-dependente.
A destruição das células beta é devida a um erro do sistema imunológico, ou seja, deixando de vê-las como amigas, as agride e destrói como se fossem inimigas - vimos isso no caso do câncer quando o sistema imunológico, não errando, agride e destrói as células tumurais.
Como as células betas perfazem estruturas chamadas ilhas de Langherans, esta auto-agressão - fogo amigo - é chamada “insulite linfocita” e os anticorpos envolvidos são chamados “antiilhas”.
A diabete tipo 1, pelas razões que vimos, é uma doença auto-imune como a tiróide e a artrite reumatóide, e agride preferencialmente os indivíduos jovens. Quando se manifesta - porque não é detectada precocemente - já o faz de forma violenta, especialmente nas crianças e nos jovens, e as ilhas de Langherans podem ser destruídas mais ou menos rapidamente.
O sintoma mais comum (se faltar à insulina, ou se a insulina não puder ser utilizada, a glicose não é metabolizada e, ao permanecer circulando no sangue, é eliminada pela urina) é aquele que o organismo, mesmo se corretamente alimentado, não consegue se energizar nos níveis necessários. exemplo:
Cansaço e fraqueza constante.
Fome continua.
Perda de peso mesmo alimentando-se normalmente ou até em excesso.
Aumento da quantidade de urina.
Nos casos mais graves estes sintomas são acrescidos por:
Dores musculares.
Câimbras e náuseas.
A diabete tipo 2 - não-insulina-dependente - tem como origem um fenômeno chamado “resistência insulínica”, ou seja, a incapacidade das células de utilizar este hormônio. Em verdade, nos indivíduos que sofrem este mal, constata-se uma diminuição no numero de receptores de insulina. A incapacidade dos tecidos de utilizar como deveriam a insulina provoca um aumento de glicemia que não é compensado pela produção de insulina, mesmo se esta aumenta. Deste modo, os pacientes da diabete tipo 2 coexistem com altos níveis de glicose e de insulina.
Se este status permanece por algum tempo o paciente passa para a fase da intolerância á glicose - um momento intermediário entre o metabolismo normal da glicose e a diabete. Portanto, seja a resistência insulínica como a intolerância à glicose, são considerados fatores de risco para a diabete tipo 2. De fato, a necessidade de produzir uma maior quantidade de insulina para contrabalançar a sua escassa atividade - devida è resistência - pode comprometer o pâncreas a ponto de levá-lo a diminuir a sua capacidade de produzir o hormônio.
Para configurar a doença, contudo, é necessário que a capacidade do pâncreas para produzir insulina seja desestabilizada.

Na diabete tipo 2, então, coexistem dois fatores:
1. Uma reduzida capacidade do organismo de utilizar este hormônio.
2. Uma disfunção do pâncreas, melhor dizendo, sua incapacidade de compensar a resistência insulínica com uma maior produção deste hormônio.
A diabete tipo 2 comumente não é notada porque a hiperglicemia e seus sintomas correspondentes progridem lentamente. Às vezes esta doença se manifesta tão somente em situações nas quais o organismo é agredido, por exemplo, por uma enfermidade infectiva pela utilização de determinados remédios ou pela gravidez.
As causas da diabete tipo 2, que pode ter um componente genético como tem a tipo 1, tem outras fontes: fatores ambientais e individuais.
Obesidade: praticamente 80% dos indivíduos afetados pela diabete não insulina-dependente tem um grave excesso de peso, e, se ao contrario, os obesos são analisados, percebe-se que aproximadamente 50% deles sofrem de diabete mais ou menos gravemente. Em verdade, como já vimos no capitulo anterior, a obesidade em si mesma provoca a resistência insulínica.
Acumulo de gorduras viscerais. Mesmo nas pessoas com peso normal, o eventual acumulo de massa gordurosa no abdômen - a barriga - tem um efeito análogo à obesidade tradicional.
Idade e falta de atividade física aumentam, em muito, o risco.
A diabete gestacional também se manifesta através dos mesmos fenômenos de resistência insulínica ou intolerância a glicose, só que é diagnosticada por ocasião da gravidez, independentemente do fato desta doença permanecer ou não depois do parto.
Este diabete se desenvolve porque a placenta produz alguns hormônios que por razões ainda desconhecidas dificultam a ação da insulina produzida pelo pâncreas e, na medida em que o feto cresce, aumenta a quantidade destes hormônios dificultando a ação da insulina.
Depois do parto, com a ausência dos hormônios da placenta, o conflito pode desaparecer, no entanto, em alguns casos, a gravidez pode se transformar na causa que desencadeia a verdadeira diabete. Por isso, depois de 6-7 semanas além parto, a mulher que apresentou hiperglicemia no decorrer da gravidez deve ser reexaminada para verificar se retornou ao estado chamado normoglicemico, ou se continua apresentando intolerância à glicose ou resistência insulínica. Às vezes, quando estes desequilíbrios não são percebidos, a doença continua em estado latente, mas só explode alguns anos depois da gravidez. Deve-se manter em mente, entretanto, que um pequeno nível de prejuízo do metabolismo da glicose acontece durante a gravidez, acentuando-se durante o terceiro trimestre, e é por isso que existe a diabete gestacional.
Quando o metabolismo do açúcar é normal, ou seja, no individuo sadio, o índice de glicemia é relativamente estável ao longo de toda a jornada. Em Jejum, no sangue, existe uma quantidade de glicose entre 60 a 90 miligramas por decilitro (g/1). O nível sobe durante as refeições e, uma hora depois, não deve superar 160 mg/dl para retornar ao índice médio depois de duas horas.
Quem são os indivíduos de maior risco:
Os que praticam o sedentarismo.
Os obesos - índices de massa corpórea igual ou superior a 27 ou com peso igual ou superior a 120% do peso ideal.
Os que têm um consangüíneo de primeiro grau com diabete.
Mulheres que tiveram diagnóstico de diabete gestacional ou que deram à luz filhos com mais de 4 Kg. De peso.
Os que sofrem de hipertensão - pressão arterial acima de 14X9.
Os que possuem níveis de colesterol HDL igual ou inferior a 35mg/dl e/o triglicideros iguais ou superiores a 150 mg/dl.
Pessoas que em checagens anteriores demonstraram intolerância gleucemica e hiperglicemia em jejum.
As possíveis conseqüências da diabete:
Coma diabético.
Complicações vasculares.
Neuropatia diabética.
Retinopatia diabética.
A atividade física, sobretudo na diabete tipo 2, é um excelente coadjuvante da dieta alimentar e da eventual terapia farmacológica, porque o exercício aumenta o consumo da glicose contribuindo assim para diminuir a glicemia. Além disso, o exercício regular - 5 vezes semanalmente - contribui acentuadamente para manter sob controle a pressão arterial, aumentar o bom colesterol (HDL) e diminuir o mau colesterol (LDL). As proibições esportivas são poucas e se limitam a: alpinismo solitário, asa-delta, windsurfe e mergulho.
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Os pacientes com diabete tipo 1 podem desenvolver qualquer atividade física, basta que seu medico calcule o dispêndio extra de energia - portanto de açúcar - adaptando a dieta bem como a administração de insulina com a finalidade de evitar crises de hiperglicemia.
Para os pacientes com diabete tipo 2 a atividade física é fundamental para conseguir o controle do peso e diminuir os fatores de risco. Só nos casos de tratamento com hipoglicemiantes orais ou insulina é que se devem seguir as mesmas recomendações para evitar crises de hiperglicemia.

{... Descobri que tinha diabetes do tipo 1 aos 16 anos. Antes do diagnostico, eu comecei a perder muito peso; cheguei a emagrecer dez quilos em apenas um mês. Apesar de conhecer os sintomas da diabete, não achei que esse era o meu problema porque ninguém da minha família tem essa doença}.
A minha resistência estava cada vez mais baixa e eu comecei a piorar: sentia muita sede, cansaço e fraqueza. Chegou uma hora que não teve mais jeito e resolvi procurar um medico. No primeiro exame houve uma desconfiança e, por fim, ficou confirmada a diabete. Logo no começo fiquei espantado porque teria de andar com um kit com insulina para cima e para baixo.
O tratamento começou pesado. Fiquei dez dias na UTI - Unidade de Terapia Intensiva - para recuperar meu peso. Minha dieta ficou super rigorosa, tive de começar a comer de três em três horas para evitar hiperglicemia e eu aplicava insulina uma vez por dia.
Mas, ao longo do tempo, a dose de insulina tornou-se insuficiente e não conseguia mais controlar a doença. Por isso, o meu medico me pediu para usar o CGMS para que fosse possível ter um diagnostico correto.
Foi um pouco incomodo ficar com o monitor preso na barriga, mas não senti dor nenhuma. O aparelho ajudou muito no meu tratamento, porque descobrimos que o meu problema se agravava durante a madrugada. Mudei os horários e a quantidade de insulina – hoje são cinco vezes por dia... }
Fonte: jornal Folha de São Paulo do dia 24 de abril 2005.

Até alguns anos atrás era chamada síndrome X a misteriosa associação entre os sintomas que caracterizam a hipertensão, obesidade, deslipidemia e a diabete. Hoje, é mundialmente reconhecida como síndrome metabólica ou plurimetabolica. Alguma coisa maior do que uma simples enfermidade, porque contem em si mesma uma insidiosa combinação de patologias que juntas comporta um elevado risco de eventos cardiovasculares.
Descrita em 1965 pelo professor Gaetano Crepaldi, da Universidade de Pádua à comunidade medica-cientifica internacional, só nos últimos anos esta síndrome começou a receber a atenção que merece. Recentemente, o Instituto Auxologico da Itália dedicou à própria convenção anual aos aspectos clínicos e gestionais ligados à síndrome metabólica.

Como se caracteriza - A síndrome metabólica é diagnosticada quando uma pessoa apresenta três ou mais dos seguintes sintomas:
· Obesidade central, caracterizada por uma circunferência da cintura igual ou superior a 102 centímetros para os homens e 88 centímetros para as mulheres.
· Alto nível de triglicideros no sangue, ou seja, mais de 150mg/dl.
· Baixo nível de bom colesterol (HDL) 40 mg/dl para os homens e 50 mg/dl para as mulheres.
· Hipertensão arterial.
· Alto nível de glicemia em jejum, ou seja, acima de 90 mg/dl.
Esta definição coloca o ponto final na interpretação do rol fundamental das alterações do metabolismo dos açucares e das gorduras no desenvolvimento da síndrome metabólica, e indiretamente devolve aos fatores ambientais, como o sedentarismo e a alimentação incorreta, que se somam aos genéticos, a base da síndrome. Desta forma, a obesidade passa a ser o principal fator de risco desta patologia.
Algumas informações a respeito da obesidade: - Na Itália, de acordo com o ultimo congresso realizado pelo Instituto Auxologico italiano, são 4 milhões os obesos. Destes, 18% assumem dietas, enquanto 1.8% busca se curar através de drogas medicinais. É uma pena, porque segundo o mesmo congresso, até uma modesta diminuição de peso provocaria um melhora significativa em termos de redução de mortalidade por problemas cardiovascular e diabete, alem de todas as demais desordens associadas à síndrome.
Até a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um alarme: a “globesity” é um fenômeno social e cultural que diz respeito a ambos os sexos, a todas as faixas etárias e classes sociais, uma vez que não se restringe mais aos países industrializados, mas prolifera também nos que estão em desenvolvimento...
- Na Inglaterra, o numero de lanchonetes fast food dobrou nos últimos dez anos. Na França, espalha-se o costume tipicamente americano de as pessoas fazerem qualquer coisa – trabalharem, estudarem, assistirem a jogos esportivos – comendo biscoitos, bolos, chocolate, batata chips ou outras bobagens. Na Itália, em dez anos, 10% da população deixou de consumir frutas regularmente. Mudanças radicais como essas no estilo de vida e nos hábitos alimentares fizeram com que os europeus engordassem – e muito – nos últimos vinte anos. Nesse período, a população de obesos na Europa dobrou, atingindo 17% das mulheres e 15% dos homens.
Em alguns países, o nível de obesidade se aproxima dos números dos Estados Unidos. Com um em cada três americanos na categoria dos obesos, o país é o campeão global de gordura. A Organização Mundial de Saúde já considera oficialmente que a Europa enfrenta uma epidemia de obesidade. Uma das razões é evidente: os europeus estão comendo cada vez mais do jeito que os americanos comem.
Os ingleses foram os que mais engordaram. São também os que vivem de modo mais extremo o estilo de vida sedentário próprio dos moradores das grandes cidades. Os obesos já representam 23% da população inglesa, três vezes mais do que há vinte anos. Os especialistas culpam a combinação de alimentos industrializados e o crescente sedentarismo e lhe atribuem a responsabilidade do fenômeno.
A comida industrializada, além de mais fácil de ser consumida, é mais rica em carboidratos e gorduras. É também mais barata – uma pesquisa na Inglaterra revelou que os moradores mais pobres dos grandes centros urbanos apresentam um nível maior de obesidade. Para se ter uma idéia, em Londres 1 litro de refrigerante chega a custar 30% menos que a mesma quantidade de água mineral. Comparação semelhante vale para o preço da comida rápida vendida nas lanchonetes em relação a um prato completo que inclua salada e legumes.
Calcula-se que 8% dos gastos de saúde dos países da União Européia sejam relacionados à obesidade, que pode causar diabetes, hipertensão e doenças cardíacas. A cada ano, 78.000 novos casos de câncer são atribuídos a excesso de peso, e a preocupação é maior com relação às crianças. A comissão de saúde da União Européia teme que as crianças obesas – 10% do total –venham a viver menos que os pais, ou pior, que morram ainda jovens.
Na Inglaterra, um em cada cinco adolescentes com 15 anos precisa urgentemente de uma dieta para emagrecer, Á procura de solução para esse problema, o governo inglês estudou a possibilidade de criar um imposto sobre alimentos considerados demasiadamente calóricos. A idéia foi criticada porque iria afetar exatamente a população mais pobre. Agora está em estudo uma lei que obrigue a industria a por um aviso de advertência nas embalagens e nas propagandas sobre o potencial calórico dos alimentos.
A TV inglesa é, na Europa, de longe a que mais transmite propaganda de alimentos voltados para as crianças. Segundo organizações medicas da Inglaterra, esse é um dos grandes incentivos para elas comerem porcarias. Na Suécia, onde 18% das crianças estão acima do peso ideal, o governo simplesmente proibiu as propagandas voltadas para os menores de 12 anos.
Os países do Mediterrâneo, conhecidos pela alimentação saudável à base de peixe, frutas, vegetais, azeite de oliva e vinho tinto, também não escapam da onda de aumento de peso. O governo Italiano e o Grego lançaram neste ano campanhas publicitárias contra o habito do fast food. É que, cada vez mais, espanhóis, italianos e gregos estão abandonando a elogiada dieta mediterrânea. Na Espanha, as novas exigências no trabalho têm feito com que as pessoas deixem de lado o tradicional horário de almoço de quatro horas, que nos bons tempos incluía a siesta. O resultado é que, principalmente entre a população urbana, não há mais tempo para almoçar em casa, e acaba-se optando por uma comida rápida perto do local de trabalho. Na Itália, a proporção de pessoas que consomem verduras todos os dias caiu de 48% para 38% nos últimos 10 anos. Resultado, cerca de 40% dos italianos estão com o peso acima do ideal...
Fonte: revista Veja de 12 de novembro 2003

- No Brasil, como conseqüência de novos e piores hábitos alimentares, as pessoas engordaram ao longo das últimas três décadas, indicou a segunda parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2002-2003, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístico (IBGE) em conjunto com o Ministério da Saúde. Segundo o levantamento, o país tem cerca de 38,6 milhões de pessoas com peso acima do recomendado, o equivalente a 40,6% de sua população adulta. Deste total, 10.5 milhões são obesos.
Uma pesquisa realizada entre 1974 e 1975 revelara que o percentual de adultos acima do peso era menor de 18,6% entre os homens e de 28,6% entre as mulheres. Vivendo num país mais urbanizado, o brasileiro trouxe para a mesa de casa mais itens industrializados e processados, ingeriu mais gorduras e um nível mais elevado de açúcar. Além disso, o consumo de frutas, legumes e hortaliças permaneceu muito baixo, inferior mesmo às recomendações da Organização Mundial de Saúde.
Nas famílias brasileiras de todas as classes e de todas as regiões persiste o alto consumo de açúcar - principalmente de refrigerantes, e o baixo consumo de frutas e hortaliças. “É muita gordura” – alertou a coordenadora de índices de preços do IBGE Márcia Quintslr.
O relatório apontou que o problema do excesso de peso não é mais exclusividade das pessoas com renda mais alta e que há mais gordos que magros na população de baixa renda. Entre os 20% mais pobres do país, 27% dos homens estão com peso acima do adequado e 9,5% com falta de peso. Já entre as mulheres de baixa renda, 38,2% estão com excesso de peso e 6,6% com peso inferior ao recomendado.
O critério utilizado para definir o nível adequado de peso no estudo se baseou na relação entre peso e altura, traduzido pelo índice de Massa Corpórea (IMC), seguindo as recomendações da OMS...
Fonte: IBGE
O que determina a obesidade: A obesidade é resultante de um conjunto de fatores orgânicos, ambientais e genéticos. Entre os primeiros, chamados também fatores “exógenos”, a alimentação, o consumo de álcool, e o sedentarismo têm seguramente uma responsabilidade fundamental no aumento de peso, mas por si só não são suficientes para justificar um fenômeno que se caracteriza mundialmente. Não se pode desconsiderar a importância da pré-disposição individual para engordar mesmo não comendo demasiadamente, freqüentemente determinada por causas orgânicas, assim como aquela de origem genética.
Desta forma, como até agora os fatores genéticos não são manipuláveis, deve-se intervir para procurar modificar os ambientais.
- O que se sabe a respeito dos fatores exógenos: O escasso conhecimento dos mecanismos fisiológicos que determinam a condição de obesidade, e a obstinação em não quererem modificar o estilo de vida, terminam colocando no banco dos réus só a alimentação, enquanto à falta de exercício físico permanece impune. Contudo, o movimento é um fator essencial: o músculo é o tecido mais abundante no corpo e é onde há o maior consumo de glicose.
- Como se caracteriza: Para controlar o peso e para o bem-estar físico, muitos expert recomendam desenvolver uma atividade física de pelo menos 30 minutos por dia, quase todos os dias. Mesmo simplesmente sendo menos sedentários pode ajudar. Infelizmente, a tendência da tecnologia nos últimos anos tem sido a de reduzir cada vez mais as oportunidades de fazer movimentos, transformando o sedentarismo em um estilo de vida. Subir ou descer as escadas a pé, não utilizar o controle remoto para a TV ou o portão, percorrer a pé as pequenas distancias cotidianas, são pequenos gestos que podem contribuir para estimular o re-inicio de uma atividade física espontânea, obtendo assim um primeiro melhoramento do estado psicofísico.
Para quem tem problema de peso é muito mais fácil, no inicio, se empenhar constantemente em atividades cotidianas de baixo consumo energético, ao invés de praticar esporadicamente um esporte aeróbico. Este, no tempo, poderá ser assumido mais facilmente. Todavia, iniciar e largar constantemente uma atividade física, freqüentemente é causa de uma continua alternância de períodos de emagrecimentos e retomada de peso, um vai e vem que se repercute na saúde e na qualidade de vida.
- Os fatores endógenos: Cada vez que nos alimentamos são os chamados orgânulos “mitocôndrios” a se ocupar da queima das substancias nutritivas ingeridas para produzir o calor necessário às funções vitais. Eles se comportam como uma central energética destinada a transformar combustível em energia térmica. Isso acontece em todas as células, mas são as células adiposas “morenas” as mais ativas nesta função. Sabe-se que nos obesos estas células são preguiçosas por causa da escassa atividade dos mitocôndrios: todo o “combustível” ingerido se transforma assim em um excessivo deposito de gordura no interior destas células com um conseqüente aumento do peso corpóreo.
Um dos últimos estudos desenvolvidos no Centro de Estudo e Pesquisa da Obesidade da Universidade de Milão, individualizou pela primeira vez o mecanismo co-responsável pela obesidade e pela síndrome metabólica. Os pesquisadores descobriram que um defeito na produção de “oxido nítrico” - um mensageiro celular que normalmente providencia o fornecimento de oxigênio a todas as células do organismo - provoca uma diminuição no numero de mitocôndrios com a conseqüente diminuição da energia produzida. Isso quer dizer que a paridade de alimento ingerido, o aumento de peso é devido a uma escassa dispersão energética. No laboratório constatou-se que as “cavias” que não produzem oxido nítrico não só engordam mais do que as outras, mas são hipertensas, diabéticas e com uma excessiva presença de gordura no sangue, todos fatores que perfazem a definição da síndrome metabólica.
- O que fazer para remediar: As varias patologias que compõem o quadro da síndrome metabólica, e as conseqüências que esta síndrome comporta, representam uma notável despesa para o sistema sanitário italiano e de muitos países do mundo. E à despesa publica devem ser sempre acrescidos os custos sociais destas doenças.
As drogas hoje utilizadas para reduzir os distúrbios correlatos as excessivas gorduras corpóreas, agem só sobre os sintomas da doença, não sobre as causas. A descoberta que o oxido nítrico tem uma função fundamental na produção dos mitocôndrios pode abrir a estrada para uma nova cura farmacológica para a obesidade. Mas os tempos são longos, mesmo porque o problema da obesidade avança com uma velocidade que não permite nenhuma hesitação no que diz respeito à busca de uma solução.
As raízes da obesidade estão no modo de pensar do individuo, e é este pensar que tem que ser modificado agindo sobre o estilo de vida da inteira população.
O governo italiano decidiu por um freio nesta epidemia: no inicio deste ano o ministro da saúde constituiu uma comissão de expert antiobesidade com o escopo de fornecer indicações em relação à dieta que tem que ser seguida diariamente para remediar os danos provocados pelos maus hábitos alimentares e estilos de vida errados. O objetivo da comissão é também aquele de “abrir a visão” dos médicos e dos pacientes em relação aos problemas correlatos ao aumento de peso: Isso poderia acontecer promovendo, por exemplo, a comunicação entre os centros antidiabete e estruturas multifuncionais de forma que a obesidade e a síndrome metabólica venham a ser consideradas as diversas faces de um mesmo problema que deve ser curado no seu todo e não em partes. A isso deverão se seguir campanhas informativas antiobesidade, antidiabete e antifumo, a fim de permitir uma ação decisiva em relação aos hábitos de vida dos cidadãos, especialmente dos mais jovens, para que entendam que uma alimentação correta e um pouco de exercício diário representam um bom investimento para garantir boa saúde no futuro.
Fonte: Dr. Michele Carruba, diretor do Centro de Estudos e Pesquisa da Obesidade de Milão.

Entre os fatores exógenos da obesidade existe outro que o Dr. Carruba não citou, mas que foi identificado pelos médicos da Universidade de Alberta, no Canadá: o ganho de peso pelo consumo de antidepressivos.
Médicos da Universidade de Alberta, no Canadá, acabam de identificar um novo fator de risco para o diabete tipo 2. Em artigo publicado na revista cientifica “Diabetes Care”, eles mostraram que a depressão pode elevar em até 25% a probabilidade de alguém vir a sofrer do mal do excesso de glicose no sangue. Obtidos a partir da análise do histórico clínico de cerca de 30.000 homens e mulheres entre os 20 e 50 anos, os resultados do trabalho canadense são alarmantes. Afinal de contas, a depressão e o diabetes tipo 2 estão entre as mais comuns e mais graves doenças crônicas da modernidade, e quando uma serve de gatilho para a outra, o perigo aumenta. Nos últimos vinte anos, o numero de diabéticos tipo 2 sextuplicou. Pulou de 30 milhões para 170 milhões em todo o mundo. E, segundo a Organização Mundial de Saúde, 17% da população mundial sofrerá de depressão, pelo menos uma vez ao longo da vida. “O estudo de Alberta deve servir de alerta para que se adotem medidas preventivas contra o diabetes no tratamento de pacientes deprimidos”, diz o endocrinologista Ricardo Botticini Peres, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Os especialistas canadenses não conseguiram estabelecer uma conexão direta de causa e efeito entre os dois males. Mas levantaram três hipóteses para explicar por que a depressão pode deflagrar o diabete tipo 2. Os fatores podem se manifestar tanto isolada quanto concomitantemente. Pessoas deprimidas tendem a prostração e, conseqüentemente, abandonam os cuidados com a própria saúde. Ou seja, ficam mais sedentárias e passam a se alimentar de maneira inadequada abusando sobretudo de doces. Como resultado, engordam. Há que levar em conta ainda que o ganho de peso é um dos efeitos colaterais mais comuns da imensa maioria dos antidepressivos. Seis, em cada dez pacientes deprimidos, depois de um ano de tratamento medicamentoso, estão 20% mais pesados.
Fonte: revista Veja de 15 de junho 2005
As crianças italianas - em base aos dados anuais relativos à busca da obesidade coletados pelo Instituto Auxologico italiano - de 30% a 35% tem sobrepeso e entre 10% e 12% são obesos, sendo que entre estes aproximadamente 28%, segundo o mesmo Instituto, já são portadoras da síndrome metabólica, como vimos, a associação de outros três fatores à obesidade: hipertensão, triglicideros elevados, baixo teor de colesterol bom (HDL) e um alto índice de glicose.
A síndrome metabólica é responsável por grande parte das enfermidades cardiovasculares e da mortalidade a ela associada, mas mesmo assim os pais não estão levando isso a serio porque a obesidade pediátrica não só mantém um crescimento contínuo, como superou índices perigosíssimos.
Os números mais recentes do (IOTF) Internacional Obesity Task Force, colocam em evidencia um constante e progressivo aumento da obesidade infantil em todos os países da Europa. Não só isso. Se algum tempo atrás se julgava que a obesidade infantil constituía um problema porque entre o 25%-50% das crianças obesas mantinha o excesso de gordura mesmo na idade adulta, hoje é demonstrado que 1 criança sobre 3 já está desenvolvendo outras graves patologias, como a hipertensão, o aumento dos triglicideros (hipertriglicedemia), baixos valores do bom colesterol, a insulina-resistencia, a intolerância gleucemica e até á diabete, condições que colocam a criança sob forte risco de ter que enfrentar doenças cardiovasculares e metabólicas extremamente serias.
O alarme foi dado pelo Instituto Auxologico depois de examinar no arco de sete anos, de 1994 a 2001, 1500 crianças e adolescentes obesos que ali foram internados. Estes resultados foram objetos de diversas publicações cientificas, por exemplo ”Diabetes Care, Vol.26 Nro. 1 de janeiro 2003”, colocando em foco uma situação muito preocupante.
Fonte: Instituto Auxologico italiano

No Brasil, 15% das crianças são obesas, segundo um estudo publicado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Sbem. O tema está sendo tratado neste fim de semana no 12 Congresso Europeu de Obesidade, que se realiza um Helsinque, na Finlândia.
Em uma entrevista no programa De Olho no Mundo, a co-produção da BBC Brasil e da Rádio Eldorado AM de São Paulo, a pediatra Neide Glória Garrido, da Organização Pan-Americana de Saúde, disse que a causa principal do aumento da obesidade infantil é a mudança de hábitos alimentares e sócio-culturais. “As crianças estão comendo hoje em quantidades maiores e se movimentando menos. Ficam na frente do computador, da TV etc., e não fazem exercícios”, explicou.
Já o endocrinologista pediátrico Luiz Cláudio Castro, da Sbem, que também participou do programa, disse que a falta de dinheiro tem influenciado no aumento da obesidade nas camadas mais pobres. “Populações de baixa renda tendem a comprar alimentos mais baratos como, por exemplo, massas e farináceos que podem ser adquiridos em maior quantidade. E, com isso, leite, carne e ovos ficam de fora”, disse. De acordo com este especialista, o fator genético, anteriormente mais associado à obesidade infantil, deixou de ser a principal causa do problema.
Já Neide Garrido ressaltou que a mudança de hábitos e a falta de controle dos pais têm causado o avanço da obesidade infantil em todas as camadas da população. “Os pais tem um papel vital no combate a obesidade. São os adultos que ensinam as crianças a gostar de doces, refrigerantes e massas. É preciso mudar esta mentalidade e trocar tudo isso por frutas e outros alimentos mais saudáveis”, recomendou a medica.
Fonte: BBC–Brasil.com

A obesidade, ou até o sobrepeso, não é só uma doença a qual freqüentemente são associadas outras patologias de natureza metabólica, respiratória ou cardiovascular, mas representa também uma condição de risco para o desenvolvimento de neoplasias.
A relação entre obesidade e tumores é conhecida há muito tempo pelos especialistas em nutrição, mas um estudo recentemente publicado no “Lancet Oncology” conduzido pela “International Agency for Research on Câncer”, trouxe maiores esclarecimentos. Os pesquisadores delinearam a relação entre o excesso de peso e as neoplasias, em particular aquelas que se manifestam no seio, útero, esôfago e cólon, especificando que esta ligação só na Itália é responsável por 35000 novos casos de tumores anualmente. Muitas neoplasias, segundo os estudiosos, poderiam ser evitadas simplesmente mantendo o peso corpóreo no seu justo limite.
Este alarme golpeia drasticamente países como os Estados Unidos, mas também a velha Europa acusa o mesmo problema, uma vez que metade dos homens e um terço da população feminina tem sobrepeso. A chave continua sempre a mesma: uma alimentação mais sadia aliada a uma regular atividade física, evitam o problema de sobrepeso, reduzindo, conseqüentemente, segundo os pesquisadores, em 40% a incidência de tumores no útero, 25% os tumores renais e 10% aqueles do esôfago e do seio.
Fonte: Ministério da Saúde italiano, setembro 2002

Uma das conseqüências da obesidade foi o desenvolvimento de uma cirurgia com o escopo de reduzir o estomago. Esta intervenção invasiva, inicialmente praticada só nos adultos, com a explosão da obesidade infantil está se tornando comum entre os adolescentes. Contudo, em nenhum caso é uma solução, mas tão somente um paliativo, uma vez que não elimina os riscos que são inerentes ao excesso de gordura no organismo, e como veremos, outros mais.
Como em todos os demais casos expostos, a obesidade também é o preço que se paga pela falta de uma disciplina física e alimentar adequada, uma vez que, como qualquer outro vicio, mais é praticado, mais o organismo dele se torna dependente. Mesmo assim, como qualquer outra enfermidade, não explode irremediavelmente de um dia para o outro. Desenvolve-se pouco a pouco, e, algum tempo depois do seu inicio, seus sinais são cada vez mais gritantes. Porque, então, esperar a obesidade mórbida para recorrer a uma destas tres providencias?
Existem três técnicas para forçar o obeso a comer menos, mas cada uma delas carrega seus efeitos colaterais.
1. Banda Gástrica: Um anel de silicone é colocado em volta do estomago dividindo-o em dois, ganhando assim o formato de ampulheta, com um compartimento superior do tamanho de uma xícara de café e outro maior na parte inferior. Minimamente invasivo, não altera o processo digestivo e tem baixo índice de complicações pós-operatórias. Contudo, o paciente (viciado) pode enganar a “banda” ingerindo líquidos hipercalóricos que não são barrados pelo anel. Mesmo seguindo a dieta a risca, a perda estimada após 14 meses é de 60% a 70% não do peso, mas do excesso de peso.
2. Bypass gástrico ou técnica de Fobi-Capela: A parte superior do estomago é separada do resto e grampeada horizontalmente, reduzindo o tamanho em 80%, e forçando o paciente a comer pouco e devagar para não vomitar. A digestão também é alterada: o estomago é ligado diretamente ao íleo - oclusão do intestino que produz dores ou cólicas. Após 18 meses, os pacientes perdem 80% do excesso de peso e “na maioria das vezes não voltam a engordar”. Entretanto, como o alimento não é bem absorvido, o paciente pode ficar com carência de vitaminas. Os grampos podem abrir-se, espalhar liquido intestinal pelo organismo e causar septicemia - infecção sanguínea - por exemplo.
3. Switch Duodenal ou técnica de Scopinaro: O estomago é grampeado, reduzindo seu tamanho em 60% a 70%. O duodeno e o jejuno são isolados e o alimento só entra em contato com o suco gástrico no fim do íleo, já bem perto do intestino grosso. Diz-se que este procedimento permite que o paciente coma mais do que nas outras técnicas e, ainda assim emagreça. Contudo, o paciente pode desenvolver anemia e osteoporose por causa da má absorção.
Mas, vamos ouvir o que dizem os médicos a este respeito: Dois cirurgiões gástricos paulistas dizem ter feito 120 cirurgias bariátricas em crianças e jovens de 11 a 17 anos, a maioria nos últimos dois anos. Na há estatísticas oficiais sobre esta cirurgia na infância nem estudos sobre a segurança da técnica neste publico. Para alguns pediatras e endocrinologistas, a cirurgia é temerária antes do fim da fase de crescimento – em geral, a partir dos 14 anos nas meninas e 15 anos nos meninos – porque pode afetar a formação óssea.
Um dos perigos apontados pelos especialistas é o de a cirurgia afetar o processo de crescimento da criança, em razão da deficiência de vitaminas e minerais que pode ser gerada. Também pode haver danos psicológicos. Não se imaginava que isso tivesse que acontecer com crianças, por isso este aspecto não é estudado como deveria ser. Mesmo assim, dos 16 anos em diante ainda é uma fase nebulosa.
Fonte: Jornal Folha do dia 1 de maio 2005

Nos cenários deste capítulo, elaborado com o intuito de auxiliar na salvaguarda da saúde física e mental, para fugir dos efeitos colaterais da visão mecanicista praticada pela medicina, incluiremos a doença da insônia, visto que é esta também é um corredor que desemboca nas demais que foram abordadas.
“Acho que escutei uma voz gritar: nunca mais dormiras! Mac-Beth assassinou o sono!... O sono dos inocentes, sono que deslinda a meada enredada das preocupações, a morte da vida de cada dia, banho reparador do trabalho doloroso, balsamo das almas feridas, segundo prato na mesa da grande Natureza, principal alimento do festim da vida”.
William Shakespeare, Macbeth, ato II, cena 2
Nas linhas acima, William Shakespeare captou o valor de uma boa noite de sono. Quem, como o torturado Mac-beth, o rei da tragédia que leva seu nome, não sofreu com pelo menos uma noite em claro? É bom que se diga que no tempo do dramaturgo, que viveu na Inglaterra do século XVI, às noites eram bem mais repousantes que as atuais. Dorme-se hoje em media sete horas por noite, noventa minutos menos do que se dormia nos séculos passados. No período anterior à luz elétrica, homens e mulheres costumavam ir para a cama no inicio da noite. Acordavam no meio da madrugada para tomar um lanche e, em seguida, voltavam a dormir até o sol raiar. A redução de uma hora e meia no descanso diário é decorrência do excesso de iluminação e de barulho noite adentro, da vida sedentária e dos horários irregulares, do stress profissional, da televisão...Enfim, de um mundo que nunca dorme.
Metade da população adulta do Brasil experimenta pelo menos uma noite mal dormida por semana. Não é o suficiente para causar danos permanentes, e volta-se ao normal uma vez que se tenha dormido. Ainda assim, o dia seguinte é de amargar. Há uma perceptível redução no desempenho, na criatividade, nos reflexos, e os nervos ficam à flor da pele. Uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo estimou a queda na atenção causada por duas noites insones como o equivalente ao consumo de três doses de uísque. Por isso se recomenda a quem dorme mal que evite dirigir ou operar maquinas. Dados do Brasil indicam que 10% de todos os acidentes de transito envolvem um motorista sonolento ou adormecido. As conseqüências são bem mais severas quando o debito de sono se prolonga por períodos maiores – uma semana dormindo poucas horas por noite, por exemplo. Nesse caso, os efeitos sobre o metabolismo são parecidos com os do processo de envelhecimento. “A sociedade nos estimula a dormir tarde e a acordar cedo, reduzindo assim o período destinado ao sono”, diz o neurofisiologista Flávio Alóe, do Centro de Sono do Hospital das Clinicas de São Paulo. “Dessa forma, muita gente não dorme o suficiente para ter uma vida saudável”.
Diferentemente do que se acreditava no passado, sabe-se hoje que é possível curar a maioria dos casos de insônia sem tratamentos pesados nem remédios fortíssimos. Estudos recentes apontam que na maior parte das vezes ela é causada pelos maus hábitos do dia-a-dia. Uma dessas pesquisas foi realizada em fevereiro com estudantes na Universidade de Kansas, nos Estados Unidos, e mostrou que o numero de jovens que procuram ajuda medica para combater a insônia aumentou mais de 100% nos últimos quatorze anos. Hoje, os estudantes americanos não dormem mais de sete horas por noite, quarenta minutos menos do que costumavam dormir na década de 90. O principal motivo, segundo os pesquisadores, é a falta de rotina na hora de ir para a cama. Devido aos exames da faculdade, eles se habituam a ficar acordados durante a madrugada para estudar e levantar cedo para ir à aula. Quando tentam ir dormir mais cedo, não conseguem conciliar o sono. A solução para esses casos é fazer uma mudança de hábitos, como modificar o horário em que se vai dormir. Muitas vezes, passar menos tempo na cama em vez de ficar a madrugada rolando de um lado para o outro pode contribuir para um sono de maior qualidade.
A VJ Sarah Oliveira, 24 anos, tem dificuldades para dormir desde criança. “Eu acordava todos os dias às seis e meia horas da manhã para ir à escola, mas não conseguia dormir antes de uma hora”, conta. Há três anos, ela atravessou um momento complicado na vida profissional e amorosa e passou a depender de tranqüilizantes para dormir. Foi então que resolveu combater a insônia com mudanças de hábitos. Não faz mais ginástica à noite, cortou alimentos estimulantes depois do jantar, entre eles chocolate, e começou a usar medicamentos homeopáticos. A nova rotina melhorou suas noites, mas ela ainda perde o sono com facilidade. “Isso me incomoda um pouco, mas minha vida já melhorou bastante”, diz. Também é importante seguir uma dieta alimentar saudável e praticar exercícios físicos moderados, como yoga e natação. Essas medidas simples resolvem o problema de até 70% dos insones. “Adotar uma rotina, entre elas dormir e levantar no mesmo horário todos os dias é o melhor remédio para ter uma boa noite de sono”, disse a Veja o neurologista americano Clifford Saper, da Universidade Harvard e um dos especialistas mais respeitados nesse assunto.
O problema é que nem sempre é fácil manter um horário fixo para dormir ou ter uma rotina saudável. A maioria das pessoas não perde horas de sono por opção, mas simplesmente porque não consegue abrir mão da enorme quantidade de tarefas e preocupações que tem no dia-a-dia. Para esses casos, as clinicas de estudo do sono dispõem de tratamentos que ajudam homens, mulheres e até crianças a lidar melhor com as principais causas da insônia, como o stress e a ansiedade. Nos passamos um terço de nossa vida dormindo – ou, pelo menos, deveríamos. Até uns sessenta anos atrás, os cientistas viam o sono apenas como uma pausa para o descanso, uma espécie de buraco negro cuja única característica notável era a inconsciência. Tudo isso mudou repentinamente com a invenção das maquinas de eletroencefalograma, que registram a atividade elétrica do cérebro. O estudo das ondas cerebrais demonstrou que o sono não é uma espécie de morte ou desmaio, e sim um período de complexa atividade. Foi, por assim dizer, o despertar da ciência do sono. Em 1937, descobriram-se as fases distintas que se alteram em ciclos durante a noite. Em 1953, percebeu-se que no decorrer do sono os olhos se mexem rapidamente, prova segura de que muitos sentidos continuam funcionando normalmente. “Aprendeu-se mais sobre o sono nos últimos trinta anos que em toda a história anterior da medicina”, diz Flávio Aloé. As descobertas mais sensacionais aconteceram recentemente. Veja algumas delas:
· O botão liga-desliga - Trata-se de um conjunto de células cerebrais só ativado quando o indivíduo dorme. Apelidado de “sleep switch” - interruptor do sono, em inglês - desliga determinadas funções cerebrais para que o sono ocorra. A quantidade de células do “sleep switch” tende a cair com o passar dos anos. Isso pode explicar por que os idosos dormem menos. É o mais perto que já se chegou da total compreensão do mecanismo do sono. Infelizmente, ainda não podemos apertar o botão do sono por nos mesmos.
· A molécula do despertar – Em 1999, duas pesquisas separadas, uma na Stanford e outra na Universidade do Texas, chegaram à mesma conclusão sobre as causas genéticas da narcolepsia, doença neurológica em que o paciente cai adormecido inesperadamente: ela se dá pela falta de um neurotransmissor, a hipocretina. É provável que a hipocretina seja o elemento químico responsável por virar o sleep switch para a posição acordado. Em teoria, com a hipocretina é possível criar uma droga para nos manter acordados por longos períodos de tempo. Ainda não se tem essa pílula milagrosa, mas, como muita coisa na industria farmacológica, é uma questão de tempo.
· O indutor do sono – A melatonina, o hormônio que induz o sono só é produzido no escuro, foi estudado há fundo pela primeira vez por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Israel. O que descobriram foi à importância do relógio biológico e das condições ambientais para o sono. O cérebro começa a secretar a melatonina entre 21 e 22 horas e só para pela manhã. Como o hormônio leva duas horas para fazer efeito, o ideal é ir dormir ás 23 horas. O pior momento é por volta das 19 horas, quando a quantidade do hormônio no organismo ainda está muito baixa.
Os cientistas dividem o sono em dois tipos: REM, a sigla inglesa para os movimentos oculares rápidos, e não-REM, também chamado de sono quieto. Neste ultimo, as atividades mentais ficam vagarosas, ocorrem movimentos corporais e a pessoa mergulha lentamente no sono mais profundo. No REM, o período em que mais se sonha, a atividade cerebral é intensa, mas o corpo dorme pesado. O processo do sono é dividido em cinco etapas. Nas duas primeiras, apenas se cochila. Na terceira e na quarta, o sono é profundo e na quinta, ocorre à maioria dos sonhos. Esse ciclo se repete quatro ou cinco vezes por noite. Quem tem dificuldade para dormir pode não conseguir chegar aos estágios finais. “Há casos em que a pessoa apenas cochila a noite inteira e só percebe que dormiu mal porque fica irritada, ansiosa e cansada durante todo o dia”, diz o medico Sérgio Tufik, diretor do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo.
A maioria dos adultos precisa dormir de sete a nove horas por noite, mas essa quantidade pode variar muito de uma pessoa para outra. Algumas só precisam de quatro ou cinco horas de sono. A qualidade é que importa.
Nosso relógio biológico determina que necessitamos dormir certo numero de horas a cada 24 horas para podermos funcionar. Mas os médicos ainda não sabem com total segurança por que as pessoas precisam dormir. Uma das hipóteses mais aceita é que o sono tem a função de repor a energia cerebral. “Novos estudos sugerem que as reservas de energia do cérebro, que garantem seu bom funcionamento, se esgotariam caso não houvesse a chance de a mente se restabelecer durante o sono”, diz o neurologista americano Saper.
Durante o ciclo do sono, o cérebro consolida as informações recebidas ao longo do dia. Seleciona as que serão guardadas na memória e descarta as supérfluas. O processo ocorre principalmente durante o estágio REM, aquele em que se sonha, mas a relação entre sonho e memória ainda não está muito clara para os cientistas. É bem possível que os sonhos – que Sigmund Freud considerava reveladoras manifestações do inconsciente – sejam meros reflexos da faxina nos neurônios da memória.
Noites mal dormidas provocam envelhecimento precoce porque 70% do GH, hormônio do crescimento responsável pela renovação das células e tonificação da pele, é secretado durante o sono pela hipófise, glândula localizada na base do cérebro. A deficiência do GH no organismo causa enfraquecimento dos ossos, perda da massa muscular e flacidez.
Falta de sono de boa qualidade e na duração necessária também provoca depressão, hipertensão, contribui para o infarto, o derrame cerebral e o agravamento da diabete. Os distúrbios do sono são, por sinal, sintomas comuns da depressão. A insônia altera o metabolismo e o funcionamento do sistema nervoso, prejudicando as outras funções do organismo.
Em 2002, pesquisadores da Universidade de Nagoya, no Japão, divulgaram o resultado de um amplo estudo sobre os hábitos de sono de um grupo de 5000 moradores da cidade japonesa de Gifu. Conclusão: o risco de morte para quem dorme menos de sete horas por dia era duas vezes maior que o daqueles cujo descanso variava de sete a dez horas. Se você acha tudo isso um tanto remoto, saiba que dormir mal acarreta outro efeito rápido e desagradável: a obesidade. A antiga suspeita de que a gordura é a insônia andam de mão dadas foi confirmada recentemente por um estudo da Universidade de Chicago. Depois de dormir por apenas quatro horas durante seis noites consecutivas, universitários jovens, magro e saudáveis, que participaram como voluntários da pesquisa, apresentaram metabolismo igual ao de idosos. Devido à falta de sono, a capacidade de processar o açúcar no sangue tinha sido reduzida em 30% e a alta taxa de glicose fez aumentar a produção doe hormônio insulina em excesso. A insulina faz com que o organismo retenha mais gordura e aumente o tamanho das células adiposas - a gordura que se acumula ao redor da cintura. O nível de cortisol, o hormônio do stress, também subiu drasticamente.”Tivemos resultados mais compatíveis com homens de 60 anos de idade do que com jovens saudáveis de 20 anos”, diz a médica americana Eve Van Cauter, que coordenou o trabalho.
A insônia é classificada de acordo com a sua duração. É considerada leve se dura apenas alguns dias, média se permanece algumas semanas e crônica se persiste por mais de um mês. A leve geralmente é causada por problemas do cotidiano, como briga com o namorado ou a namorada, desemprego, excesso de trabalho. Pode-se transformar em uma insônia de média intensidade e durar por algumas semanas, mas apenas a crônica necessita de tratamento. Estima-se que 51 milhões de brasileiros acima dos 18 anos tenham dificuldades para dormir. Pelo menos 1.5 milhão só dorme com medicação. A situação é mais grave nas metrópoles, onde se acredita que mais da metade da população durma menos do que deveria. Policiais, médicos e outros profissionais que trabalham em turnos são mais propensos a ter problema de sono. No momento em que deveriam dormir, estão na ativa.
O sono durante o dia é de pior qualidade devido à luminosidade, ao barulho e a temperatura mais elevada. Muitas vezes, uma boa noite de sono pode ser conseguida com soluções relativamente simples. Travesseiro ou um colchão mais confortável, por exemplo. Cortinas para escurecer o quarto e isolar o barulho externo resolvem muitos casos.
A instalação de ar-condicionado é uma boa providencia em lugares muito quentes, pois se dorme melhor com a temperatura entre 17 e 20 graus.
Como passo inicial de um tratamento contra a insônia, é comum que o paciente passe uma noite em uma clinica especializada e se submeta a polissonografia, exame que monitora o sono com aparelhos. O principal objetivo é saber se a má qualidade do descanso noturno é ou não conseqüência de apnéia, a respiração durante o sono. Para esse caso, há tratamentos específicos, incluindo cirurgias. Para a maioria, existem outros métodos que permitem aliviar a tensão e controlar a ansiedade. Um deles, bastante usado, é o biofeedback, que ensina como relaxar os músculos por meio de um aparelho ligado ao corpo. Quando o paciente tenciona os músculos, a maquina faz ruído. Ao relaxar, o ruído diminui. O objetivo é fazer com que o insone tenha consciência do próprio stress e perceba como é possível relaxar. Alguns pacientes se submetem a sessões de terapia com psicólogos que ajudam homens e mulheres a lidar melhor com as preocupações do dia-a-dia. “Um dos grandes vilões do sono é a ansiedade na hora de dormir”, diz a psicóloga Van Sartori, pesquisadora do Instituto do Sono na Universidade Federal de São Paulo. “O insone fica tão preocupado com o que precisa resolver no dia seguinte que não consegue pegar no sono”.
O Brasil é o país que mais estuda os distúrbios do sono na América Latina e, ao lado dos Estados Unidos e da Alemanha, está entre os que mais se preocupam com o tema. No inicio da década de 90, quando o assunto começou a ganhar importância por aqui, havia 50 clinicas especializadas em todo o país. Hoje, são 150 - grande parte em São Paulo.
O Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo atende cinqüenta pessoas por dia, com fila de espera. São homens e mulheres que demoram mais de uma hora para pegar no sono e, quando conseguem, dormem leve, acordando varias vezes. Não é difícil encontrar no corredor do instituto insones que adormecem duas a três horas por noite há mais de cinco anos e passam duas noites em claro quase todas as semanas.
Pelos menos 10% dos pacientes são crianças com sonambulismo, bruxismo - o distúrbio que faz ranger os dentes durante o sono - e também insônia. A capacidade de dormir diminui com a idade, principalmente para quem sofre de certas doenças, como a hipertensão. No passado, os despertares rápidos durante a noite começavam por volta dos 45 anos. Hoje, com a Internet e os videogames conspirando para manter todo mundo elétrico até altas horas, há crianças e adolescentes em busca de tratamento nos consultórios especializados. Quase 90% das pessoas que procuram as clinicas conseguem sair com alguma solução para tentar resolver o problema. A principal característica de uma noite bem-dormida é a sensação de bem-estar ao acordar. É isso que todo mundo busca a cada noite ao colocar a cabeça no travesseiro





Fonte: revista Veja de 24 de setembro 2004

Uma curiosidade: quando e como foi descoberto que a má alimentação era nociva? Na metade do VIII século os médicos holandeses notaram que nos seus navios que seguiam a rota Amsterdam-Java, passou a ter uma particular incidência de marinheiros que se enfartavam a partir do momento em que, por motivos econômicos, os navios que iam para as ilhas canárias deixaram de interromper suas viagens para embarcar peixe, verdura e cocos frescos. Sem estes alimentos, os tripulantes passaram a ser alimentados diariamente com carne seca, arroz e batatas.
Com esta dieta, alem do escorbuto, começou a aparecer uma forte incidência de ictus e enfartes. Buscando as causas, os médicos holandeses notaram a presencia no sangue de maciças doses de colesterol ruim (LDL) que, por exemplo, os carregadores de Java e os indígenas não possuíam. Contudo, se estes indonésios passavam a trabalhar nos mesmos navios, em algum tempo estes sintomas apareciam. Os médicos deduziram então que o assassino era o excesso de colesterol. Desde aquele momento, portanto há mais de 1.200 anos, o colesterol é estudado.
O colesterol é fundamental para garantir a vida. O corpo precisa dele para produzir hormônios sexuais, bile, vitamina D, membranas celulares e bainhas dos nervos. O fígado produz aproximadamente um grama de colesterol por dia, que é a quantidade suficiente de que o corpo necessita.
Muitos fatores como exercícios físicos, predisposição genética, sexo e outros componentes da alimentação influenciam o modo como o corpo humano processa o colesterol. Algumas pessoas podem consumir algumas gorduras e ainda assim mantem o colesterol no nível adequado, enquanto outras, ingerindo em alguns casos até menos, apresentam um alto teor de colesterol no sangue.
Para verificar os níveis de colesterol no sangue o médico primeiramente mede a quantidade total existente em um decilitro de sangue, sendo aceitável qualquer quantidade abaixo de 180 miligramas por decilitro. Os órgãos de saúde recomendam mudanças nos hábitos alimentares de pessoas que têm um colesterol total acima de 180 mg. Exercícios físicos e a redução no consumo de gorduras é um método eficaz.
Seu médico solicitou um exame e descobriu que seu colesterol está mais alto do que devia? Bem, você já sabe o que deve ser feito: estabelecer um horário para se exercitar diariamente e definir uma disciplina para reeducar seus hábitos alimentares dentro e fora de casa. Em relação às gorduras a tolerância deve ser zero.
Colesterol, em termos populares, é a "gordura" presente no sangue. É muito importante para o funcionamento do organismo. Mas, como em todas as demais coisas no mundo, em excesso é uma bomba que antes ou depois explode.
Você também já viu o que é o colesterol bom e o ruim. Trata-se do HDL e do LDL respectivamente. Cerca de 70% do colesterol presente em nosso corpo é produzido pelo fígado e encontra-se em sua maioria na bílis. O HDL é de alta densidade enquanto o LDL possui densidade baixa. É aí que a diferença é crucial: o colesterol bom não é absorvido pelas células, e ainda ajuda a diminuir o índice de LDL que, por surtir efeito inverso, é extremamente perigoso.
CAUSAS DE MORTE DE TODA A POPULAÇÃO MUNDIAL EM 1999
Fonte: Organização Mundial da Saúde “OMS”

Patologias % Numero decessos
Infectivas e parasitárias 25.0 14.025.000 Tuberculose 3,0 1.669.000 doença sexuais (sem AIDS) 0,3 178.000 AIDS 4.8 2.673.000 Diarréia 4,0 2.213.000 Doenças infantis 2.8 1.554.000 Meningite 0,3 171.000 Hepatite 0,2 124.000 Malaria 1.9 1.086.000 Doenças tropicais 0,3 171.000 Lepra 0,1 3.000 Infecções respiratórias 7.2 4.039.000 Doenças ligadas ao parto 0,9 497.000 Doenças pré-natais 4.2 2.356.000 Nutricionais 0,9 493.000 Tumores 12,8 7.167.000 Diabete 1.4 777.000
Doenças neuropsiquiátricas 1,6 911.000
Doenças cardiovasculares 30,3 16.970.000 Doenças do aparato digestivo 3,7 2.049.000 Doenças do aparato genital e urinário 1.6 900.000 Doenças da pele, esqueleto e músculos 0,3 168.000 Anomalias congênitas 1.2 652.000 Mortes acidentais involuntárias 6,1 3.412.000
Acidentes estradais 2,2 1.230.000 Envenenamentos 0,5 257.000 Quedas e queimaduras 1,1 605.000 Outros acidentes 2,3 1.312.000
Mortes violentas 3,0 1.689.000 Suicídios 1,6 893.000 Homicídios e violências 0,9 527.000 Guerras 0,5 269.000
Total 100,0 70.441.500

III
ESCULPINDO AS FORMAS

GENESE PLANETARIA
A imensidão cósmica é o inexaurível manancial do elemento conhecido como Plasma Divino, Fluído Cósmico, Hausto do Criador ou Força Nervosa do Todo Sábio, onde vibram e vivem, morrem e renascem, constelações, sois, mundos e seres como peixes no oceano.
Nessa substancia original, ao influxo do próprio Senhor Supremo, operam as Inteligências Divinas a Ele agregadas, em processo de comunhão indescritível – (os grandes Devas da teologia Hindu ou os Arcanjos da interpretação de vários templos religiosos), extraindo desse hálito espiritual os celeiros da energia com que constroem os sistemas da imensidade, em serviço de Co-Criação em plano maior, de conformidade com os desígnios do Todo Misericordioso, que faz deles agentes orientadores da Criação Excelsa.
Essas Inteligências Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milênios e milênios, mas que se desgastam, e se transformam por fim, de vez que o Espírito Criado pode formar ou co-criar, mas só Deus é o Criador de Toda a Eternidade.
Toda essa riqueza de plasmagem, nas linhas da Criação, ergue-se à base de corpúsculos sob irradiações da mente, corpúsculos e irradiações que, no estado atual dos nossos conhecimentos, embora estejamos fora do plano físico, não podemos definir em sua multiplicidade e configuração, porquanto a morte apenas dilata as nossas concepções e nos aclara a introspecção, iluminando-nos o senso moral, sem resolver, de maneira absoluta, os problemas que o universo nos propõe, com seus espetáculos de grandeza.
Sob a orientação das inteligências superiores, congregam-se os átomos em colméias imensa, e, sob a pressão, espiritualmente dirigida, de ondas eletromagnéticas, são controladamente reduzidas às áreas espaciais intra-atomicas, sem perda do movimento, para que se transformem na massa nuclear adensada, de que se esculpem os planetas, em cujo seio as mônadas celestes encontrarão adequado berço ao desenvolvimento.
Semelhantes mundos servem à finalidade a que se destinam, por longas eras consagradas à evolução do Espírito, até que, pela sobrepressão sistemática, sofram o colapso atômico pelo qual se transmutam em astros cadaverizados. Essas esferas mortas, contudo, volvem a novas diretrizes dos Agentes Divinos, que dispõem sobre a desintegração dos materiais de superfície, dando ensejo a que os elementos comprimidos se libertem através de explosão ordenada, surgindo novo acervo corpuscular para a reconstrução das moradias celestes, nas quais a obra de Deus se estende e perpetua, em sua glória criativa.
Fonte: Livro “Evolução em Dois Mundos”, pelo espírito de André Luiz
e psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira

EFEITOS NOCIVOS DO PARADIGMA VIGENTE

O homem, no momento em que começou a supervalorizar sua inteligência, passou a crer que era capaz de alterar qualquer aspecto da natureza com sucesso. Na contramão deste conceito se posicionou Albert Einstein – como sabemos uma das mentes mais brilhantes que a espécie humana já conheceu - quando disse:
“devemos prestar atenção para não fazer da nossa inteligência o nosso Deus, pois, quem se propõe a eleger a si mesmo como juiz da verdade, com certeza vai se afogar no desapontamento que causa naquele que o Criou”.
Hoje, aproximadamente 600 anos depois do surgimento das idéias que fizeram florescer o renascentismo, a profecia de Einstein paira como um fantasma ao redor do mundo porque, ou a ciência altera seus conceitos, um paradigma holístico por exemplo, ou em algumas dezenas de anos todo o orbe terrestre se transformará em um mundo inóspito, como já o são grande partes dela, imitando determinados corpos celestes que participam do nosso sistema solar.
Atualmente, “graças ao avanço da ciência e da tecnologia”, o homem possue um poder destrutivo capaz de aniquilar o planeta inúmeras vezes. Entretanto, na medida em que os anos se sucedem, os arsenais nucleares estão se tornando desnecessários porque é só continuar destruindo os recursos naturais como está sendo feito: queimar e desmatar florestas, poluir o solo e a água com lixo e produtos tóxicos, conspurcar a atmosfera com os poluentes voláteis que são gerados nos grandes centros urbanos e industriais, assim como os mares, para extinguir qualquer tipo de vida na Terra. Sim, ou passamos urgentemente para um paradigma holístico, ou, continuando a tratar o nosso habitat como fazemos, o transformaremos em mais um corpo celeste árido e deserto.
Aparentemente, no entanto, o homem está tão entretido buscando melhorar seu “status” que, mesmo se dando conta que o seu habitat está sendo destruído pelo excesso de lixo que nele é depositado, em outras palavras, a poluição é tanta que, como o planeta não consegue reciclá-la, a água pura está minguando e ar que respiramos está se tornando um veneno. Só em São Paulo, em 2005, a poluição matou aproximadamente sete pessoas por dia. Também não se dá conta que a cada cigarro que fuma, ou por não cuidar como deveria da sua saúde, a cada remedio que ingere, sem falar que está colaborando para que as farmácias e os laboratórios farmacêuticos do mundo se tornem cada vez mais poderosos, também está poluindo o seu organismo, contribuindo, desse modo, a cada enfermidade que assimila, na elevação da taxa de ocupação dos consultórios médicos e dos hospitais.
O efeito da propaganda subliminar é tão eficiente que influencia o individuo, sem que o perceba, a ampliar constantemente sua confiança no “grande poder de cura da medicina”, ao invés de se prevenir evitando os abusos, o fumo, as drogas e os demais vícios, incluindo os alimentares. Abre mão destes cuidados para se doar integralmente a todas as possíveis satisfações sensoriais que julga ter direito, sem se dar conta que, perdendo à saúde, mesmo correndo atrás dela jamais vai tê-la de volta por inteiro.

Sim, Ele havia vencido todos os pavores das energias desencadeadas; com as suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopro da sua misericórdia sobre o bloco de matéria informe, que a sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e compassivas. Operou a escultura geológica do orbe terreno, talhando a escola abençoada e grandiosa, na qual o seu coração haveria de expandir-se em amor, claridade e justiça. Com os seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhe o equilíbrio futuro na base dos corpos simples de matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios terrenos puderam identificar por toda a parte no universo galáctico. Organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir. Fez a pressão atmosférica adequada ao homem, antecipando-se ao seu nascimento no mundo, no curso dos milênios; estabeleceu os grandes centros de força da ionosfera e da estratosfera, onde se harmonizam, os fenômenos elétricos da existência planetária, e edificou as usinas de ozone a 40 e 60 Km. De altitude, para que filtrassem convenientemente os raios solares, manipulando-lhes a composição precisa à manutenção da vida organizada no orbe. Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura, engendrando a harmonia de todas as forças físicas que presidem o ciclo das atividades planetárias.
Fonte: livro “A Caminho da Luz” pelo espírito Emmanuel
e psicografado por Francisco Candido Xavier.

A Terra é uma Jóia única no universo. É o terceiro planeta do sistema solar. Se fosse o primeiro ou o segundo, seria quente demais e toda a água se evaporaria. Se fosse o quarto, o quinto, o sexto...ou o nono, sua superfície seria tão gelada que não haveria água em forma liquida.
O tamanho e a massa da Terra também foram calibrados pela natureza para sustentar a vida. Um pouco menos de massa e não haveria força gravitacional para manter uma atmosfera. Um pouco mais de massa e o núcleo provocaria oscilações gravitacionais capazes de transformar o clima em um inferno.
O mais espantoso: se a súbita explosão que se seguiu ao “Big Bang” na criação do universo tivesse se atrasado em uma fração de segundo, as galáxias e os planetas teriam sido atraídos para o núcleo cósmico e destruídos. Se a explosão tivesse se adiantado a mesma fração de tempo, o universo teria se evaporado na forma de uma nuvem de partículas geladas. Esta foi à herança que o homem recebeu, Mas, o que está fazendo com ela?
Aquecimento global: - a terra passa regularmente por períodos frios - as eras glaciais - e amenos, chamados de interglaciais. São mudanças climáticas severas que redesenham a paisagem global. Até agora, essas transformações se processavam no ritmo natural: de tão lentas, eram imperceptíveis no espaço de uma geração. Os sinais recentes do aquecimento do planeta, porem, acumulam-se em uma velocidade considerada inédita pelos cientistas O ciclone Catarina, que se formou em 2004 no litoral sul do Brasil, foi considerado por um grupo de cientistas ingleses como sinal antecipado da mudança do clima. Pela conta dos especialistas, tormentas assim serão normais nessa região do Atlântico daqui a uma década. Blocos de gelo de tamanho inusitado têm se desprendido dos pólos. Em 1998, um deles, do tamanho do Distrito Federal, se soltou de uma geleira na Antártica. Outro, com 720 bilhões de toneladas de gelo, três vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro, desprendeu-se em 2002. Dois séculos atrás, a Praça de São Marcos, em Veneza, era inundada uma ou duas vezes por ano. Agora é interditada quase toda semana por causa do avanço das águas. No sul dos Estados Unidos, o estado da Louisiana perde cerca de 16 hectares de terra por dia. Os Everglades, pântanos turísticos da Florida, podem desaparecer até o fim deste século. Países asiáticos, como Bangladesh e China, estão perdendo faixas de terra férteis usadas para o cultivo do arroz. São mudanças que afetam a vida de toda as espécies, inclusive a humana.
Globalmente, a década mais quente já registrada foi a de 1990. Essa tendência é observada também nos últimos cinco anos. Atribui-se a uma inédita onda de calor 30000 mortes na Europa Ocidental no verão de 2003. Um estudo da Organização Mundial de Meteorologia, ligada às Nações Unidas, estima que pelo menos 160.000 pessoas morram por ano em conseqüência das mudanças no clima. Entre as causas da mortandade está a elevação das marés, que inviabiliza fontes de água na foz de rios. No Egito, o avanço do mar está deixando a água do rio Nilo salobra afetando o abastecimento da região. A febre do oeste do Nilo chegou aos Estados Unidos em um ano de fortes secas por meio de aves migratórias infectadas e nos últimos cinco anos matou 500 americanos.
A camada de neve em todo o planeta diminuiu 10% desde a década de 1960, e houve um recuo significativo dos glaciares. As neves eternas que cobrem o Himalaia recuam cerca de 30 metros por ano. As estimativas apontam que, se for mantido esse ritmo, até 2035 não haverá mais gelo nas partes central e oriental da cadeia montanhosa. O gelo do Ártico perdeu 40% de seu volume em cinco décadas. No final deste século, a região não terá mais cobertura gelada no verão acreditam os especialistas.
Uma conseqüência do encolhimento da calota polar é o surgimento de ursos anões. Com a redução das áreas de caça, e conseqüentemente da oferta de alimento, eles desmamam mais tarde e crescem menos a cada geração. Também no Ártico as raposas vermelhas estão perdendo espaço para suas parentas que viviam em latitudes mais baixas e migraram em direção ao norte em busca de temperaturas mais frias. Na Inglaterra, certas espécies de borboletas e pássaros não são mais vistos no seu habitat. Na Costa Rica, uma espécie de sapo foi extinta depois que uma seca jamais observada interrompeu seu ciclo de reprodução.
Até dois séculos atrás, havia na atmosfera uma quantidade natural de poluentes, resultado basicamente das erupções vulcânicas, da decomposição orgânica e da fumaça de grandes incêndios. Depois que a humanidade começou a queimar carvão para alimentar as chaminés da “Revolução Industrial”, o volume de gases e partículas tóxicas dispersos no ar aumentou 30% segundo calculam cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. A analise de bolhas de ar presas há milênios no subsolo gelado da Antártica, comprovou que a atual concentração de carbono na atmosfera é a maior já registrada nos últimos 440.000 anos. É um terço a mais do que a natureza é capaz de reciclar. Em setembro, cientistas japoneses do Instituto Nacional de Pesquisa Polar revelaram que os níveis de carbono já interferem na qualidade do ar dos lugares mais remotos do planeta. Com o auxílio de balões que coletaram amostras do ar, descobriram que a quantidade de poluente cresceu 2.6% em seis anos no continente gelado. É a primeira vez que um gás causador do efeito estufa aumenta a ponto de influenciar a qualidade do ar nos pólos.
Este saldo, resultado do desequilíbrio entre o que é emitido e o que é absorvido pela natureza, cria a condição básica para o fenômeno chamado de efeito estufa. O excedente de fumaça e de partículas na atmosfera atua como uma cúpula – que, alem do carbono, é composta de metano e enxofre, entre outros gases. Essa cobertura é que impede que parte do calor recebido do Sol seja refletida para o espaço – assim como em uma estufa o vidro deixa passar a luz do Sol, mas impede a saída do calor.
Medições do oceanógrafo Sydney Levitus, do serviço de meteorologia americano, mostram que a quantidade de calor nos oceanos aumentou 10 watts por metro quadrado nos últimos cinqüenta anos. Levitus afirma que, mesmo que se venha a reduzir as emissões e controlar o efeito estufa, a atmosfera terrestre continuará esquentando por no mínimo 100 anos devido à absorção do calor emitido pelos oceanos. E que, assim como a água demora em se aquecer, também demora em perder o calor. As conseqüências são facilmente imagináveis. A elevação de apenas 1 grau onde a temperatura era zero significa que, ali, todo o que era gelo vai derreter e fazer aumentar a quantidade de água escorrendo para os oceanos, lembra o físico Edmo Campos, coordenador do Laboratório de Modelagem dos Oceanos do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. Para completar, como qualquer corpo aquecido o mar se expande. Esse fenômeno, combinado com mais água, faz avançar as marés. O que se vê agora, para muitos cientistas, é apenas o começo de uma tendência que vai se agravar ao longo das próximas décadas.
A água: – O mar de Aral, na antiga União Soviética, morreu. Outrora o quarto maior lago do planeta, com superfície maior que a dos Estados do Rio de Janeiro e Alagoas juntos, hoje ocupa um terço da área original. Os rios que o alimentavam foram desviados e canalizados para a agricultura e os ventos carregam o sal do leito seco para terras antes férteis. Esse processo inviabilizou ao mesmo tempo a pesca e a agricultura. No ano passado, o governo do Cazaquistão anunciou um plano para salvar pelo menos a porção norte do Aral, separando-a com um dique da parte sul, a maior do lago, dada como perdida.
O caso do Aral é o mais emblemático dos riscos do mau uso da água. Uma vez que cobre cerca de 70% da superfície do planeta, costuma-se vê-la como um recurso inesgotável. Trata-se de uma abundancia enganosa. Apenas 2.5% da água é doce, e a maior parte está no topo das montanhas e nos pólos na forma de gelo ou de neve. Sobra menos de 1% em condições para o uso animal e na agricultura. Desse total, o homem já utiliza mais da metade – com uma taxa de desperdício próxima a 60%. A agricultura consome a maior parte da água doce. A industria é responsável por um quarto da utilização e o consumo residencial representa menos de 10%. De acordo com um levantamento realizado pelo Conselho Mundial da Água – que reúne governos e organizações não-governamentais - se os atuais padrões de consumo forem mantidos, em vinte anos a humanidade será obrigada a derreter geleiras, se existirem, para garantir o abastecimento.
A disponibilidade também é desigual. Uma dúzia de países – o Brasil entre eles – concentra mais da metade das reservas mundiais. O mesmo se verifica com os padrões de consumo. Enquanto um americano consome a média diária de 600 litros de água, um cidadão africano não dispõe de mais do que 20 litros por dia. Em duas décadas, nas contas da Organização das Nações Unidas, haverá 4 bilhões de pessoas sem acesso a água na quantidade adequada à sobrevivência, e boa parte sem água potável. Dados da Organização Mundial de Saúde contabilizam 7 milhões de mortes por anos decorrentes da falta de saneamento ou do consumo de água contaminada.
O acesso à água é fonte potencial de pelo menos 300 conflitos internacionais, e estes acontecem quando as fronteiras são demarcadas por rios. O governo do México reivindica dos Estados Unidos à redução da drenagem do Rio Grande para irrigação, que diminui a disponibilidade no território mexicano e favorece a contaminação da água com pesticidas. A Etiópia e o Sudão, paises na cabeceira do Nilo, sofrem pressão econômica e militar do Egito para abandonar os projetos de irrigação e construção de represas, o que poderia decrescer o volume de água no trecho egípcio. Curdos e sírios protestam contra a Turquia, que, ao represar o Eufrates, reduziu a quantidade de água que chega à Síria e ao norte do Iraque.
O fogo: - O homem é culpado por mais de 95% dos incêndios em florestas. Segundo a Nasa, que monitora por satélite as ocorrências em todo o mundo, já se chegaram a queimar em apenas um ano 820 milhões de hectares. É como se um Brasil inteiro tivesse sido incendiado. É somente uma comparação, mas o Brasil também é um dos lideres nesse ranking negativo. Em 2004, os satélites identificaram cerca de 226.000 focos de incêndio em todo o Brasil. Há quatro anos, o numero era menos que a metade desse total. A fumaça gerada pelas queimadas lança na atmosfera quase três vezes o total de poluentes gerados no Brasil pela indústria, pelos transportes e pela agricultura, segundo um inventario divulgado em dezembro pelo Ministério da Ciência e da Tecnologia. A Amazônia responde por 77% das emissões, produzindo 776 milhões de toneladas de partículas de carbono. O custo não é apenas ambiental. O prejuízo com cercas e pastos queimados é de 100 milhões de dólares por ano.
Na África, anualmente, no inicio de maio toda a área fica coberta de nuvens de fumaça. Em media, a área que abrange o oeste da Republica Democrática do Congo e o norte de Angola, mostra 4.000 incêndios florestais simultâneos provocados pelo homem para abrir caminho para pastagens e plantações. O impacto dessa antiga pratica é muito maior do que o simples dano ao solo. Somados, tantos focos de chamas afetam o clima em uma vasta parte do continente.
Na Europa, os países do Mediterrâneo enfrentam todos os anos uma media de 50.000 incêndios florestais. Muitos deles começam como pequenos focos provocados pelo homem. A recorrência das queimadas está empobrecendo a vegetação e alguns cientistas falam em desertificação de parte de Portugal, Espanha, Grécia e sul da França. Nos Estados Unidos, em 2003, o fogo florestal na Califórnia atingiu cerca de 2400 casas, matou vinte pessoas e causou prejuízos de mais de dois milhões de dólares. Os 63.000 focos de incêndio registrados neste ano em matas americanas destruíram três milhões de hectares.
O mar: - Em 1992, 44.000 pescadores da região de Newfoundland, no Canadá, perderam o emprego. As autoridades decidiram proibir a pesca do bacalhau, base da economia local, ao constatar que a produção baixara 90% em relação à década de 70. A responsável foi à chamada sobrepesca, aquela que impede a reprodução do peixe. Cidades inteiras faliram. Pior, à medida foi tardia, porque doze anos depois o bacalhau não reapareceu. O caso não é isolado. O Conselho Internacional de Pesquisa Marinha recomendou à União Européia que proíba a pesca do bacalhau no Mar do Norte. O Maximo que se conseguiu, porem, foi numa redução de 45% nas cotas de pesca.
Todos os anos são retirados dos mares e rios do planeta 100 milhões de toneladas de pescado. A industria pesqueira movimenta 200 bilhões de dólares anuais e ocupa diretamente 15 milhões de pessoas. Fonte barata de proteínas e de riqueza durante milênios, o mar dá sinais de perder fôlego pela primeira vez na historia. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) calcula que em apenas seis anos a produção será de 20 milhões de toneladas menor do que a atual. Das 200 espécies mais valiosas no mercado, 120 são exploradas além de sua capacidade de reprodução.
No Brasil, entre as espécies sobrepescadas estão à lagosta, certas variedades de sardinhas e camarão e peixe de água doce como o tambaqui amazônico. A frota pesqueira mundial só sobrevive graças a subsídios – perde 54 bilhões de dólares por anos e recebe quase a mesma quantia em ajuda dos governos.
Artesanal desde o inicio dos tempos, hoje a pesca também é industrial. A pesca de arrasto, com redes que varrem o fundo do mar, é extremamente predatória. Além de recolherem indiscriminadamente todas as espécies, as redes usam bolas de aço que destroem corais e revolvem o fundo do oceano. O jornalista inglês Charles Clover mostra no livro “O Fim da Linha” como a sobrepesca está mudando o mundo, que a industria pesqueira investe tudo no aprimoramento das tecnologias de captura e nada nos métodos menos destruidores. Equipadas com sonares e softwares de localização por satélites, as embarcações modernas encontram os cardumes com uma facilidade jamais vista. Com o colapso dos estoques em varias partes do Mar do Norte, na Europa, pesqueiros europeus e asiáticos se aventuram em águas internacionais próximas à África e ao Brasil. Seguirão neste ritmo até chegarem à Antártica. E essas serão as ultimas águas a serem exploradas diz Clover.
A sobrepesca é agravada pelo desperdício. A cada ano, descartam-se ainda a bordo dos navios 8 milhões de toneladas de pescado em boas condições de consumo. São espécies de menor valor comercial, rejeitadas para dar espaço a peixes mais valiosos. Essa sobra encheria 200.000 carretas e corresponde ao consumo de peixe no Brasil de seis anos. Para cada tonelada de camarão pescada, outras quatro de peixes são jogadas fora, diz o ecólogo Miguel Petrere Junior, da Universidade Estadual Paulista, membro do Comitê Consultivo da FAO.
Há esperanças, mas elas dependem de medidas drásticas. Para evitar o colapso da pesca industrial, a FAO cogita propor uma moratória. Em certas áreas só poderiam atuar os pescadores artesanais, que representam 90% da mão de obra em atividade e respondem por metade da produção mundial. Outra solução, a criação de fazendas marinhas, vem se impondo como uma alternativa de exploração ordenada de um recurso outrora inesgotável – mas longe da escala necessária para substituir as quantidades pescadas em mar aberto.
O lixo: - Todos os anos, a humanidade joga no lixo 30 bilhões de toneladas de detritos. Isso representa quase 1000 toneladas por segundo. Muitas regiões já não dispõem de espaço para armazenar a própria sujeira. Nas principais cidades do planeta, como São Paulo, a construção de aterros sanitários virou um problema grave. Os lixões não podem ser instalados em áreas urbanas, devido aos riscos de contaminação do ar e do solo. De Nova York, que produz 11000 toneladas por dia, saem diariamente 550 caminhões de lixo para aterros sanitários nos Estados de Nova Jersey e Virginia. No Canadá, o lixo coletado na cidade de Toronto viaja 800 quilômetros até ser despejado em uma mina desativada no interior da província.
Levar lixo para mais longe só encarece e muda o problema de lugar, sem resolvê-lo. Boa parte, além disso, é de difícil reciclagem. O plástico – que leva mais de 400 anos para se decompor – responde por 20% do lixo urbano. Aterros sanitários ajudam na proliferação de mosquitos transmissores de dengue, febre amarela e outras enfermidades. São um importante foco de leptospirose - doença transmitida pelos ratos.
Bastam 50 toneladas de lixo para contaminar definitivamente 1 hectare de terra. O chorume, liquido tóxico originado da decomposição do material orgânico misturado com a água da chuva, penetra no solo e pode alcançar lençóis subterrâneos.
A contaminação vem também dos esgotos. No Brasil, diariamente, são produzidos em media 150 litros de esgoto por habitante. Mais de 95% são jogados nos rios e no mar sem nenhum tipo de tratamento. Somente no litoral, onde vivem mais de 40 milhões de pessoas, todos os dias são lançados ao mar 6 bilhões de litros. Nos Estados Unidos, o lixo e a poluição levada pelos rios estão transformando o golfo do México em região morta. A degradação ambiental afugentou centenas de espécies que viviam naquela área. Nas costas geralmente se encontra a maior quantidade de peixe. Mas com este nível de degradação a situação é critica, alerta o ecólogo Ronaldo Barthem, membro da “Global International Waters Asssessment”, órgão ligado às Nações Unidas que monitora o acesso a recursos hídricos de boa qualidade no mundo.
Vilões ambientais: - A maior parte da energia consumida no planeta vem das chamadas fontes sujas – principalmente petróleo e carvão mineral. Elas são a principal causa da elevação dos níveis de carbono na atmosfera e criam outros riscos ao ambiente. Os petroleiros que realizam viagens transoceânicas transportando milhões toneladas de óleo cru, estão sempre sujeitos a vazamentos catastróficos como os do Exxon Valdez, em 1989, na costa do Alasca, e do Prestige, em 2002, que tingiu de negro as costas da Espanha e da França. Tubulações que transportam gás e petróleo também são um risco constante para o meio ambiente.
Na lista dos combustíveis sujos enquadram-se igualmente as fontes da eletricidade que abastece empresas e residências. A mais polemica é a energia nuclear, que, embora não lance poluente na atmosfera, gera rejeitos que se transformam em um problema ambiental praticamente eterno. Ainda não foram bem resolvidas as questões relativas ao que fazer com essas sobras e como tornar as usinas a prova de vazamento. Acredita-se que o lixo atômico tenha poder de contaminação por mais de 30.000 anos. A solução atual é, literalmente, enterrar o problema. Acondicionado em caixas blindadas, o lixo é jogado em minas subterrâneas ou em estruturas de concreto construídas no subsolo. Na Alemanha, diante da questão dos rejeitos radioativos, o governo anunciou que pretende fechar todas as usinas nucleares em um prazo de 30 anos. Em quatro décadas de pesquisas, os cientistas do país não entraram em um acordo sobre as melhores áreas para os depósitos. Na lista de grandes geradores de energia – e de problemas ambientais – também estão as hidroelétricas. Elas são, teoricamente, uma fonte limpa. Mas, alem de alagarem e desestruturarem complexos ambientais, são emissoras de metano, um gás com poder de retenção de calor 21 vezes maior que o do dióxido de carbono. Isso porque guardam em seus reservatórios bilhões de toneladas de matéria orgânica que, ao se decompor, se tornam fontes poluentes. Segundo os cálculos do ecólogo Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, somente as quatro maiores represas da Amazônia -Tucuruí, Balbina, Samuel e Curuà-Uma - emitiram juntas, em 1990, quatro vezes mais gazes causadores do efeito estufa do que se produziria gerando a mesma quantidade de energia com combustíveis fosseis.
Fonte: revista Veja de 22 de dezembro de 2004.
Em qualquer parte do mundo, entre os homens que formam opiniões, ha sempre os que tentam se posicionar contra o paradigma vigente, no entanto, por serem poucos em relação ao todo, sua voz é abafada e se perde entre a multidão silenciosa. Um exemplo é a entrevista cedida por Wan Hui - integrante do movimento da nova esquerda chinesa, professor de humanidade na Universidade Tsiinghua e editor do jornal Du Shu - à Global Viewpoint, que o jornal “O Estado de São Paulo” publicou no segundo domingo de março de 2005 sob o titulo: ”China sofre o que há de pior nos dois regimes”.
Wan Hui falou sobre a nova esquerda chinesa e o crescente abismo entre ricos e pobres, um dos principais temas da sessão anual do Congresso Nacional do Povo, em Pequim.
-P. No contexto chinês, o que é a nova esquerda?
-R. Hoje a China está presa entre os dois extremos de um socialismo perdido e o capitalismo crônico. E sofrendo do que há de pior nos dois sistemas. Temos que encontrar uma via alternativa. Essa é a grande missão de nossa geração. Em geral, sou a favor de orientar o país na direção de reformas de mercado, mas o desenvolvimento da China deve ser mais igualitário, mais balanceado. Não devemos dar total prioridade ao crescimento do PIB, à extinção dos direitos dos trabalhadores e ao meio ambiente. O objetivo comum da nova esquerda da China é criar um entendimento de todas as implicações das atuais políticas da China. Acho que se as pessoas virem o que está acontecendo de verdade, podem ficar menos empolgadas com as reformas. A política econômica abertamente exportadora da China, por exemplo, está causando alguns problemas sérios, como desenvolvimento regional desequilibrado e abismos salariais. As exportações chinesas em proporção ao seu PIB são muito maiores de que nos EUA e Japão. De fato, é uma situação engraçada. Normalmente um país grande tem o beneficio de um grande mercado domestico. Mas na China não é este o caso, o que significa que nosso grande mercado é subdesenvolvido. Nossa total dependência dos mercados importadores significa que nosso povo é muito pobre para comprar produtos. Então, faz sentido que os salários chineses precisem ser aumentados. Um passo pratico é eliminar completamente o Credito de Imposto de Importação, já reduzido sob pressão americana, que dá aos exportadores chineses isenção fiscal e tira a produção do mercado domestico.
-P. Jiang Zemin, ex-presidente da China, pos o país nas linhas do modelo americano. Isso está mudando?
-R. Sim, já que a China só olhava para os EUA. Hoje, está claro, o governo Hu Jintão parece muito mais voltado para o mundo – não só para os EUA, mas para a Europa, América Latina, Índia e outros lugares. Hu Jintão e Wen Jiabao estão mais preocupados com a igualdade social e o meio ambiente. Basicamente, estamos assistindo à reorientação das políticas do ultimo governo.
-P. Eles também estão rejeitando a teoria das Três Representações de Jiang Zemin, que busca dar poder às forças produtivas da sociedade chinesa – os empreendedores – e chegou a ser vista uma espécie de infiltração da economia reaganiana?
-R. As três Representações foram usadas por muitas pessoas para dizer que a China deveria ter um crescimento de PIB a qualquer custo – que estaria tudo bem mesmo se os trabalhadores que construíam os grandes edifícios nunca conseguissem seu salário. Mas Wen Jiabao interveio pessoalmente em nível nacional para tentar com que os trabalhadores recebessem seus salários, e uma grande parte deles foi paga graças à sua intervenção. Em um certo sentido, é risível que o primeiro-ministro do país tenha de intervir para que os trabalhadores recebam seu salário. Mas, por outro lado, é um símbolo das preocupações do atual governo.

Os aspectos negativos decorrentes do aforismo proposto pela ciência, a de se julgar capaz de alterar com sucesso quaisquer aspectos da natureza, não se limitam a provocar a destruição do nosso Planeta, mas se estendem á seus habitantes de muitas formas. Entre estas, as mais nocivas são as enfermidades provocadas seja pelos desequilíbrios ambientais – o cenário perfeito para a proliferação de bactérias e vírus inúmeras vezes mortais e pelos desequilíbrios emocionais – stress - sendo que em relação à este ultimo devem-se somar também os estragos causados pela poluição do organismo através das drogas medicinais que são ingeridas. Em outras palavras, seja o Planeta Terra, como o organismo do ser humano, estão adoecendo porque não conseguem mais reciclar a grande quantidade de “lixo” que recebem.
Quando o patriarcalismo começou a fracassar, ou seja, no momento em que a oferta dos bens produzidos - e o desejo de possuí-los - ficou aquém do alcance do poder de compra de um só assalariado, a primeira conseqüência foi à emancipação da mulher. Porem, quando esta deixou os filhos para assumir um posto de trabalho, e ampliar desta forma as possibilidades de consumo, tentando encontrar nas posses a felicidade - estes se “emanciparam” também. De fato, ao passarem a se desentender com os pais, ao serem deixados aos cuidados de babas, escolas ou parentes se desestabilizaram, conscientes ou inconscientemente passaram a “aprontar” cada vez mais, um método natural de chamar atenção, exigindo, ao mesmo tempo, outras formas alternativas de satisfação.
A mãe, contudo, não foi agredida emocionalmente só por estas preocupações, mas pela constatação que o ambiente de trabalho é um foco continuo de decepções: angústias, medos, rivalidades, agressões, pressões etc., os ingredientes apropriados para transformá-la, em pouquíssimo tempo, em mais uma vitima da doença do século.
Esta enfermidade, que a medicina chama stress, depressão ou hipertensão, e tenta controlar receitando drogas antidepressivas, nem sempre é curável, e, por conseguinte, seus efeitos se acrescem aos demais que já vinham conturbando a vida de qualquer casal, e, por extensão, o relacionamento com os filhos.
Estas inquietações, como não são passiveis de serem trancadas em uma gaveta, se manifestam através da impaciência, do mau humor, da falta de amor, da intolerância e da agressividade, e como um vírus, terminam sempre por infectar todo o ambiente domestico.
Resultado: ao invés de cultivar o entendimento, o carinho, a confiança e o respeito recíproco, instrumentos indispensáveis para dosar aos filhos - no momento adequado e através do dialogo - as reprimendas ou correções que se fazem necessárias para inseri-los e discipliná-los no contesto da família, da sociedade e da cidadania, espargem o sêmen da não aceitação, da revolta e agressividade, tornando os adolescentes seres frios, insensatos, irresponsáveis e desajustados.
Estes conflitos acabam gerando nos pais - como efeito colateral - uma sensação de culpa, sensação esta que para ser amenizada exige atitudes compensatórias. Assim, a precisão de tentar “recuperar o perdido” torna-se sinônimo de mimos desnecessários: passeios, roupas de marca, tênis importado, animais de estimação, moveis novos para o quarto, objetos decorativos, televisão, som, computador e tantas outras coisas que empurram á criança ao vicio do consumismo irresponsável. Aberta a porta para este tipo de terapia, os caminhos que se sucedem são múltiplos.
O primeiro efeito, mesmo se inicialmente se reveste de um certo sossego, por contrariar o ditado que diz: “não de o peixe mas ensine a pescar” ensina aos filhos que existe sempre uma formula para conseguir o que se quer sem esforço próprio. O resultado são adultos pessoalmente, psicologicamente, ou até profissionalmente problemáticos, que, tendo a chance, permanecem dependentes dos pais, ou então, ou se encaminham pelas trilhas do ilícito, ou para fugir das responsabilidades da vida, se entregam aos vícios. Quantos destes casos estão se repetindo mesmo entre as pessoas que conhecemos ?
A terapia do “dar para receber”, além disso, se houver mais do que um filho, acirra o ciúme que naturalmente já existe e abre espaço para novas disputas só amenizáveis através de “mais doações”. Mesmo assim, o resultado muito dificilmente é o esperado.
Mas mesmo quando o filho é um só, essa terapia causa efeitos colaterais e inoportunos. Quando o quarto de um filho (a) é transformado em um lar dentro do lar, exemplificando, quando este cômodo é dotado de todo o conforto tecnológico moderno, adeus harmonia familiar: sentar junto, conversar, trocar idéias, ou apreciar um bom filme tornam-se atos irrealizáveis.
Pior do que isso. À maioria das vezes este “dormitório” se transforma em uma cidadela inexpugnável aos pais.
Assim educados, os filhos tendem a se tornar consumistas compulsivos e, sem o gozo do beneficio do bom senso, por não ter como avaliar o impacto de suas exigências no orçamento domestico, passam a exigir cada vez mais até chegar ao ponto que o orçamento não permite atendê-los. Quando seus caprichos - chantagens emocionais – por este motivo, ou outros, deixam de ser satisfeitos, a contrapartida é o recrudescimento da incompreensão, e com ela a falta de respeito e de dialogo.

Exemplo:
Mãe: O que você quer filho?
Filho: Guitarra!
Mãe: Não vou levar uma guitarra para você.
Filho: Eu quero.
Mãe:Hoje a mãe não vai levar, está bom?
Filho:Hoje?

15 minutos depois...

Filho: Eu quero (chorando)
Mãe: A gente compra outro dia, prometo.
Filho: È dia! (berrando. Eu quero” (chorando)
Mãe: Não faz assim! Vai escolher outra coisa, então Outra coisa baratinha. Tadinho!
De birra em birra, cada vez mais os filhos tem poder de decisão nos gastos da família. É o que diz uma pesquisa realizada em São Paulo e no Rio de Janeiro, entre as mães de todas as classes sociais, com filhos de 2 a 14 anos.
Em 2002, 71% das crianças e adolescentes já influenciavam fortemente as compras familiares. Em 2005, esse percentual aumentou para 82%.
“Meu dinheiro vai praticamente todo com ele. È brinquedo, é bala! Eu compro tudo o que ele quer. Chega o final do mês, estou sempre sem dinheiro”, confessa a estudante Mariana, mãe de João Felipe, que berrava pela guitarra. De acordo com a psicanalista Ana Olmos, essa atitude é péssima. “Tem que morrer essa onipotência de que é ela quem decide, e ela que sabe, em um momento que ela não tem condições de decidir” alerta.
Mas vem acontecendo exatamente o contrario! Segundo a pesquisa, no supermercado, por exemplo, 23% das compras são de produtos escolhidos pelas crianças e pré-adolescentes. A nossa equipe acompanhou Fernanda e seus dois filhos, Bruno (4 anos) e Luiza (1 ano e 4 meses) durante algumas compras. Pequenos assim, será que já mandam no bolso dos pais?
Bruno: Biscoito!
Fernanda: Esse ai? Leva outro.
Bruno: eu quero levar este também.
Fernanda: Você já pegou bolinho de chocolate .
Bruno: Eu vou levar esse também...Agora vou levar esse.
Fernanda: Você quer tudo!
Mesmo pequenos, eles não aceitam negociar!
Fernanda: Tira uma coisa aqui de dentro e leva isso.
Bruno: Eu não vou tirar.
Por que será que Fernanda não consegue dizer não? “Porque eles são tudo que eu tenho e nunca vou dizer não para eles”, justifica.
Entretanto, de acordo com a psicanalista, o maior amor do mundo é saber dizer não ao filho. “É dizer que lamentavelmente a mamãe não vai comprar isso porque não precisamos ou porque não podemos”, argumenta Ana Olmos.
Segundo a pesquisa, na hora da compra, mães que trabalham fora tem mais dificuldades em dizer não do que as mães que não trabalham. E isso influencia diretamente na reação dos filhos quando os pais se recusam a comprar alguma coisa para eles. Filhos daquelas que não trabalham, e não tem dificuldades em impor limites, normalmente reagem com compreensão. Já os filhos das mães que trabalham fora e tem dificuldades em dizer não, reagem com inconformismo e incompreensão.
A pesquisa divide as crianças em tres grupos: as rebeldes são a maioria, com 40%. Elas tem entre tres e 6 anos e pertencem as classes A e B. Essas são as que fazem birra.
“Quando ela pede alguma coisa e não dou, ela fica muito nervosa e quer me bater”, conta a vendedora Maria Conceição Martins, com a filha no colo.
Os compreensivos são 27%, a maioria das classes C eD. Entendem perfeitamente quando os pais dizem não.
“Se não tem ela fica até calma, entende e reage bem”, elogia a copeira Catarina Oliveira, acompanhada da filha.
No total, 33% das crianças são estrategistas: deixam de pedir por um tempo, mas voltam a insistir depois. A psicanalista alerta: a criança tem que aprender a lidar com a frustração, a controlar o seu desejo, para não sofrer mais tarde. Hoje, para as adolescentes Aline, Mayara e Vitória, comprar virou um transtorno.
“Quando quero muito uma coisa e vejo que já tenho, fico pensando que tenho que comprar para ficar melhor”, explica Aline, de 13 anos.
Quando os pais podem perceber que o desejo de consumir dos filhos está virando uma doença? “Quando ela entra em angustia, não esquece mais aquilo e quer comprar. A criança acha que não vale alguma coisa sem estar com aquele objeto de consumo”, ensina a psicanalista.
“Se não tenho o celular que meu amigo tem na escola, me sinto um pouco triste e inferior, porque queria ter o celular que ele tem e eu não tenho”, confessa Vitória de 13 anos.
Os pais devem prestar atenção nas seguintes situações: Seu filho usa tudo o que compra? Ele perde o interesse logo depois da compra?Ele continua com o desejo de comprar mais alguma coisa logo em seguida? Se o pai se identificar com alguma dessas situações o que significa?
“Que ele tem que aprender a dizer não”. O pai tem que ter coragem de deixar o filho enfrentar essa ansiedade: “eu quero porque acho que vou morrer se não tiver!” Então deixa, para a criança ver que não vai morrer”, ensina Ana Olmos. “Você vai deixar seu filho descobrir outra maneira de viver. E tenho certeza que a criança será mais feliz”, finaliza.
Fonte: Rede Globo, Programa Fantástico de 24 de abril 2006

Nesta fase, para os filhos, permanecer no lar com os pais se torna sinônimo de sermões ou reprimendas, e para evitar isso, “utilizam toda a sua criatividade” para permanecem nele o menor tempo possível. Os amigos, e suas respectivas residências - quando não as ruas com todos os perigos que representam - não somente passam a substituí-lo, mas se tornam os locais preferidos.
É exatamente nesta fase que os adolescentes começam a se sentir atraídos pelo sexo oposto, e por não saber lidar com estas sensações, consomem o ato entregando-se um ao outro sem ter como medir as conseqüências. O resultado é aquele que conhecemos. No Brasil, estatisticamente falando, aproximadamente 60% das mães são adolescentes, maternidades precoces que nos últimos tempos equivalem a um milhão de casos anualmente.
Neste cenário, ou em situações semelhantes, os pais costumam perder o controle, e, diante da magnitude do problema, começam a se acusar mutuamente abrindo feridas tão profundas que na maioria das vezes levam à separação.
Alguns exemplos entre os muitos que vivenciamos com o objetivo de facilitar um “reencontro”:
· “Estou atravessando momentos com os quais não estou conseguindo lidar. Meus filhos mudaram muito e seu comportamento é extremamente agressivo: não só não querem me ouvir e muito menos respeitar, mas literalmente me agridem e ameaçam sair de casa mesmo com a pouca idade que tem. Estão indo mal na escola, expulsos da sala de aula por mau comportamento, e se o pai lhe pergunta o motivo respondem que são os professores que implicam com eles. Eles não eram assim. Estudavam, tiravam boas notas e sempre foram muito carinhosos. Hoje mentem, escondem fatos, coisas que acontecem, esvaziam a geladeira, comendo tudo o que encontram fora das refeições, e, infelizmente, estamos nos tratando mutuamente como inimigos”.
· “Os problemas de casa decorrem do fato que minha filha Pietra, de 14 anos, me culpa porque seu pai, que era meu marido, foi embora. Quase não conversa comigo, mas o pior é que arrumou um namorado que não tem boa conduta. Não se dá com os pais, mora com a avó e esta senhora já idosa não pode com ele. Confesso que estou muito preocupada com a relação que existe entre os dois, porque ela, como sempre teve muitas dificuldades em se relacionar – sente-se rejeitada, excluída, como se ninguém lhe quisesse amar ou sentir carinho por ela - pode estar iniciando um relacionamento perigoso. Conversei com o meu ex-marido lhe pedindo para me ajudar com a Pietra, mas ele, com ela, tem muito pouco dialogo e só discute. Isso fez com que ela se afastasse completamente dele. Esse rapaz, Bruno, o namorado dela, afinal é só um menino de 17 anos seguindo por caminhos que não levam a nada. Nem endereço fixo ele tem porque quando briga com a avó vai para a casa de outros parentes que eu nem sei quem são”.
· “Minha filha tentou se suicidar. Ingeriu veneno de rato mas por sorte a irmã menor telefonou e assim conseguimos levá-la ao hospital para uma lavagem em tempo. A filha, uma bela adolescente de 14 aparentando 18/20 anos que já conhecíamos por ter problemas de relacionamento com os pais separados, depois da alta, continuou dizendo aos pais que não suportava mais a sua vida, e assim sendo, a única solução era morrer. Semanas depois a mãe nos procurou novamente dizendo que seja ela, como o pai, não sabiam mais o que fazer porque a filha permanecia dizendo que ia se matar. Ela tem um namorado, ou melhor, tinha um namorado de 18 anos que lhe deu um fora, e esta deve ser a razão. Tentei trazê-la para que o Sr. conversasse com ela mas bateu o pé e não quis me acompanhar. Senhora, lhe dissemos, é muito superficial achar que sua filha quer se matar por isso ou por aquilo. Temos que vê-la para ler na sua mente o motivo que a esta traumatizando, para posteriormente os pais adotarem as medidas que o caso requer! Dias depois a verdade veio a tona: por um lado morria de medo dos pais, e do outro o namorado a tinha deixado depois de saber que a engravidara.
Nos tres casos, que com certeza exemplificam centenas de milhares de situações similares que ocorrem no mundo, os prejuízos psicológicos são dificilmente avaliáveis, e o “stress” é o grande responsável, o vilão de todas as histórias. Mas afinal, o que é stress?
Para sermos sinceros, do ponto de vista da medicina, claro, mister se faz afirmar que o “stress” não é o vilão que acabou de ser mencionado, mas tão somente uma função fisiológica natural do corpo. O stress é uma reação neuro-endócrina / metabólica / motora do corpo, diante de situações que, por não se estar acostumado a enfrentar, exigem uma adaptação.
O termo Stress – estresse - vem da engenharia e é utilizado para indicar a capacidade de resistência de uma estrutura, ou seja, o limite de peso que ela pode suportar, acima do qual ela se romperá.
Hans Selye, médico canadense e grande estudioso do assunto, passou a utilizar esse termo nas questões humanas e denominou o conjunto de reações adaptativas do organismo a novos limites - evitando assim seu rompimento - “Síndrome Geral de Adaptação ao Estresse”.
Repetindo: é uma reação neuro-endócrina / metabólica / motora do corpo, diante de situações que, por não se estar acostumado a enfrentar, exigem uma adaptação. O stress só se manifesta, então, se não houver uma adaptação. Neste caso temos:
· O stress positivo, que é representado pelo nível de ansiedade e expectativa que nos prepara para enfrentar os desafios da vida moderna.
· O stress negativo, aquele que é vivido como se fosse uma agressão física ou psíquica, que produz um nível de tensão acima daquela que o individuo está habituado ou mentalmente habilitado a suportar.
Muitas daquelas situações onde o individuo “se sente em perigo” são fontes externas de stress, mas existem também as internas, que tem origem nos perigos que o individuo “imagina”. Estes resultam da sua história pessoal ou da sua maneira de se relacionar com o mundo.
O stress se manifesta através de vários sintomas: insônia, sensação de fraqueza constante, enxaquecas, depressão, falta de interesse, erupções cutâneas de tipo alérgico, suores, crises de desespero e choro, falta de ar, boca seca, respiração ofegante, ataques agudos de ansiedade, impossibilidade de concentração, perda do bom humor, falta de apetite, ou, ao contrário, voracidade incontrolável, e por fim a deterioração das relações afetivas sejam elas quais forem.


O stress patológico divide-se em fases:
· Na primeira fase, a hipertensão se manifesta pelo meio de um persistente estado de “alarme”, acompanhado por uma permanente sensação de perigo, que faz com que o individuo se mantenha sempre na defensiva e pronto para agredir, situação esta que obriga o organismo a utilizar grande parte das suas energias.
· Na segunda fase constata-se um agravamento dos sintomas, e o estado de “alarme” é substituído por um estado de “guerra” contra tudo e todos.
· Na terceira fase não existe mais controle e leva o organismo ao exaurimento completo.

O stress, até alguns anos atrás só privilegiava os adultos, todavia, mais recentemente ampliou seu leque e passou a envolver as crianças. O alarme partiu da Sociedade Americana de Hipertensão – a partir de agora, os médicos pediatras devem medir a pressão arterial dos pacientes com mais de quatro anos de idade. As novas diretrizes foram divulgadas num encontro recente de especialistas em Nova York e serão publicadas na edição de julho da revista cientifica “Pediatric”. O zelo se explica. Nos últimos dez anos, detectou-se um aumento significativo dos níveis de pressão arterial em crianças e jovens. E esse é um caminho para o desenvolvimento da hipertensão, um dos principais fatores de risco para o coração, ao lado do colesterol alto e do diabetes. Pesquisas mostram que 80% das crianças com níveis de pressão acima do desejável, ou seja, a partir de 12x8, tem grande probabilidade de se tornarem adultos hipertensos. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que a hipertensão infantil era rara. Hoje já se sabe que ela é bastante comum, diz o cardiologista Flávio Cure, pesquisador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Por trás do aumento dos níveis de pressão arterial nas crianças, estão o excesso de peso e o sedentarismo. Nos Estados Unidos, a porcentagem de meninas e meninos gordinhos, entre seis e onze anos, triplicou desde os anos 60. Uma em cada sete crianças é obesa, ou seja, está no mínimo 25% acima do seu peso ideal. No Brasil, estima-se que esse números seja o mesmo – as mães brasileiras adoram entupir seus filhos de farináceos e açúcar, na crença de que a gordura é sinônimo de saúde. Para estes casos, não há estratégia melhor do que orientar os pais a incentivar mudanças na alimentação e nos hábitos do dia a dia dos seus filhos. No entanto, em 5% a 10% das ocorrências, a hipertensão é sintoma de algum distúrbio, como alterações hormonais ou doenças cardíacas e renais congênitas. A saída são os tratamentos medicamentosos. Desde que a Food and Drug Administration, agencia de controle de venda de alimentos e remédios nos Estados Unidos, autorizou estudos clínicos com crianças, os médicos estão mais seguros em prescrever remédios anti-hipertensivos para elas.
As novas recomendações americanas, que certamente serão seguidas pelos pediatras brasileiros, só foram possíveis graça a um estudo de quase vinte anos, que acompanhou milhares de crianças de 1977 a 1996. Com base nos dados, os pesquisadores puderam definir a pressão ideal por idade, sexo e faixa etária. De maneira geral, meninos e meninas devem ter uma media de 11X7. Cerca de 20% das crianças que moram nos grandes centros urbanos, no entanto, apresentam uma pressão arterial de 12X8 para cima. Esse numero se refere aos Estados Unidos, mas os especialistas acreditam que por aqui não seja muito diferente.
Fonte: revista Veja do dia 2 de junho de 2004
É de se estranhar, entretanto, que só porque a Food and Drug Administration autorizou estudos clínicos com crianças, os médicos se sintam mais seguros em prescrever remédios anti-hipertensivos para elas. Remédios, queiram ou não são drogas, e os anti-hipertensivos são drogas fortíssimas, desta forma, só deveriam ser receitados depois de esgotadas todas as demais opções, como, por exemplo, quando falha o bom senso dos pais, e depois do eventual insucesso de um terapeuta.
Se ao nível da própria natureza, como vimos, o resultado do desequilíbrio entre a poluição que é emitida e aquela que é absorvida, cria efeitos desastrosos e historicamente incontroláveis, que nível de implicações este mesmo desequilíbrio deve provocar em serem humanos, especialmente crianças?
Se 50 toneladas de lixo contaminam definitivamente um hectare de terra, através do liquido tóxico - o chorume - que se origina com a decomposição do material orgânico, que quantidade de drogas medicinais (somadas as demais substancias químicas presentes nos alimentos, alem da poluição, fumo etc.) é necessária para contaminar definitivamente o organismo de um individuo, levando em conta todos os delicados órgãos que contem?
Segundo o “Journal of the American Medical Association”, médicos da Universidade de Massachusetts - nos Estados Unidos - analisaram a ficha medica de mais de 30.000 pacientes da rede publica americana com mais de 65 anos, e entre eles identificaram mais de 1.500 com problemas causados por “associações de diferentes medicamentos!”
· 26.6% tinham problemas renais.
· 21.1%, gastrintestinais.
· 15.9%, hemorragias.
· 13.8%, distúrbios metabólicos.
· 8.6%, danos neuropsiquiátricos.
Mas, vamos retornar ao assunto anterior: os anti-hipertensivos ou antidepressivos que os médicos - segundo a reportagem - se sentem mais seguros em prescrever depois que a Food and Drug Administration autorizou estudos clínicos com crianças, para explorá-lo um pouco mais a fundo.
· Em Juno de 2003 a FDA (Food and Drug Administration), desaconselhou o uso do antidepressivo “Aropax” para os menores de 18 anos. O motivo: um possível aumento no risco de suicídio entre os jovens.
· Em agosto de 2003 o laboratório Wyeth, fabricante do “Efexor”, anunciou que entre os pacientes de seis a dezessete anos que usam o medicamento há um aumento de comportamentos hostis e pensamentos suicidas.
· Em março de 2004 a FDA fez um alerta formal e recomendou atenção para o possível surgimento de tendências suicidas entre jovens medicados com Prozac, Zoloft, Efexor, Remeron, Serzone, Luvox, Lexapro, Zyban, Wellbutrin, Celexa - os dois últimos vendidos no Brasil com o nome Cipramil e Aropax - determinando que os usuários fossem informados a respeito dos riscos.
Até pouco tempo atrás só os adultos vitimas de depressão eram tratados com remédios. Em meados dos anos 90, com a criação de antidepressivos mais potentes e com menos efeitos colaterais, crianças e adolescentes passaram também a ser medicados. Tudo estaria bem não fosse por um problema: há menos de um ano, pais de jovens deprimidos começaram a relatar casos de suicídios logo depois de ministradas as primeiras doses dos medicamentos ou alguns meses após o inicio do tratamento. Não existe nenhuma evidencia cientifica de que os antidepressivos possam estar relacionados às mortes. No entanto, por via das duvidas, e até que se prove o contrario, a FDA fez um alerta formal à comunidade medica, recomendando atenção para o possível surgimento de tendências suicidas em crianças e adolescentes tratados com antidepressivos. O órgão sugeriu, ainda, que os fabricantes imprimam essa advertência de forma visível no rotulo dos produtos.
Os antidepressivos utilizados em crianças atuam nos níveis de duas substancias cerebrais, a serotonina e a noradrenalina. A serotonina está ligada à motivação, energia e atenção. A noradrenalina, a impulsividade, apetite e libido. Em conjunto, elas regulam o humor e as funções cognitivas. Remédios como o Prozac, Zoloft, Efexor e o Cipramil causam menos reações adversas e por isso são mais bem tolerados.
Nenhum deles, com exceção do Prozac, foi testado na faixa etária entre 7 e 17 anos. A falta deste tipo de informação é uma faca de dois gumes – fica impossível saber ao certo se os jovens que tomaram antidepressivos já são naturalmente mais vulneráveis ao suicídio ou se o remédio, ao alterar a química cerebral, poderia estimulá-lo. Uma das teorias mais aceita para ajudar a explicar o suicídio em jovens que tomam antidepressivos é a de que esses remédios, ao tirá-los da letargia da depressão grave, acabaria por lhes dar energia para fazer o que não era possível no momento de paralisia: por fim à própria vida. Isso ocorre, em geral, logo no começo do tratamento, quando não houve tempo suficiente para uma mudança mais efetiva do quadro do paciente.
Para a grande maioria dos psiquiatras, a preocupação da FDA é exagerada. Eles argumentam que o verdadeiro motivo do suicídio está na depressão em si, e não nos antidepressivos. Tudo estaria bem não fosse por um problema: há menos de um ano, pais de jovens deprimidos começaram a relatar casos de suicídios logo depois de ministradas as primeiras doses dos medicamentos ou alguns meses após o inicio do tratamento, ou seja, os remédios simplesmente poderiam não estar funcionando nestes casos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a depressão é a causa mais comum de suicídio, à frente do alcoolismo, esquizofrenia e transtornos de personalidade. A adolescência é uma fase da vida marcada por angustias, duvidas e melancolia. Por isso, seria também uma época propicia à depressão. Algumas vezes o que leva o adolescente à procura de ajuda medica é o pensamento suicida. O que mostra que, mesmo antes de ser medicado, ele já estava propenso de alguma forma a tirar a própria vida, diz a psiquiatra Helena Calil, da Universidade Federal der São Paulo.
No Brasil, como a depressão entre jovens é pouco diagnosticada, antidepressivos quase não são receitados para essa faixa etária – não é isso que nos consta. Já nos Estados Unidos, na década de 90, o uso de antidepressivos entre crianças e adolescentes aumentou 60%.
Alguns médicos vêem um certo exagero. Acreditam que muitos especialistas estão tratando a típica angustia juvenil como depressão. Para eles, nos casos em que há necessidade de ajuda externa, existem técnicas tão ou mais efetivas do que os remédios, como terapias cognitivas e comportamentais. Antidepressivos só nos quadros mais graves e com um acompanhamento rigoroso.
Fonte: revista Veja do dia 31 de março 2004
Para finalizar o tema relacionado à emancipação da mulher, agora no que tange ao aspecto educacional dos filhos, verifica-se que a maioria dos pais – “absorvidos pelas vicissitudes da vida”, não tem mais tempo e paciência pára fazer aquela parte que seus avos fizeram com seus genitores, ou seja, esculpir em suas almas com amor e carinho, enquanto estas permanecem um livro em branco - aproximadamente até o sétimo ou oitavo ano de vida - os valores morais imprescindíveis para torná-los na vida adulta seres moralmente íntegros e tolerantes. Em outras palavras, a fixação das “bóias” para lhe demarcar os limites entre o certo e o errado e o bem e o mal.
Os pais, ao abdicar desta inalienável responsabilidade - uma vez estas crianças ao crescerem sem a “ancora” para os manter no terreno do licito, antes ou depois invadirão o ilícito - assumem uma responsabilidade que não sabem avaliar, porque serão chamados a responder, pela dor e o sofrimento, todas as vezes que seus filhos “tiverem que pagar” por estarem transitando nas veredas do censurável.
A desculpa dos pais, por assim agirem, é a alegação que a tarefa de disciplinar cabe as escolas e aos professores, esquecendo-se que estas instituições, por estarem inseridas no mesmo paradigma, também estão em crise: como o objetivo principal é o lucro, a educação passa a ser uma conseqüência, e seguindo esta retórica, nem sempre buscam o melhor profissional de ensino, mas aquele que aceita o emprego mesmo tendo que abrir mão de seus princípios, alem de não ser muito exigente em relação ao salário.
Um educador com este perfil, provavelmente, não é aquele que se predispõe a enfrentar até situações difíceis no comprimento das suas responsabilidades, mas o que se satisfaz em coexistir politicamente com eles, abdicando de seu encargo de docente. Hoje, especialmente nesse País, como nas demais áreas, existem muitos aspectos que dificultam a atividade daquele que ensina.
· Muitos professores são ameaçados pelos próprios alunos, ou parte deles, notadamente quando a droga tem acesso ao recinto da escola.
· Outros professores, aqueles que “batem de frente” com os alunos no sentido de se impor disciplinarmente, acabam sendo contidos pela diretoria da escola, por que esta já aprendeu que diante de um impasse aluno-professor - pelas razões já expostas – os pais aceitam preferencialmente a versão dos filhos, e o resultado é que o aluno é transferido para outra instituição.
· Quando o governo, através do (MEC) Ministério da Educação e Cultura, dita normas - como a que vigia até recentemente: o aluno da primeira a quinta serie não pode ser reprovado.
Há mais. No contexto do terceiro milênio o conteúdo das disciplinas escolares deixa muito a desejar: continua privilegiando a historia, a geografia, a matemática, as línguas etc.etc., com o objetivo de estimular a cultura, sem se preocupar, no entanto, em desenvolver a inteligência. Também não preparam, como deveriam, os alunos a enfrentar as doenças, os fracassos, a ruptura de laços afetivos, a dor, a morte, ou seja, a aceitar e conviver harmoniosamente com os opostos, mesmo sabendo que, quando não se sabe enfrentá-los, estes se tornam a causa de enfermidades, dependências, mortes e até suicídios.
A maioria das escolas são organizações tipicamente cartesianas: máquinas e peças. Ensinam à física, mas não a conviver com o cotidiano. Dão conhecimentos para compreender a natureza, mas não o nível de interação que se deve ter com ela. Além disso, com o “conteúdo” que a televisão leva livremente dentro dos lares, e a violência que é praticada través dos videogame, um reflexo da que está nas ruas, o já precário ensino escolar entra em estado falimentar.
Existem outros aspectos. Há vários anos, no mundo, com ênfase em alguns países - o Brasil é um deles - tomou forma à idéia que as crianças estavam sendo tiranizadas, independentemente de onde estivessem. Assim, leis foram homologadas para lhe garantir proteção contra a violência, mesmo se esta violência se resumia em um grito ou uma exigência um pouco mais severa por parte de um educador ou até dos próprios pais.
A própria ciência, através da psicologia, por não estar apta – mesmo se julga sê-lo - a ajuizar onde termina a disciplina e quando inicia a insensatez, durante as seções terapêuticas que cobra a razão de C$. 150,00 a C$. 300,00 cada uma, assevera aos pais que as crianças quando são “tolhidas em seus anseios” ficam traumatizadas. Não se dão conta que o mundo de hoje, em relação ao respeito seja aos pais, aos idosos, à sociedade como um todo e a própria cidadania, está muito, muito mais desarmonizado do que o era 50 anos atrás quando as crianças eram disciplinadas mais energicamente. Alias, basta ver o insucesso que inúmeros psicólogos – aplicando suas teorias – conseguem em seus próprios lares.
A violência, entretanto, por ser um terreno muito irregular, é difícil de ser pormenorizada, detalhada ou decifrada, por isso qualquer afirmação é este respeito é dúbia. Um exemplo disso é o que acontece nas instituições como a FEBEM, e o que é feito nas cracolândias da cidade de São Paulo e em todas as que lhe são similares. As autoridades simplesmente continuam permitindo que crianças se violentem a si mesmas através do consumo de drogas, e que assaltem - muitas vezes até ferindo suas vitimas - preparando-se não somente para financiar o vicio que lhe foi imposto pelos traficantes, mas para se tornarem assassinas.
Em um trecho de uma entrevista com o subprefeito da Sé, publicada no “O Estado de São Paulo” no dia 13 de março de 2005, isso fica bem claro.
· Pergunta: Que balanço o senhor faz dos primeiros dias da Operação Limpa?
· Resposta: Já melhorou bem e estamos determinados a continuar. Acabar com a Cracolândia é o meu objetivo, a minha obsessão. Quero que ela troque de nome. Quero deixar de ver crianças de 7, 8 anos fumando crak, assaltando, passando drogas. Não é fácil, mas dá para resolver. Não pode ter este descumprimento da lei nas barbas do poder publico e da sociedade o tempo inteiro. Nos temos instrumentos para agir e estamos agindo. O objetivo maior é asfixiar o trafico, que é o gerador de tudo.
Asfixiar o trafico? Uma idéia excelente, mas historicamente inexeqüível em todos os paises do mundo, inclusive naquele que mata com um tiro de revolver na nuca, em praça publica, cobrando ainda da família o custo da bala.
A bem da verdade, se por um lado foi demonstrado que é impossível exterminar a produção e distribuição da droga, do outro, mesmo entre as autoridades, existem as que defendem a sua liberalização. Contudo, com certeza é exeqüível - investindo da forma adequada – não só evitar que outras crianças sejam levadas ao vicio, mas endereçar as que já são dependentes a instituições adequadas para curá-las - lembrando que a responsabilidade não é delas por se encontrarem neste inferno – preparando-as, depois, para enfrentar os desafios da vida com alguma chance de sucesso.
A somatória dos aspectos abordados, e dos demais que, através da imprensa, se percebe que lhe são similares, com certeza estão na origem do fato que neste país cerca de 70% dos jovens que são encarcerados pertencem à classe media.
A pergunta que muitos formulam, contudo, continua ser resposta: será que efetivamente todos os setores sociais foram atingidos pelos vagalhões da crise? Com o renascentismo começou-se a falar em modernidade, e com ela, em desenvolvimento. Mas a visão de desenvolvimento deveria ter um componente ético. Hoje, entretanto, modernização é um conceito de uma dimensão tecnológica muitas vezes amoral, portanto na contra mão do bem-estar das pessoas.
Hoje, no mundo, por força do paradigma vigente, as poucas civilizações do passado se transformaram em uma imensidão de países, e destes, só sete são ricos. Os demais são pobres ou paupérrimos, e estas diferenças em grande parte são devidas aos interesses escusos das elites que os habitam. Mesmo assim, são poucos os projetos dos paises ricos para o desenvolvimento sustentado das áreas pobres do mundo. Poucos e ineficientes, porque costumam permitir que os governos destes países se apossem da grande parte do que lhe é doado. Desse modo, só no continente Africano, anualmente, morrem de fome milhares de pessoas.
À preocupação para desenvolver processos produtivos cada vez mais eficientes para baratear os produtos, hoje é substituída no sentido de aprimorar as técnicas de especulação. O mundo virou um cassino global, porém, a grande maioria da população não pode freqüentá-lo porque não tem condições financeiras para isso. Na contrapartida, no mundo, o emprego está cada vez mais escasso devido à tecnologia. Alguns exemplos do cenário nacional:
Algum tempo atrás, em uma entrevista televisionada, o Dr. Antônio Ermírio de Moraes disse que seu grupo empresarial há dez anos tinha 62 mil funcionários e naquele momento só possuía 40 mil.
Em 1980 a Volkswagen do Brasil empregava 45 mil pessoas e produzia 750 veículos/dia. Atualmente fabrica 1.25 mil com apenas 25 mil dependentes diretos.
É um processo que se por um lado demonstra um avanço tecnológico jamais antes disso alcançado, do outro, é extremamente angustiante. Não só para os milhões de trabalhadores que perderam o emprego - a taxa de desemprego no mundo está por volta de 14% - mas por todos aqueles que por possuí-lo, morrem de medo de perdê-lo.
Fala-se da competitividade entre as nações ou blocos delas, e há queixas porque todas elas defendem seus interesses. Este aspecto é polemizado pelos países em desenvolvimento, contudo, eles procedem de forma idêntica seja entre eles, como em seus próprios territórios quando um Estado se contrapõe aos demais Estados para melhorar a arrecadação de impostos. Para mitigar estes litígios seria necessário satisfazer a todos. Mas isso é impossível. Como, por exemplo, fazer com que as exportações de todas as nações sejam superiores as suas próprias importações? Matematicamente é impossível. No entanto, cada uma dela pode fazê-lo gerenciando a si mesma.
À síntese destes aspectos, hoje manipulados pela ciência enquanto que no passado era pela religião, não deixa duvidas. O paradigma newtoniano-cartesiano privilegia poucos em detrimento de muitos. Mas sua maior negatividade reside no fato que “marginaliza e anula” quem se propõe a alterá-lo. Continua sendo um processo exclusivamente voltado a defender os interesses daqueles que o manuseiam, e não se move um milímetro em outras direções.
Em maio de 2003, o cientista americano Morris Goodman, em um estudo publicado na revista cientifica PNAS, após proceder a uma comparação do DNA do homem e do chimpanzé, demonstrou que as duas criaturas possuem 99,45% de semelhança genética e por isso pediu que o chimpanzé fosse incluído no “gênero homo”.
Um ano antes, em 2002, o geneticista Italiano Luigi Luca Cavalli-Sforça, no livro “Gênese, Povos e Línguas”, traçou, após analisar milhares de exames de DNA, um mapa da evolução humana, demonstrando que não existem raças diferentes no planeta terra, uma vez que a cor branca, preta e amarela que as distinguem, são conseqüências da adaptação do homem ao clima do habitat que escolheu para morar. Afirmou ainda que os primeiros homens surgiram na África, e a pele preta era a proteção necessária contra o forte sol equatorial. Cem mil anos depois, quando este começou a migrar, as características físicas foram se adaptando as novas condições climáticas. Assim, a pele de quem se mudou para o continente europeu ficou branca para captar melhor os raios ultravioletas e suprir a carência da vitamina D, e as narinas se estreitaram para aquecer o ar antes que chegasse aos pulmões, e os que se transferiram para o oriente, ganharam dobras adiposas ao redor dos olhos para protegê-los dos gélidos ventos siberianos.
64 anos antes, todavia, através da psicografia de Francisco Candido Xavier, o espírito Emmanuel, no livro “A Caminho da Luz” dizia:
· Pagina 29: “Esses antropóides, antepassados do homem terrestre, e os ascendentes dos símios que ainda existem no mundo, tiveram a sua evolução em pontos convergentes e daí os parentescos sorológicos entre o organismo do homem moderno e o do chimpanzé da atualidade”.
· pagina 32: Os antropóides das cavernas espalharam-se então, aos grupos, pela superfície do globo, no curso vagaroso dos séculos, sofrendo as influências do meio, e formando os pródromos das raças futuras em seus tipos diversificados.
Em 1997 a ciência, através da engenharia genética - clonagem - um método que segundo ela permitiria a reprodução de copias idênticas de seres vivos, “produziu“ a ovelha Dolly a partir das células de DNA de um animal adulto. Para conseguir este resultado - “vendido inicialmente como um grande sucesso cientifico” – teve que criar aproximadamente 380 seres, muitos deles monstruosos, que morreram em seguida, ou tiveram que ser sacrificados devido as suas formas. Entretanto Dolly, com seis anos - portanto jovem ainda - teve que ser sacrificada porque já sofria de um mal que se alastrava no pulmão e de artrite, enfermidades estas típicas de envelhecimento precoce.
Com esta experiência os cientistas constataram três situações diferentes:
-A inexplicável dificuldade de clonar, ou seja, os 380 insucessos e todas as respectivas conseqüências.
-A constatação que o seu “eu interior” em nenhum momento foi idêntico ao do animal que doou as células.
-A comprovação que as células só possibilitaram a reprodução física um ser similar, e como não podia deixar de ser, de uma criatura que, mesmo nascendo depois, manteve a mesma faixa etária do doador.
Em relação a estas verdades 39 anos antes, conseqüentemente em 1958, Francisco Candido Xavier e Waldo Vieram, pelo espírito de André Luiz, psicografaram o livro: “evolução em dois mundos” no qual disseram:
· Pagina 45: através da cultura artificial dos tecidos orgânicos, em que um fragmento qualquer desses mesmos tecidos, seja da epiderme ou do cérebro, permanece vivo, por muito tempo, quando mergulhado em soro que, cuidadosamente imunizado e mantido na temperatura correspondente à do corpo físico, acusa uma vida intensa. Decorridas algumas horas, os produtos de excreta intoxicam o soro, impedindo o desenvolvimento celular: mas, se o líquido for renovado, continuam as células a crescer no mesmo ritmo de movimento e expansão que lhe marca a atividade no edifício corpóreo. Todavia, fora do governo da mente que as dirigia, não se revelam iguais às suas irmãs em função orgânica. As células nervosas, por exemplo, com as suas fibrilas especiais, não produzem células com fibrilas análogas, e as que atendem nos músculos aos serviços da contração se diferenciam, regredindo ao tipo conjuntivo.Todas as que se ausentam do conjunto estrutural do tecido inclinam-se para a apresentação morfológica da ameba. Isso ocorre porque as células, quando ajustadas ao ambiente orgânico, demonstram o comportamento natural do operário mobilizado em serviço, sob as ordens da Inteligência, comunicando-se umas com as outras sob o influxo espiritual que lhe mantém a coesão, e procedem no soro quais amebas em liberdade para satisfazer os próprios impulsos. Dentro do mesmo princípio de submissão das células ao estímulo nervoso, é que a experiência de transplantes dos tecidos de embriões entre si, com alguns dias de formação, pode oferecer resultados surpreendentes, de vez que as células, orientadas em determinado sentido, quando enxertadas sobre tecidos outros (in vivo), conseguem gerar órgãos extras, em regime de monstruosidade, obedecendo a determinações especializadas resultantes das ordens magnéticas da origem que saturavam essas mesmas células.
Em 2002, quando a ciência exultava, afirmando que com a clonagem se comparava a Deus, no sentido que se julgava próxima do momento em que conseguiria prolongar a vida dos seres humanos, espargia com a mesma ênfase a certeza que hoje dissemina ao redor do mundo que com as células tronco de embriões humanos vai realizar milagres. Mais um sonho que jamais será realizado. Albert Einstein, estava certo quando disse: “devemos prestar atenção para não fazer da nossa inteligência o nosso Deus, pois, quem se propõe a eleger a si mesmo como juiz da verdade, com certeza vai se afogar no desapontamento que causa naquele que o Criou”.
Em uma outra experiência genética que foi concluída em 2003 (não foi mencionado o número de monstruosidades criadas antes do “sucesso”), um gato foi clonado e o resultado não foi uma cópia fiel do original, nem na aparência e muito menos no temperamento.
A matéria publicada dizia: Rainbow é uma gatinha malhada com manchas castanhas, marrons e douradas. Mas o pêlo do clone só tem listas cinzas. Rainbow é uma gata circunspeta porque seu clone é mais magra, curiosa e brincalhona.
A clonagem da gata Rainbow foi financiada por uma empresa americana a Genetic Savings & Clone. O dono da Companhia, o milionário Jhon Sperling, gastou 3.7 milhões de dólares no projeto com dois objetivos. O primeiro era clonar sua cadela, uma vira-lata chamada Missy, que ainda não conseguira. E o segundo era oferecer às pessoas a oportunidade de clonar seus animais de estimação.
Em janeiro de 2003, os veterinários da Universidade do Texas A&M, responsáveis pelo nascimento do clone de Rainbow, anunciaram uma conclusão surpreendente: apesar de compartilharem o mesmo código genético, os animais clonados não eram cópias fieis dos originais. As causas da diferença ainda não eram claras, mas julgavam que era possível encontrar as explicações nas técnicas de clonagem.
Não há controle sobre o que acontece com o DNA nesse processo, afirmou o geneticista Salmo Raskin. Os códigos genéticos da matriz e do clone podem ser comparados a livros com as mesmas letras dispostas em seqüências idênticas, mas nem sempre as mesmas letras (os genes) se tornam ativas em cada animal. É uma espécie de loteria. No caso dos gatos, ter o mesmo DNA não é garantia de conseguir um padrão idêntico de pelagem, pois fatores ambientais contam na definição das cores. Mas a diferença de personalidade é totalmente inesperada.
A mesma Universidade acompanhou o comportamento de ninhadas de porcos clonados e descobriu que havia entre eles temperamentos tão distintos entre si, quanto havia entre diferentes animais normais. Eles preferiam alimentos diferentes, guinchavam de maneira diversa e nenhum reagia aos tratadores do mesmo jeito, contou Greg Archer, responsável pela experiência.
A conclusão foi decepcionante para quem planejava trazer de volta um animal de estimação ou, até mesmo, um filho que morreu.
O próprio Jhon Sperling, desapontado com o fracasso da clonagem da sua cadelinha, cortou a verba da Universidade.
A genética finalmente compreendeu que - depois de estender suas pesquisas aos “clones da natureza” - os gêmeos, sejam eles duplos, triplos ou quádruplos, mesmo se geneticamente são perfeitamente iguais, são pessoas totalmente diversas no que tange ao seu “eu” interior.
Com esta sábia conclusão - uma vez que nada haviam acrescentado ao que os pais de gêmeos já sabiam - concluíram que, por mais que se retirem células adultas com o objetivo de reproduzi-las, por mais que se vençam as dificuldades que impedem a subdivisão da célula fertilizada, (tem que ser cinco para formar o embrião) mesmo quando o sucesso é alcançado, os clones serão sempre criaturas, ao nível de valores morais, espirituais e comportamentais, totalmente diferentes entre si, e diversos também daqueles que lhe doaram as células. Esta conclusão não teve um grande impacto só com a Física, mas pelas conseqüências filosóficas, na Biologia, Psicologia, Economia, Filosofia, Política e na Medicina.
A medicina também é afetada pelo paradigma newtoniano. À ênfase acadêmica e mercantilista na especialização é responsável de um lado pelo quase desaparecimento do clínico geral, e do outro, pela fragmentação extrema das áreas médicas em superespecializações que quase sempre levam os pacientes a se sentirem perdidos e alienados diante da frieza técnica e da ausência freqüente de uma visão global - psicossomática - do seu caso.
Os resultados mais visíveis são o culto á figura do médico, com toda à auréola externa e mítica a respeito dele, a quem, devido á cultura que é perpassada de pai para filho, é dada total responsabilidade pela saúde, cabendo ao chamado leigo – paciente - apenas uma atitude de submissão passiva promovida pela ignorância no cuidado da própria saúde. Em outras palavras, devido à ausência de uma eficiente educação preventiva.
Atendido com extrema frieza, envolta ainda no mito da objetividade científica, o paciente normalmente é visto - para não dizer tolerado - não como um ser humano que por estar assustado busca uma esperança, mas como aquele individuo necessário para maximizar a receita mensal. Nada, ou muito pouco, é feito em relação aos seus medos, anseios ou sofrimentos. Seu corpo é tratado como uma máquina pela mercantilização da saúde, e com um profundo e irracional desprezo pelos aspectos psicológicos da enfermidade.

Hoje já é possível produzir, com sucesso, órgãos e tecidos artificiais para uso em seres humanos – um sonho que começou a ser acalentado no século XVI. A conquista mais recente nesse campo foi alcançada por médicos do Hospital Karolinska, na Suécia. Eles foram os primeiros a tratar pacientes com sangue em pó. À noticia do êxito seguiram-se reações entusiasmadas. Uma das vantagens é que o sangue em pó pode ser guardado por anos a fio. Novos testes ainda são necessários, mas, confirmada a total eficiência da invenção, o sangue em pó resolverá tanto o grave problema de falta de estoque para transfusões quanto agilizará muito o atendimento nos centros de emergência. Isso porque o novo produto pode ser utilizado por pessoas de qualquer tipo sanguíneo. Ou seja, se um paciente precisa de sangue, não será necessário correr atrás de um doador compatível com ele.
O grande obstáculo enfrentado pelos pesquisadores é descobrir um meio de fazer com que os órgãos e tecidos artificiais sejam incorporados plenamente e por tempo indeterminado ao organismo. Uma das frentes de pesquisa que mais avançaram nos últimos anos foi a que prevê a criação de estruturas a partir de materiais que interagem com o organismo. Na maioria dos casos, tais materiais são compostos por um tipo especial de plástico, os polímeros, como o silicone, e substancias que estimulam a multiplicação celular.
Um dos exemplos mais notáveis dessa linha de estudo e que já está disponível no mercado é a pele artificial, criada a partir de colágeno bovino e silicone. Depois de suturada sobre a região do corpo lesionada, ela estimula a regeneração da pele do paciente, ao mesmo tempo em que é absorvida pelo organismo. Usada principalmente em vitimas de queimaduras graves, a pele artificial pode reduzir em dois terços o tempo de tratamento. Em media, quarenta dias depois de aplicada, a queimadura está cicatrizada.
Outra invenção que mostrou bons resultados é o implante coclear. Com a forma de uma espiral, a cóclea é a estrutura do ouvido responsável por transformar os sons em impulsos nervosos e enviá-los ao cérebro. O implante tem um pequeno microfone, que fica na parte exterior do ouvido, que captura as ondas sonoras. Em seguida, elas são transformadas em impulsos nervosos por um processador eletrônico. Esses impulsos são, então, enviados para microeletrodos implantados dentro da cóclea. Indicado para vitimas de um dos tipos mais comuns de surdez, o artifício permite que os pacientes recuperem até 95% da audição. No mundo todo, cerca de 40.000 pessoas já foram beneficiadas pelo implante coclear.
Fonte: www. Saudeveja. Com.br.

Esta interpretação mecânica do corpo humano leva o medico, na sua relação com o paciente, a se comportar como faz um mecânico quando explica ao seu cliente, no caso de seu automóvel ser passível de conserto, quais são as peças que devem ser substituídas, ou quando é o caso, a informar friamente que deve substituí-lo por outro porque aquele não tem conserto. Assim faz o medico quando, baseando-se em uma conceituação que já nasceu na universidade, cientifica o paciente a respeito do seu estado terminal por acreditar que assim agindo lhe permite se organizar e aproveitar da melhor forma possível o tempo de vida que lhe resta.
Sim, por não se colocar no lugar do enfermo, não se da conta que com isso provoca distúrbios emocionais tão graves que podem se tornar responsáveis pelo seu decesso, mesmo quando a sua enfermidade não é tão seria como ele havia diagnosticado. Não se esforça para entender que a esperança, enquanto persistir, é sempre o melhor remédio. Vejamos o que diz a este respeito um medico que aprendeu esta verdade como paciente:

O Dr. Jerome Groopman, medico americano, há trinta anos trata de pacientes vitimas de câncer. Ao acompanhar de perto a angustia dos doentes e seus familiares, Groopman tirou uma lição: mesmo nas situações mais graves, é preciso manter a esperança. A convicção do medico não tem nada de esotérico. Ao contrario, baseia-se em pesquisas que mostram como acreditar na cura, mesmo quando as chances são ínfimas, pode ser de grande valia num tratamento. Groopman, de 52 anos, lançou no Brasil vários livros e no seu terceiro, “A Anatomia da Esperança” - Editora Objetiva, 270 páginas - defende seu ponto de vista por meio de relatos de casos. Professor da Faculdade de Medicina da Universidade Harvard, chefe de medicina experimental do Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston, e colaborador da revista “The New Yorker”, ele é autor de outros dois livros: “The Measure of Our Days” - A Medida de Nossos Dias e “Second Opinion”- Segunda Opinião - que inspiraram um seriado de televisão. Groopman deu a seguinte entrevista a Veja:
Veja – A esperança é capaz de salvar a vida de um paciente?
Groopman – A esperança não cura, mas pode dar animo ao paciente para que ele continue a lutar pela sua melhora. Ela inspira coragem para superar o medo durante um processo difícil de tratamento. Há dados que mostram que os pacientes esperançosos recuperam mais rapidamente a saúde e tem uma taxa de sobrevida maior. Ela também tem a função de colocá-lo como arbitro final de seu destino. É da esperança que ele tira a energia para continuar tentando, mesmo quando sabe que são poucas as possibilidades de sobrevivência.
Veja – Essa não é uma forma de pensamento positivo?
Groopman – Não. É importante deixar claro que a esperança não tem nada a ver com o otimismo. A esperança é um sentimento mais complexo e muito mais profundo. O otimista acha que tudo vai dar certo, que tudo vai acabar bem. Mas sabemos que na vida não é assim. Nem sempre as coisas terminam como gostaríamos, por mais duro que seja aceitar isso. Alias, tudo pode dar muito errado. Nutrir esperança é reconhecer, sempre baseado na realidade dos fatos, que, apesar de todas as dificuldades, é possível encontrar um caminho.
Veja – Isso é algo que um cético pode ter?
Groopman – Um cético pode ter esperança. Ele dirá, provavelmente, que não acredita que um tratamento possa dar resultados só porque ele é mais ou menos esperançoso. O papel do medico nesse caso é dizer que, de fato, ele está certo. Não se pode alimentar alguém com promessas, mas com dados objetivos que atestem que existe uma chance e que ela é real. O cético pode ver claramente todas as possibilidades de um tratamento não dar certo. Mas é dever do medico convencê-lo de que existem também oportunidades de sucesso. E isso é o que chamo de esperança. Mas, infelizmente, nem sempre um paciente se convence. Há três décadas, a psiquiatra suíço-americana Elisabeth Kubler-Ross investigou os sentimentos de pacientes que recebem a noticia de que tem uma doença grave. Primeiro, vem à negação. Depois, à raiva e a negociação - como uma promessa religiosa, por exemplo. Em seguida a depressão e, por fim, a aceitação. Na minha experiência, nem sempre é assim. Às vezes, a negação persiste até o fim. Em outras palavras, a raiva é irremovível.
Veja – O efeito placebo, quando um paciente melhora apenas com um remédio inócuo, é uma prova do poder da esperança no tratamento de uma doença?
Groopman – O placebo é provavelmente a melhor prova biológica que temos até agora do poder da esperança. Há experiências impressionantes com pílulas de farinha em pacientes com a doença de Parkinson. Os pacientes que acreditavam estar tomando um remédio de verdade tiveram um grande aumento na produção de substancias químicas cerebrais benéficas, como a dopamina, e uma melhora de suas funções musculares. Mas há uma diferença crucial entre esperança e o placebo. O placebo, com o passar do tempo, tende a ter seu efeito reduzido. Já a esperança pode sempre ser recarregada.
Veja – Quando vale a pena insistir num tratamento contrariando o que mostram a experiência e as estatísticas da doença?
Groopman – Não se pode desprezar uma chance, por menor que seja. Vale a pena tentar sempre, porque seu paciente pode estar naquele grupo dos poucos que se beneficiam de um determinado tratamento. Impossível saber antes. Em outras palavras, se para 2% ou 3% o tratamento funciona em casos ditos como perdidos, seu paciente pode ser um deles, por que não. Gosto de citar o exemplo de George Griffin, um patologista da Universidade Harvard que foi vitima de um grave câncer de estomago. A ironia é que o câncer de estomago tinha sido o objeto de estudo de toda a sua vida. Ele fez questão de receber um tratamento agressivo, com altas doses de quimioterapia, algo que eu jamais tentaria em um paciente com prognostico como o dele. Treze anos depois de ter se submetido a essa terapia de choque, Griffin continua vivo. Pode-se dizer que superou a doença, algo inimaginável para muitos. A maioria dos tumores de um mesmo tipo se comporta basicamente do mesmo modo. Mas sempre haverá um George Griffin que consegue escapar.
No século XIX, Oliver Wendell Holmes, ensaísta e medico americano, professor de anatomia e fisiologia da Universidade Harvard, escreveu: Cuidado para não retirar a esperança de outro ser humano. Um medico jamais deve se colocar na posição de um juiz, dando ao paciente uma sentença de dias, semanas ou meses de vida. Não se pode considerar uma pessoa perdida a priori. A onisciência a respeito da vida e da morte na faz parte do domínio do medico.
Veja – Mas alguns médicos ainda se comportam dessa forma, como se tivessem controle sobre tudo.
Groopman – É verdade. Há uma boa piada que dá conta dessa pretensão. Vários santos esperavam pacientemente para entrar no céu, quando alguém de jaleco e estetoscópio fura a fila. Um dos santos se aproxima de São Pedro cobrando uma explicação e ouve a seguinte resposta: “Ora aquele é Deus. Ele acha que é medico”.
Veja – O senhor acredita que a fé religiosa possa ter influencia em alguns processos de cura?
Groopman – Acho que rezar e acreditar em algo é imprescindível na medida em que leva uma pessoa a focar a sua mente. Já está provado que aquietar a mente traz benefícios diretos ao organismo, como a redução da pressão arterial e dos batimentos cardíacos. Posso assegurar, no entanto, que procurei incessantemente um dado cientifico que mostrasse que um paciente com câncer que reze se sai melhor do que um que não reze. E não encontrei nenhuma evidencia disso. Mas, claro, a oração e a fé são uma forma de ajuda, uma excelente ferramenta para que o doente se sinta esperançoso. Há uma frase ótima na tradição judaica: Reze por um milagre, mas não espere por ele.
Veja – O senhor foi vitima de uma grave lesão num disco lombar e, de repente, se viu na condição de paciente. De que forma essa experiência mudou sua visão da pratica medica?
Groopman – Uma vez escrevi que aprendi mais nos poucos meses em que fui paciente do que em todos os anos que passei na faculdade de medicina. A experiência me ensinou muitas coisas. A primeira delas é que, quando se é paciente, se fica extremamente vulnerável. Ouvi de um medico que eu ficaria bom e preferi acreditar nele, obviamente. O problema é que ele não estava sendo honesto comigo, porque não tinha a solução para a minha dor. Aprendi que é preciso questionar e ter uma segunda opinião. Sempre. Eu não sou perfeito, cometo erros. Posso errar em meus julgamentos e incentivo meus pacientes a procurar outro especialista em casos graves. Talvez outro medico tenha uma visão diferente e melhor do mesmo caso.
Fonte: revista Veja do dia 29 de setembro 2004

O argumento de que, no século atual, o desenvolvimento tecnológico de equipamentos médicos seja o principal responsável pelo aumento da expectativa de vida, é uma afirmação acentuadamente questionável para não dizer que é uma inverdade. Foram às melhorias sanitárias, as conquistas de direitos sociais, a educação higiênica, os exercícios físicos, os conhecimentos relacionados à alimentação mais saudável (e dentro disso a substituição da gordura animal pela vegetal), o entendimento dos processos de transmissão de doenças e a educação preventiva que tiveram um papel considerável na melhoria da saúde pública. Mesmo porque os cálculos de projeção da expectativa de vida que hoje são elaborados baseiam-se sobre o universo dos nascidos nas décadas de 40 a 50. Os que nasceram depois, contudo, que hoje estão na faixa etária entre os 30 a 50 anos, estão sendo dizimados por enfermidades como o enfarto, derrame, obesidade, stress e muitas outras mais, mediamente dez o quinze anos antes do que foram seus pais.

Acabam de ser divulgados novos dados do estudo Grace, um dos maiores e mais importantes trabalhos sobre doenças cardíacas. Coordenada por médicos da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, a pesquisa conta com 40.000 participantes, de quatorze paises. Os resultados apresentados até agora não são nada favoráveis ao Brasil. De acordo com o estudo, o coração dos brasileiros é um dos mais mal cuidados do mundo.Aqui, a idade media das vitimas de enfarto é de 63 anos. Nos outros países é de 67 anos, e na Itália, por exemplo, a idade ultrapassa os 70 anos.
A relativa precocidade dos infartos brasileiros explica-se pela falta de controle dos principais fatores de risco para a doença. Entre eles, a hipertensão, o diabete, o tabagismo e a obesidade.
Fonte: revista Veja do dia 7 de abril 2004

Calcula-se que as doenças cardiovasculares serão a causa da morte de 30% dos brasileiros vivos hoje. E, se não mudarmos com urgência certas atitudes cotidianas e hábitos alimentares perigosos, esse numero tende a aumentar nas próximas décadas. Um estudo da Universidade Columbia, EUA, sugere que o Brasil será o campeão mundial de novos casos de infarto do miocárdio em 2040.
Os riscos decorrem de nosso estilo de vida. A falta de atividade física, a alimentação rica em gorduras animais e calorias, e o excesso de trabalho sem lazer - especialmente se os momentos de relaxamento forem acompanhados por um cigarrinho - são um caminho perfeito para a arteriosclerose, a maior causa de infartos e derrames.
Um fato preocupante, confirmado recentemente pelo IBGE, é que estamos cada vez mais gordos. O acumulo de gordura na região abdominal pode indicar futuros problemas do coração. Alem do obvio problema estético, a gordura abdominal associa-se a um elevado risco de hipertensão arterial, diabetes, distúrbios do colesterol e triglicérides. Infelizmente, essas coisas vêm juntas, o que multiplica os efeitos maléficos de cada um destes fatores isolados.
Fonte: revista Veja do dia 5 de janeiro 2005

De acordo com o que é mostrado na segunda etapa da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2003 (POF), divulgada na semana passada pelo IBGE, os brasileiros estão mais gordos, e esta verdade é assim expressa pela população acima dos 20 anos nas datas mencionadas.
1975 2003
População abaixo do peso 25,00% 4,00%
População acima do peso 16,00% 40.50%
População obesa 4,70% 11,00%

Consumo alimentar da família brasileira
O que aumentou O que reduziu
Refrigerantes 393% Feijão 30%
Bebidas alcoólicas 106% Arroz 23%
Refeições prontas 81% Batata 41%
Salsichas e lingüiças 189% Peixes 41%
Carnes em geral 46% Suíno 11%
Frango 107% Cachaça 22%

O aumento da alimentação rica em gorduras animais e muito calórica teve um guru, o Dr. Atkins, que chegou a vender 15 milhões de livros com a sua dieta, mas!

Diferentemente dos regimes convencionais, que exigem abstenção monástica de proteínas e gorduras, a dieta do Dr. Atkins incentivava o consumo de carne, bacon, ovos e queijos. Em compensação, restringia ao máximo os carboidratos, como o pão, batata e macarrão. Seu primeiro livro, “A Dieta revolucionaria do Dr. Atkins”, em 1972 vendeu 15 milhões de copias em todo o mundo e foi o inicio de um império de produtos que chegou a valer 200 milhões de dólares. Bem, quando morreu, de acordo com os médicos legistas de Nova York, o guru das dietas tinha 27 quilos acima do peso considerado ideal para seus 1,82 metros de altura. Seu índice de massa corporal (numero obtido dividindo-se o peso pelo quadrado da altura) era 35, quando quem tem esse índice superior a 30 é considerado obeso. Muito pior do que isso, no entanto, foi que o mesmo relatório afirmou que o Dr. Atkins sofria de insuficiência cardíaca, hipertensão e tinha um histórico de ataques cardíacos.
Fonte: revista Veja do dia 18 de fevereiro 2004

De onde se deduz que, mesmo se a medicina enaltece a parafernália tecnológica que foi desenvolvida, ou seja, as chamadas tecnologias hospitalares, aqueles que não vestem o jaleco branco devem se manter com um pé atrás e perguntar a si mesmos de que forma efetivamente contribuem? Sim, por um lado podem até “facilitar” o diagnostico de doenças, muitas das quais perfeitamente evitáveis se houvesse um serio e responsável investimento em educação preventiva, mas do outro são, incontestavelmente, um eficientíssimo instrumento de marketing.

Milhões de homens submetem-se anualmente à medição de PSA (uma proteína que quando é encontrada no sangue em níveis elevados, pode indicar a presença de tumores de próstata) no sangue para a prevenção de câncer de próstata. Apesar de constar da rotina preconizada por todo medico responsável, o exame tornou-se desde 2003 motivo de uma grande discussão cientifica. Discussão que ficou ainda mais acirrada depois de um estudo publicado na ultima edição da revista da Associação Medica Americana. Segundo os seus autores, os atuais valores de referencia do exame não são seguros. Hoje são considerados indicio da existência de um tumor maligno valores de PSA superiores a 4 nanogramas por mililitro de sangue (1 grama equivale a 1 bilhão de nanogramas). Quando apresentam este índice os pacientes são encaminhados para uma biopsia da próstata. No entanto, ao acompanharem cerca de 19.000 homens americanos e canadenses com mais de 55 anos, durante sete anos, os responsáveis pelo estudo concluíram que não existe um valor especifico de PSA capaz de prever o risco de desenvolvimento de um câncer. Isso porque um homem pode ter um PSA de 10 nanogramas por mililitro de sangue e não apresentar câncer. Ou pode ter um valor abaixo de 4 e ainda assim apresentar uma forma agressiva da doença. O exame também falha no quesito sensibilidade. Usado isoladamente, ele deixa escapar cerca de 80% dos casos – ou seja, só detecta 20% de todos os cânceres. Em outras palavras, o exame produz alem da conta resultados falso-positivos e falso-negativos. Boa parte dos que acreditam estar livre do tumor na verdade não está. E outros tantos se submetem à biopsia, um procedimento invasivo e desconfortável, apenas para terem a certeza, no fim das contas, que não estão doentes.
Para melhorar a acurácia do exame, afirmam os autores do estudo, seria necessário baixar o volume de referencia do PSA para 1.1. Com isso, 83% dos tumores seriam detectados. Mas, ainda assim, haveria um enorme universo de pacientes que seriam submetidos a uma biopsia sem necessidade. Embora a maioria dos médicos seja contra reduzir os valores de referencia do exame de PSA, há uma corrente que já manda para a biopsia pacientes com uma quantidade dessa proteína a partir de 2.5 nanogramas por mililitro de sangue. “Não é razoável submetermos tantos homens desnecessariamente à biopsia, reduzindo de forma drástica os valores do PSA. Na falta de um exame mais acurado, o que vale ainda é o bom senso de médicos e pacientes”, disse a Veja o cirurgião Farhang Rabbani, especialista em câncer de próstata do Memorial Stoan Kettering Câncer Center de Nova York, um dos mais prestigiosos centros de pesquisa sobre a doença. Por bom senso entenda-se levar em conta informações que não se resumem apenas ás dos exames – como o histórico familiar e os sintomas que os pacientes.
É o cruzamento desses dados que podem fazer com que um homem com um PSA relativamente baixo, mas cujo pai foi vitima de câncer de próstata, seja submetido a uma biopsia. E que outro com PSA acima de 4, mas sem sintomas nem casos de família, não tenha que passar por um exame invasivo. O próprio cientista que identificou o PSA, o americano Thomas Sramey, da Universidade Stanford, alertou para o risco de subdiagnosticos e cirurgias desnecessárias com bases nos resultados de exames. Segundo ele, o teste de PSA é mais eficaz para identificar aumentos benignos da próstata.
A discussão sobre a eficácia do exame de PSA enfatize-se, não o invalida. Por enquanto não há nada que o substitua. Ele faz parte de um pacote, por assim dizer, ao qual estão inclusos a ultra-sonografia e o toque retal. É espantoso que ainda haja tantos homens que ignoram a necessidade de tais exames. A incidência de câncer de próstata no mundo cresceu de forma explosiva nos últimos anos – ele já é o segundo mais freqüente entre os homens, depois de o de pele. No Brasil, estima-se que haja mais de 46 mil novos casos da doença por ano. É imprescindível fazer o primeiro exame de PSA antes dos 45 anos. Os que têm maior risco de desenvolver a doença, por causa do histórico familiar, devem fazer o primeiro exame aos 40 anos. E se o único jeito for fazer a autopsia, paciência.
Com o exame retal e a ultra-sonografia é possível visualizar a forma e a densidade da próstata. São identificáveis ainda alterações de consistência e presencia de rádules.
O peso e o volume normais da próstata aumenta dos 15 aos 30 anos. Aos 40, seu volume se estabiliza em 20-30 centímetros cúbicos. Depois dos 50, 80% dos homens apresentam alterações no tamanho da glândula. A próstata pode aumentar até cinco vezes sem que isso signifique que haja câncer.
50% dos homens com mais de 70 anos e praticamente todos com mais de 90 anos tem câncer de próstata, mas a maioria desses tumores não chega a produzir sintomas porque evolui muito lentamente.
Fonte: revista Veja de 20 de julho 2005

Muito, ou pelo menos metade dos recursos utilizados em marketing e em diversos outros tipos de publicidade médica, poderiam ter uma taxa de retorno melhor se fossem aplicados na educação preventiva e na melhoria dos postos de saúde, construindo, assim, um conjunto de extraordinário efeito profilático. Do mesmo modo que poderia ser muito melhor aproveitada a estreita ligação dos médicos alopatas com a indústria farmacêutica, que é responsável pela movimentação de bilhões de dólares anualmente, muitos dos quais relativos a medicamentos inócuos ou até prejudiciais. Ao invés disso o que se vê é um formidável cartel comercial e impositivo de valores.
Quando eclodiu a AIDS, em meados da década de 80, a indústria do sangue não queria se sujeitar aos testes que poderiam indicar a presencia do vírus HIV nas doações de sangue, afirmando que os gastos não compensariam os resultados. Naquela época muitos pacientes foram assim infectados. Diante deste quadro um cientista tristemente perguntou: Quando os médicos se deixam levar pela ânsia do lucro e comercializam a saúde, a quem a população poderá recorrer? Esta pergunta continua sendo mais atual do que nunca.
Ao invés de se aterem apenas aos mecanismos que a desenvolvem, para depois criar as drogas para inibi-los, deveriam pesquisar os fatores intrínsecos e extrínsecos que a causaram, ou por que ela ocorre. Evitar é sempre melhor do que remediar. Esta inversão, no entanto, na primeira fase inibiria os lucros laboratoriais, e na segunda, os investimentos para a pesquisa. A antítese do paradigma newtoniano.
Os tão estudados mecanismos de ação patológica nem sempre são causas, mas sim o efeito de distúrbios mais complexos do organismo em seu intercâmbio relacional com o ambiente físico, espiritual e social que o envolve, e que, quase sempre, é negligenciado.
A esse respeito é pertinente lembrar que já no século II da nossa era, o médico grego Cláudio Galeno acusava seus colegas de não seguirem os exemplos de Hipócrates - considerado o melhor médico da época - por serem ignorantes e fechados em sua pseudo-supremacia, de serem corruptos em sua sede insaciável de dinheiro, e de estarem absurdamente divididos entre eles. Afirmava: se considerarmos a riqueza mais preciosa do que a virtude, e por isso exercermos a arte médica não em benefício do homem, mas pelo lucro e a vaidade, em nenhum momento será possível atingir a real finalidade da medicina.
Quantas centenas de mortes anualmente são destacadas pelos meios de comunicação, responsabilizando o vasto leque da imperícia médica, o absoletismo dos equipamentos, ou ainda o princípio ativo das drogas utilizadas, sem que ninguém se preocupe com a trajetória do espírito destes seres, de onde poderia surgir uma inesgotável fonte de verdades? Não, como vimos, o paradigma do materialismo não o permite, porque é uma posição filosófica que considera à matéria como única realidade e conseqüentemente nega a existência da alma, de outras vidas, e até de Deus. E não o permitindo, continua a errar e conseqüentemente matar.

À tese desenvolvida pela universidade de Harvard divulgada em 1985, que considerava a reposição hormonal uma saída para amenizar os efeitos da menopausa, e diminuir concomitantemente em até 30% os riscos de desenvolver doenças cardíacas, foi torpedeada com a publicação do estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde americano, feito entre 1995 e 2002, que concluiu que ha relação entre a terapia de reposição hormonal e uma maior incidência de doenças cardiovasculares, câncer de mama e de endométrio.
Os pesquisadores concluíram que com a reposição hormonal havia um risco 100% maior de trombose, 41% mais elevado de derrame, 29% de probabilidade de infarto e 26% de câncer de mama.
As últimas pesquisas, publicadas no jornal da Associação Médica Americana, indicam que até o risco de demência aumenta quando a reposição hormonal é feita depois dos 65 anos. Para este estudo foram analisadas 4.500 mulheres de 65 anos ou mais ao longo de cinco anos. Entre as que tomavam hormônios, o número de casos, na maioria mal de Alzhimer, foi duas vezes maior que entre as que tomavam placebo, a pílula de farinha.

Dos contextos genéticos as ciências médicas extraem a teoria da terapia celular, afirmando que conseguirão curar as doenças degenerativas (continuando sua fuga irracional da busca da verdadeira causa, porque esta poderia prescindir da fabricação das novas drogas que gerarão bilhões de dólares de lucro) com as células tronco, extraindo-às de embriões do cordão umbilical de um recém-nascido ou do próprio paciente.
Acreditam, com a mesma ênfase que há alguns anos alardeavam os milagres da clonagem, que estas células no pâncreas podem se transformar nas ilhotas de Langherans - as células produtoras de insulina para ajudar os diabéticos. No cérebro, no papel dos neurônios - auxiliando as vitimas de derrame, Alzheimer e Parkinson (quando em parte estas enfermidades são provocadas pelos medicamentos que são receitados de acordo com a pesquisa da Universidade de Massachusetts). No coração, em células do músculo cardíaco - regenerando artérias lesadas por infartos e, injetadas na pele, agilizariam o tratamento de queimados. Em síntese, a aplicação da teoria do reducionismo: a máquina composta de conjuntos, sub conjuntos e peças.
A respeito das células tronco, assim se manifestaram 57 cientistas ao Senador Americano John F. Kerry em 2004

Prezado Senador John F. Kerry.
Recentemente o senhor colocou como peça central de sua campanha a promoção da pesquisa de células tronco embrionárias, inclusive a clonagem de embriões humanos para fins de pesquisa. Disse ainda que fará de tal pesquisa a prioridade máxima para o governo, academia e medicina (Los Angeles Times, 17/10/04). O senhor mesmo justificou o suporte a esta pesquisa pelo respeito à “ciência”, dizendo ainda que a ciência deve ser isenta de “ideologia” para proporcionar as curas miraculosas para numerosas doenças.
Suas colocações, senador, nos deixaram alarmados, por isso nos permitimos as seguintes considerações: Inicialmente suas colocações não representam adequadamente a ciência, porque ela não é uma política ou um programa político. A ciência é um método sistemático para se desenvolver e testar hipóteses sobre o mundo físico. Não “promete” curas miraculosas com provas inconsistentes. Quando cientistas fazem tais asserções, eles estão agindo individualmente, por suas convicções e esperanças pessoais, e não como a voz oficial da ciência. Se tais cientistas permitem que sua crença pessoal no futuro da pesquisa de células tronco embrionárias seja interpretada como uma predição plausível do resultado dessas pesquisas, eles estarão agindo irresponsavelmente.
Em segundo lugar, não é mera “ideologia” preocupar-se com o uso inadequado de seres humanos na pesquisa científica. Os grupos federais de assessoramento em Bioética, servindo tanto a presidentes Democratas ou Republicanos, afirmaram que o embrião humano é uma forma em desenvolvimento da vida humana que merece respeito. Além disso o senhor mesmo disse que a vida começa na concepção, que a fertilização produz um “ser humano”. Equiparar o interesse desses seres a uma mera “ideologia” é negar toda a história dos esforços para proteger seres humanos da pesquisa abusiva.
Em terceiro lugar, as afirmações que o senhor fez sobre as possíveis aplicações médicas das células tronco embrionárias vão muito além de qualquer evidência admissível, ignorando o estágio limitado de nosso conhecimento sobre estas células e o avanço em outras áreas de pesquisa que pode tornar o seu uso desnecessário para várias aplicações. Fazer tais clamores exagerados, no estágio atual de nosso conhecimento é não apenas cientificamente irresponsável, mas também enganador e cruel para milhões de pacientes e suas famílias que esperam desesperadamente por curas e que têm que vir depender da comunidade científica para informações acuradas.
O que a ciência nos diz sobre as células tronco embrionárias? Os fatos podem ser sintetizados como segue:
Atualmente estas células somente podem ser obtidas pela destruição de embriões no estágio de blastocistos (4 a 7 dias de idade). Elas proliferam rapidamente e são extremamente versáteis, e, em última análise capazes de formar (no ambiente embrionário natural) qualquer tipo de célula do corpo humano desenvolvido. Até o momento há escassas provas científicas de que as células tronco embrionárias virão a formar tecidos normais em placas de cultura, e a grande versatilidade dessas células, sabe-se agora, constituir também uma desvantagem - as células embrionárias são difíceis de se desenvolverem em uma linhagem celular estável, pois espontaneamente acumulam anormalidades genéticas em cultura, e são propensas a crescimentos incontroláveis e à formação tumural quando transplantadas em animais.
Quase 25 anos de pesquisa usando células tronco embrionárias de ratos produziram indicações limitadas de benefícios clínicos em alguns animais, bem como indicadores de efeitos colaterais sérios e potencialmente letais. Considerando-se essa evidência, afirmações de tratamento seguro e confiável de qualquer doença em seres humanos são, na melhor das hipóteses, prematuras.
As células tronco embrionárias obtidas pela destruição de embriões humanos clonados trazem uma questão ética adicional – a de criar vidas humanas somente para destruí-las em pesquisa – e podem colocar, além disso, problemas práticos adicionais. O processo de clonagem é agora conhecido como produtor de numerosos problemas de expressão caótica de genes, e isto pode afetar a utilidade e segurança dessas células. Não há prova de que a clonagem virá prevenir toda rejeição das células tronco embrionárias, pois mesmo células embrionárias compatíveis de clones são por vezes rejeitadas por hospedeiros animais. Algumas pesquisas animais em clones requereram a colocação de embriões clonados em um útero e seu desenvolvimento até o estágio fetal, e então destruí-los, para que seus tecidos mais desenvolvidos pudessem produzir um benefício clínico – seguramente uma abordagem que coloca uma questão ética horrível se aplicada a seres humanos.
As células tronco não embrionárias também têm recebido cada vez maior atenção científica. Aqui a trajetória tem sido muito diferente daquela das células tronco embrionárias. Ao invés de desenvolver estas células e deduzir que elas em algum dia possam ter um uso clínico, pesquisadores descobriram que elas produzem benefícios clínicos indubitáveis e então procuraram uma melhor compreensão de como e porque elas atuam, de maneira a colocá-las em usos adicionais.Os transplantes de medula óssea estavam beneficiando pacientes com várias formas de câncer por muitos anos antes que fosse entendido que o ingrediente ativo desses transplantes são as células tronco.
Células tronco não embrionárias foram descobertas em numerosos tecidos nos quais não se esperava encontrá-las – no sangue, nervos, gordura, pele, músculo, sangue do cordão umbilical, placenta, mesmo na polpa dentária – e dezenas de estudos indicam que elas são muito mais versáteis do que inicialmente pensado. O uso dessas células não implica em nenhum problema ético sério, e pode evitar todos os problemas de rejeição de tecidos se as células tronco puderem ser obtidas do próprio paciente que as utilizará. O uso clínico de células tronco não embrionárias cresceu enormemente nos últimos anos. Em contraste com as células tronco embrionárias , as células tronco adultas estão em protocolos (usos) estabelecidos ou experimentais para tratamento de pacientes humanos em várias dezenas de situações, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde (“National Institutes of Health”) e o Programa Nacional de Doação de Medula Óssea (“Health and the National Marrow Donor Organ”) (Cong. Record, September 9, 2004, pages H6956-7). Elas foram ou estão sendo avaliadas em pesquisas em seres humanos para tratamento de lesões da medula espinhal, Doença de Parkinson, acidente vascular cerebral, lesão cardíaca, esclerose múltipla e vários outros. Os resultados dessas pesquisas experimentais nos ajudarão a melhor avaliar e entender as possibilidades para terapias com células tronco.
No caso de várias patologias, os avanços provavelmente não virão de qualquer espécie de célula tronco, mas de outras fontes. Por exemplo, existe um forte consenso científico de que doenças complexas como Alzheimer provavelmente não serão tratadas por qualquer forma de terapia com células tronco. Quando perguntado recentemente porque muita gente acredita que as células tronco embrionárias serão úteis na cura da Doença de Alzheimer , o perito em células tronco do Instituto Nacional de Saúde Ron McKay comentou que “o povo necessita de um conto de fadas” (Washington Post, June 10, 2004, page A3) . Do mesmo modo, as doenças autoimunes como a diabete juvenil, lupus e esclerose múltipla improvavelmente se beneficiarão da simples adição de novas células a não ser que o problema subjacente – um sistema imune defeituoso que ataca as próprias células do corpo como se fossem invasores estranhos – seja corrigido.
Em resumo, as células tronco embrionárias colocam uma avenida especialmente controversa para o entendimento e (talvez) para algum dia tratar várias doenças degenerativas. Baseado nas evidências disponíveis, ninguém pode predizer com certeza se elas, em alguma época, produzirão benefícios clínicos, e, muito menos, se produzirão benefícios que não sejam obteníveis por outros meios menos problemáticos do ponto de vista ético.
Por isso, utilizar dessa abordagem em uma campanha política – ainda mais, declarar que ela será uma “prioridade máxima” ou receber qualquer valor de fundo federal, independentemente de evidência futura ou do usual processo científico pareado de revisão – é , sob nosso ponto de vista, irresponsável. É de fato, uma subordinação da ciência à ideologia.
Porque políticos, interesses biotecnológicos e mesmo alguns cientistas exageraram publicamente a “promessa” das células tronco embrionárias , as percepções públicas desse enfoque tornaram-se tortuosas e irrealísticas. Os políticos podem esperar beneficiar-se dessas falsas esperanças para ganhar eleições, sabendo que a colisão dessas esperanças com a realidade virá apenas após eles vencerem suas corridas. As profissões científica e médica não têm tais luxos. Quando pacientes desesperados descobrem que eles foram submetidos a uma “conversa fiada” ao invés de uma avaliação objetiva e sincera das possibilidades, nós temos razão para temer uma aversão pública contra a credibilidade de nossas profissões. Nós o instamos a não exacerbar este problema agora, repetindo falsas promessas que exploram as esperanças dos pacientes para ganho político.
Seguem as 57 assinaturas, com indicações dos nomes, cargos e instituições acadêmicas e de pesquisas respectivas.
Fonte: Site Oficial da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

A ciência, como vimos, não é aquele rochedo inabalável, como alguns acreditam, a ponto de, no caso da medicina, se entregarem confiantes aos doutores, como as crianças antes da pré-adolescência (depois disso não o fazem mais) recorrem aos braços dos pais por terem certeza que lá encontrarão um abrigo confiável. Porque os indivíduos que nela militam, respaldando-se no seu orgulho ao invés de ser na competência, persistem julgando-se porta-vozes do verdadeiro saber, mesmo se quando se expressam sempre se contradizem. Alias, seu procedimento se assemelha mais ao dos fanáticos por futebol quando discutem a respeito da performance dos respectivos times, ou quais deveriam ser os jogadores que o técnico teria que escolher para tornar o time invencível. Sim, jamais há consenso.
No caso das células tronco, como ocorreu com a clonagem, o tempo se encarregará de destroná-las. Alias, a este respeito, utilizando a metáfora de Einstein, a humanidade está “muito bem servida” porque de um lado tem a ciência, capenga e do outro a religião, que não enxerga. O caso da Talidomida, entre muitos outros, explana de forma inequívoca a tese desse cientista. A Talidomida, aquele comprimido que antes de ser retirado do mercado provocou o nascimento de milhares de crianças disformes ou mutiladas ao redor do mundo! Bem, de acordo com as ultimas informações laboratoriais e medicas, esta droga está sendo endeusada mais uma vez.

A talidomida, a droga que levou ao nascimento de muitas crianças defeituosas 40 anos atrás e se tornou metáfora de arrogância científica, tem se mostrada promissora no tratamento do câncer de medula óssea, geralmente incurável e fatal.
Em um estudo envolvendo 84 pacientes com mieloma múltiplo avançado, para os quais outros tratamentos haviam falhado, o medicamento provocou significativas melhoras em cerca de um terço deles, dando-lhes meses extras ou - em alguns casos - anos de vida.
Cerca de 10% dos pacientes conseguiram remissão completa apenas tomando talidomida, o que é um resultado impressionante em um grupo de enfermos tão graves. Os cientistas disseram que muitos destes pacientes teriam morrido em poucas semanas se não tivessem tomado a droga.
A talidomida "pode induzir uma resposta marcante e durável em alguns pacientes com mieloma múltiplo, incluindo aqueles que tiveram recaídas após altas doses de quimioterapia," concluíram os cientistas em um artigo publicado na edição de 17/nov/99 do New England Journal of Medicine. Eles agora estão tentando determinar como a talidomida se comportará se for usada com outras drogas em pacientes menos doentes, no inicio do tratamento contra o mieloma por exemplo.
O novo estudo é a mais impressionante evidência até hoje de que a talidomida é uma poderosa substância anticâncer.
No editorial que acompanhou o artigo, Noopur Raje e Kenneth Anderson, ambos do Instituto do Câncer Dana-Farber em Boston, classificaram o resultado como "extraordinário", e alguns dos dados contidos no artigo foram apresentados em conferências científicas ajudando a lançar um movimento mundial de pesquisa a respeito dos efeitos da talidomida em vários tipos de câncer. As primeiras evidências sugerem que ela pode ser de utilidade em cânceres da próstata, cérebro, cólon e pele.
A talidomida tem múltiplos efeitos no corpo, e ninguém sabe com certeza qual deles pode ser responsabilizado pela atividade anti-cancerigena da droga. A principal teoria sugere que a droga reduz o crescimento dos vasos sanguíneos, ajudando a matar de fome os tumores que por crescerem muito rápido precisam de muito alimento.
Pelo menos uma dúzia de outras drogas projetadas para combater os cânceres pela supressão do crescimento dos vasos sanguíneos estão em estudos avançados, mas a talidomida - aprovada para venda no último ano para o tratamento de complicações da lepra - já está nas prateleiras das farmácias. Os médicos agora podem prescrever a talidomida para qualquer uso que eles acharem justificável.
A nova pesquisa foi dirigida por Bart Barlogie da Universidade do Arkansas para as Ciências Médicas, um importante pesquisador no campo dos mielomas. O primeiro paciente a receber a talidomida morreu, ele disse, mas no segundo, ela teve um efeito tão notável que impulsionou novas pesquisas. "Nós vimos uma resposta verdadeiramente dramática em pouco mais de algumas semanas" Barlogie disse. Aquele paciente que estava às portas da morte quando recebeu a talidomida, continua vivo depois de dois anos.
Os efeitos colaterais da droga são mínimos se comparados com aqueles da quimioterapia tradicional, mas ela pode causar alguns problemas em uma minoria de pacientes, incluindo constipação, sonolência e fadiga. Ocasionalmente, ela pode lesar as extremidades nervosas.
Barlogie notou que mesmo em um regime de tratamento mais intensivo a droga pode induzir a remissão sustentada em menos do que a metade dos pacientes com mieloma. Ele disse que a talidomida, "o primeiro agente com atividade sobre os mielomas em 35 anos", pode abrir uma porta para o lucro certo.
De fato, a talidomida está se tornando uma das drogas mais quentes na pesquisa do câncer. O que é uma extraordinária volta por cima, dada sua triste história.
Pasmem!A talidomida foi desenvolvida na Alemanha e foi para o mercado como pílula para dormir no final dos anos 50, acabando por ganhar a preferência no tratamento do enjôo matinal de mulheres grávidas - até que foi descoberto que ela causava terríveis deformações nos fetos, tais como a ausência de mãos ou os próprios membros do corpo. Afirmou-se na epoca que mais de 12.000 bebês haviam sido deformados, mas este numero com certeza está muito aquém da realidade.
A talidomida nunca foi aprovada para venda nos Estados Unidos graças à vigilância da FDA. Gerações cresceram aprendendo que a talidomida era a principal demonstração que a previsibilidade científica tinha limites bem pequenos. Ainda assim, o interesse pela droga renasceu nos últimos anos quando estudos sugeriram que ela poderia ser útil no tratamento da lepra, AIDS e outras enfermidades.
A companhia de biotecnologia Celgene Corporation, sediada em Warren, New Jersey, EUA, assumiu um grande risco financiando a pesquisa da droga em um momento no qual poucas pessoas poderiam achar que ela teria chances de se sair vitoriosa na aprovação do mercado. A droga, contudo, foi aprovada em 1998 - mesmo se com restrições - e passou a ser vendida nos Estados Unidos com o nome “Thalidomid”. Entretanto, é destinada somente para o tratamento dos distúrbios cutâneos em pacientes portadores de lepra.
O mieloma é responsável por apenas 2% das mortes por câncer, mas se a talidomida se demonstrar eficaz em um ou mais dos principais tipos de câncer - como os de próstata, pulmão, mama e cólon – os analistas acreditam que a Celgene terá em suas mãos uma droga que vale um bilhão de dólares.
Fonte:www.washingtonpost.com/wp-dyn 1999

Ha pouco tempo, um comitê formado pelos mais renomados cardiologistas dos Estados Unidos, divulgou um documento com as novas diretrizes de classificação da hipertensão arterial. A partir deste fato, para quem tem mais de 18 anos, a pressão arterial só é considerada normal se estiver abaixo de 12X8, uma vez que esse patamar agora indica hipertensão. Pelo conceito anterior a hipertensão era indicada quando a pressão arterial situava-se acima de 13X9 ou 14X9.
A medicina também reviu os limites de colesterol no sangue. Pelos padrões anteriores, a tolerável era 240 miligramas por decilitro de sangue, mas as novas regras estipulam que a taxa de colesterol não pode ser superior a 200.
Nem as recomendações antigas relativas á prática de exercícios físicos escaparam desta revisão cardiológica. Ha cinco anos acreditavam que trinta minutos de atividade física três vezes por semana era suficiente para proteger o coração. Depois passaram a indicar meia hora diariamente, e hoje são recomendados 60 minutos, ou 90 para os obesos. Isso porque a medicina esta detectando que o infarto faz muitas vitimas também entre aqueles que não fazem parte dos chamados grupos de risco. Explicando melhor: entre os que não tem antecedentes familiares, os que não fumam, não bebem, não tem propensão à obesidade e praticam exercícios físicos.
Estas novas recomendações, mais uma vez sem uma busca mais profunda do porque, são ditadas a partir de pesquisas e tentam minimizar a mortandade dos distúrbios cardiovasculares, uma vez que nos últimos anos se transformaram na principal causa de mortes no mundo, somando 17 milhões de óbitos, o que equivale a uma entre três mortes e no Brasil, na ausência de outras estatísticas mais exatas, se supõe que se situam entre 100 a 300 mil por ano. São estes os números oficiais, apesar das centenas de novas drogas chamadas milagrosas - cada vez mais caras - que os laboratórios despejam no mercado mundial, e que, de acordo com o seu marketing, “só não conseguem devolver a vida aos defuntos”.
A outra forma de explicar o inexplicável, para justificar o paradigma, é através de afirmações similares a essa: a quantidade de colesterol no organismo tem um forte componente genético. Esta afirmação não diz nada e é de certa forma uma inverdade, uma vez que, a imensa maioria das vezes, o índice de colesterol é determinado por outros fatores, entre os quais:
· Não evitar gorduras na alimentação, principalmente de origem animal.
· Não manter uma dieta alimentar rica em verduras, legumes e frutas.
· Não conseguir coexistir com as “surpresas” que a vida reserva sem se desequilibrar emocionalmente.
· Não manter e respeitar um programa diário de exercícios físicos, preferencialmente aeróbicos.
· Não estabelecer uma disciplina comportamental com o objetivo de evitar qualquer tipo de excesso.
· Não se educar para manter-se afastado das substancias tóxicas como o fumo, drogas, álcool e dos produtos químicos (estabilizantes, acidulantes etc.) ou gorduras “trans” e “saturadas” que integram os produtos alimentares não naturais.
· Não cultivar uma atividade intelectual permanente moralmente integra.
Sem estes cuidados, e os demais que serão expostos nos capítulos correspondentes, o individuo permanece acorrentado a todos os fatores que a medicina elucida através de suas pesquisas, e, conseqüentemente, sujeito aos distúrbios cardiovasculares que lhe são correspondentes.

A cardiologia passa atualmente por uma reviravolta de conceitos. Talvez seja uma das maiores guinadas de sua historia. Não se via nada tão radical desde 1912, quando o medico americano James Bryan Herrick descreveu pela primeira vez o processo desencadeador do infarto.
Até pouco tempo atrás, tinha-se por certo que o grande responsável pela morte do músculo cardíaco era a formação de uma ou mais placas duras na parede das artérias coronárias. Essas placas, formadas por cálcio, colesterol e outras gorduras circulantes, bloqueariam o fluxo de sangue para o coração ocasionando o infarto agudo do miocárdio.
A descoberta que está revolucionando a medicina cardíaca mostra que estas placas duras são responsáveis por uma porção pequena dos infartos – cerca de 30%. A grande maioria deles, 70%, é causada por um processo totalmente diferente, mais complexo e invisível. Neste processo, placas moles, formadas basicamente de gorduras, se rompem, desencadeando um engarrafamento bioquímico dentro da artéria coronária.
Esse engarrafamento produz um coagulo e é ele que interrompe o fluxo de sangue no momento crucial do ataque cardíaco. É uma mudança e tanto na compreensão do infarto e no seu tratamento.
Há cerca de cinco anos, as investigações do cardiologista Steven Nissen, diretor da Cleveland Clinic, começaram a derrubar o paradigma até então aceito integralmente de que as placas calcificadas eram o único agente do infarto. Com base no antigo paradigma, todos os métodos cirúrgicos de tratamento da obstrução da artéria se assemelhavam ao trabalho de um desentupidor de canos. Era preciso sempre revascularizar a área atingida pelas placas duras. Agora, os médicos do coração estão diante de um desafio mais complexo.
Diferentemente do que acontece com as placas duras, as moles não comprometem a irrigação sanguínea do coração. Pior: elas não causam sintomas e são imperceptíveis pelos exames convencionais, como o ecocardiograma, o cateterismo ou o teste de esforço cardíaco. Sua vitima não sente nada até o momento em que é surpreendida pelo ataque. Ao contrário das obstruções duras, as placas moles ficam dentro das paredes das artérias, mas não obstruem o canal por onde o sangue passa. Se fossem estáveis não trariam dano algum à saúde. Infelizmente, as placas moles são revestidas por uma membrana muito frágil, que pode estourar de uma ora para outra. Quando isso acontece, as células de gordura rompem a parede atrás da qual estavam escondidas e misturam-se ao sangue juntamente com as células do sistema imunológico, que estavam lá. Forma-se, então, um coágulo, que interrompe a chegada do fluxo sanguíneo ao coração, causando o infarto. Quem já não ouviu o caso de uma pessoa que infartou de repente, sem nunca ter dado indício de que sofria do coração e cujos exames apontavam para a mais absoluta normalidade? Pois é, agora se sabe o motivo da surpresa: as placas moles.
O impacto provocado pela descoberta das placas moles já é grande e não para de crescer. Ela põe em xeque muitos dos procedimentos tidos como padrão na cardiologia – tanto na área da prevenção quanto na do tratamento. A grande transformação ocorre, sobretudo, em relação aos procedimentos invasivos. Pelo modelo antigo, e ainda vigente na maioria dos hospitais, se um paciente de 40 anos, saudável, sem nenhum sintoma da doença cardíaca, se submete a um eletrocardiograma e o teste indica uma pequena isquemia, ele é encaminhado para um teste de esforço com cintilografia. Caso o diagnostico seja confirmado, recomenda-se que ele faça um exame mais minucioso, o cateterismo. Neste procedimento, um cateter é colocado pela virilha ou pelo braço do paciente e levado ao coração. As imagens fornecidas pelo equipamento mostram ao medico a saúde das artérias. Realizado com bastante freqüência, o cateterismo só serve para identificar as placas duras de gordura. Ou seja, as moles – passam despercebidas. Alem disso, o cateterismo é um procedimento invasivo, e como tal oferece riscos por menores que sejam.


Gorduras nas artérias Hemorragia no infarto

Já pela nova cartilha da cardiologia, antes de ser submetido ao exame, o mesmo paciente deve primeiramente passar por uma avaliação clinica de risco cardíaco, que leva em conta fatores como idade, cigarro, diabete, pressão arterial e colesterol. Também são pedidos exames que indicam inflamação nas artérias.
A partir dela, estima-se a probabilidade de uma pessoa ter um problema no abastecimento sanguíneo do coração. Se esse risco for considerado moderado, ele não será encaminhado para nenhum teste invasivo. O medico o convidará a adotar hábitos de vida mais saudáveis. Pode ser também que lhe sejam prescritos um comprimido de aspirina por dia, como forma de afinar o sangue, e uma dose de estatina, remédio usado originalmente para combater o colesterol alto, mas que se mostrou eficaz na redução das placas de gordura – principalmente as moles. É só. Tanto a aspirina quanto as estatinas tem também efeito antiinflamatório, o que ajuda a prevenir o infarto. Ainda que o risco de um paciente seja considerado alto, o cateterismo só será recomendado se, durante a realização de um teste de esforço, por exemplo, o medico notar a existência de comprometimento já instalado no músculo cardíaco.
A descoberta das placas moles deve reduzir o numero de procedimentos invasivos destinados ao tratamento até de pacientes que já sofreram infarto. Os principais deles são a amgioplastia e a cirurgia para colocação de ponte de safena ou mamaria. No primeiro, os médicos utilizam um cateter com um pequeno balão na extremidade. No local da obstrução, o balão infla e esmaga a placa de gordura contra a parede da artéria, liberando o fluxo sanguíneo. Em seguida, o balão é retirado. Existe também a amgioplastia com stent, em que uma espécie de mola, deixada no local da obstrução, mantem o caminho livre para o sangue chegar ao coração. Quanto às safenas e mamarias, elas promovem a revascularização do sangue ao criar rotas alternativas para o sangue. O problema é que nenhum desses procedimentos evita a ocorrência de novos infartos ou reduz o risco de morte por problemas cardíacos. Por que? Porque nenhum deles é capaz de desobstruir as placas moles, diz o cardiologista Otavio Rizzi Coelho, presidente da Sociedade de Cardiologia de Estado de São Paulo. A diminuição da prescrição dos procedimentos invasivos será, alias, um dos principais temas de um congresso previsto para acontecer em maio, em São Paulo, e que reunirá os mais importantes cardiologistas brasileiros.
Estão para ser publicados na edição de maio do “Journal of the American College of Cardiology”, uma das mais respeitadas revistas medicas do mundo, os resultados de um estudo conduzido pelo cardiologista Whady Hueb, do Instituto do Coração (Incor) de São Paulo. A pesquisa do Dr. Hueb surgiu de uma experiência do dia a dia. Como alguns de seus pacientes tinham muito medo de entrar numa sala de cirurgia, o medico achou por bem acompanhá-los apenas com tratamento clinico. Em outras palavras, com remédios. Ao mesmo tempo, comparou o comportamento cardíaco dessas pessoas com o daquelas que se submetiam a dois procedimentos invasivos, a amgioplastia e a ponte de safena ou mamaria. Hueb avaliou a incidência de infarto, morte e necessidade de nova intervenção cirúrgica nos dois grupos. Depois de quatro anos de acompanhamento, o estudo mostrou que a incidência de infarto e de morte foi praticamente semelhante nos dois grupos. Ou seja, nenhuma terapia se mostrou superior. Isso reforça a convicção de que a maioria das obstruções não precisa ser tratada de modo invasivo. Esse estudo é a prova de que para os pacientes vitima de acumulo de placas moles o grande benefício vem dos remédios, diz Hueb.
É bom que se frise que os procedimentos invasivos continuam a ser imprescindíveis em inúmeros casos. Uma Amgioplastia ou ponte de safena é necessária para melhorar a qualidade de vida de pacientes vitimas de angina crônica - dor no peito - ou de comprometimento serio das funções cardíacas – como aquela que leva à falta de fôlego ao subir dois ou três lances de escada. Não se discute também a superioridade dos procedimentos invasivos em pacientes de urgência – aqueles vitimas de dores agudas, mas não continuas - Anginas instáveis - ou os que estão em processo de enfarto. O que se mostra agora é que varias dessas intervenções estão sendo feitas desnecessariamente. Em países como a Europa e no Canadá, o numero de procedimentos invasivos é bem menor, afirma o cardiologista Raul Santos, do Incor e do Hospital Albert Einstein. O Brasil, assim como os Estados Unidos, ainda é um dos países que mais fazem cateterismo em pacientes coronários. A tendência é que esse cenário comece a mudar daqui para frente.


A grande maioria dos exames de diagnostico não detecta a presencia das placas moles, escondidas dentro das paredes, porque se atem a medir o volume de sangue que corre pelas artérias. Quando é verificada uma obstrução, isso significa que ali existe uma placa dura. A única maquina capaz de visualizar placas moles é a de ultra-sonografia intravascular.
Enquanto os tradicionais métodos de diagnostico por imagem mostram somente o interior das artérias coronárias, esse exame registra também as varias camadas que compõem a parede das artérias, nas quais as placas moles estão alojadas. Mas por ser muito cara, a ultra-sonografia intravascular não pode ser recomendada em larga escala. Diante desta impossibilidade, a saída para flagrar a formação de placas moles é verificar dois marcadores. O primeiro é a proteína C-reativa ultra-sensível, ou PCR, que mede a inflamação no sangue. Como a placa mole é mais inflamada, quanto maior o índice de inflamação medido no sangue do paciente, maior a probabilidade de ele ter placas moles, diz o cardiologista Raul Santos, um dos maiores especialistas em medicina preventiva no Brasil. O outro marcador é a quantidade de cálcio nas artérias, perceptível por meio de tomografia computadorizada. A concentração dessa substancia indica acumulo de gordura e, assim, a possibilidade de ocorrer um entupimento. Apesar de o exame avaliar as placas calcificadas, ou duras, ele acusa indiretamente a presença de placas moles – em geral, quem tem excesso de placas calcificadas costuma apresentar também grande quantidade de placas moles.
A boa noticia é que a maioria dos fatores responsáveis pela formação das placas moles já está identificada. O colesterol ruim é um deles. Para combatê-lo, as farmácias dispõem das estatinas.
Com a capacidade de reduzir em cerca de 40% os níveis de LDL, as estatinas são o remédio mais vendido no mundo. Os novos estudos clínicos não só mostram o poder das estatinas em reduzir as placas moles como também a sua eficiência no sentido de estabilizá-las, ou seja, evitar que elas se rompam. Para prevenir a formação das placas, elas são igualmente importantes e já são receitadas para qualquer pessoa que tenha risco de infartar. Em geral, são pessoas com histórico familiar de doenças coronárias, fumantes, hipertensas ou diabéticas. O LDL é o principal ingrediente da placa mole. Na outra ponta do processo está o HDL, o bom colesterol, que remove o LDL do sangue para o fígado, onde será metabolizado. Ou seja, quanto mais HDL no organismo, melhor. E quanto menos LDL, melhor ainda. Recentemente, os grandes laboratórios que fabricam estatinas se debruçaram em pesquisas que comprovassem os benefícios de reduzir o LDL o máximo possível. É o caso de um trabalho recém publicado no “The New England Journal os Medicine”, uma das mais respeitadas revistas cientificas americanas. A partir desses resultados, alguns médicos passaram a defender como desejável um nível de LDL abaixo de 100 miligramas por decilitro de sangue, mais exatamente entre 60 ou 70, enquanto que atualmente o desejável é que se situe entre 100 e 129 miligramas. Outros médicos, no entanto, acham esses parâmetros discutíveis, já que, para atingi-los, muitos pacientes teriam de aumentar demasiadamente as doses diárias de estatinas, que podem causar efeitos colaterais no fígado e nos rins.
Para manter um nível adequado de bom colesterol no sangue, uma dieta livre de gorduras saturadas já é um começo. Num futuro bastante próximo, os pesquisadores acreditam que haverá medicamentos específicos para aumentar o HDL.
No inicio do mês, um trabalho divulgado pelo mesmo The New England Journal of Medicine, revelou os primeiros resultados de um novo remédio desenhado exclusivamente para incrementar os níveis de HDL. O medicamento torcetrapib foi testado em dezenove pacientes com baixas taxas de colesterol bom durante um mês. Ao termino dos trabalhos, os pesquisadores americanos concluíram que o remédio aumentou em 50% a quantidade de HDL. Alguns desses pacientes receberam também um tipo de estatina, a atorvastatina. Neste caso, o aumento do colesterol bom foi ainda maior, 60%. Uma outra fonte promissora é a do HDL sintético
Alem do LDL alto, os outros principais fatores que levam à formação e a explosão da placa mole são a pressão alta e as infecções bacterianas. A pressão alta causa turbulências no sangue que danificam as camadas finas das artérias, facilitando o depósito da gordura. Já uma infecção bacteriana, como a gengivite, pode causar inflamações que desestabilizam as placas, levando-as ao rompimento.
Ao contrario do que se acreditava, a placa de gordura, especialmente as moles, são muito suscetíveis a tratamentos agressivos, principalmente. O acumulo delas dentro da parede das artérias é um processo que leva anos. Mas podem ser destruídas (ainda que parcialmente) em pouquíssimo tempo. Os estudos mais recentes mostram que terapias pesadas à base de estatinas reduzem o tamanho da placa mole em até 80%. E isso, muitas vezes, em apenas um mês.
Fonte: revista veja do dia 21 de abril de 2004
Drogas... mais um dos reflexos do paradigma newtoniano-cartesiano que se materializa através de um processo similar a de um cartel comercial, por ter de um lado os laboratórios farmacêuticos, fabricando milhares de drogas medicinais - muitas das quais prejudicais ou inócuas - e do outro os médicos alopatas, que, ao receitá-las, lhe permitem faturar bilhões de dólares anualmente.
Na ultima reportagem os médicos apontaram a aspirina como um antiinflamatório auxiliar para ajudar na prevenção do infarto e do derrame - mantem “fina” a consistência do sangue para que possa fluir com mais facilidade pelas artérias e veias, dizem. Vamos ler, então, nas duas próximas reportagens a opinião de outros médicos!

Incensada como uma das principais aliadas na prevenção de infartos e derrames, a aspirina está na berlinda. Os estudos mais recentes indicam que em cerca 30% dos casos o medicamento a base de ácido acetilsalisílico não protege contra as doenças cardiovasculares. Algumas pessoas com o tempo desenvolvem resistência à aspirina e ela deixa de surtir efeito. Outras simplesmente não respondem à ação preventiva do remédio. O assunto foi tema de um artigo estampado na ultima edição da “Harvard Heart Letter”, uma publicação mensal sobre as novidades em cardiologia, produzida por pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. É a primeira vez que se coloca em cheque a eficácia do medicamento no combate aos males cardiovasculares. Tinha-se por certo que a aspirina funcionava, se não para todos, para a maioria dos pacientes. Tanto que o ultimo consenso da “Associação Americana do Coração”, de 2002, determina que até os pacientes com risco cardíaco moderado devem tomar aspirina diariamente.
Pelas propriedades analgésicas e antiinflamatórias do acido acetilsalisílico, seu uso começou a ser demonstrado na prevenção de infarto e derrame na década de 70. Na época, em artigo na revista cientifica “Nature”, médicos ingleses do “Royal College of Surgeons” de Londres, relataram que o medicamento evitava a aglutinação das plaquetas sangüíneas. Essas estruturas funcionam como uma espécie de exercito de proteção de artérias e veias. Quando um vaso sanguíneo sofre algum dano, as plaquetas se juntam e ajudam a reparar o tecido lesionado. Em pacientes cardíacos ou pessoas com fatores de risco para doenças cardiovasculares, no entanto, esse processo é acelerado. Com isso, aumenta a probabilidade de formação de coágulos e, conseqüentemente, de entupimentos das artérias. É justamente quando da aglutinação destas plaquetas que a aspirina pode não ser tão efetiva como se imaginava. Com o aperfeiçoamento dos testes que medem o nível de atividade dessas estruturas sanguíneas, foi possível identificar com precisão que muitos pacientes eram resistentes a essa ação do medicamento. Os fatores que comprometem o efeito preventivo do remédio vão desde a determinação genética até hábitos de vida pouco saudáveis, como o tabagismo.
É improvável que o artigo de Harvard se reflita imediatamente na conduta atual dos médicos. Por enquanto continuaremos a usar a aspirina na dosagem de 100 miligramas por dia - o equivalente a um comprimido infantil - diz o medico Otavio Rizzi Coelho, isso porque há indícios de que a aspirina possui outros mecanismos ainda não completamente estabelecidos na prevenção dos distúrbios cardiovasculares. Uma das hipóteses refere-se à ação antiinflamatória do acido acetilsalisílico. Os especialistas acreditam que o medicamento pode reduzir a inflamação das placas moles de gordura, responsáveis por 70% dos infartos.
Fonte: revista Veja do dia 12 de maio de 2004

Pela primeira vez a Associação Americana do Coração elaborou uma cartilha de prevenção contra doenças cardiovasculares endereçada exclusivamente às mulheres. Divulgadas na semana passada, as novas diretrizes resultam da evidencia de que o coração feminino e o masculino requerem cuidados específicos. Entre as mulheres, por exemplo, a depressão ganha destaque na lista dos principais fatores de risco para os males cardíacos – ao lado do colesterol alto, sedentarismo, hipertensão e tabagismo, entre outros. Relacionada a 45% dos infartos, a depressão ataca duas vezes mais as mulheres do que o homem. Alem disso, a apatia típica dos quadros depressivos dificulta a adesão das pacientes ao tratamento – e, conseqüentemente, o seu sucesso.
Até então, as mulheres tinham de se pautar por recomendações feitas a partir de pesquisas em que apenas 25% dos participantes eram do sexo feminino. Depois de revisar mais de 8.000 estudos científicos sobre a incidência das causas de doenças cardíacas nos dois sexos, os cardiologistas americanos chegaram à conclusão de que nem todas as recomendações feitas aos homens se aplicavam às mulheres. Na ultima cartilha, publicada em 2002, sugere-se que homens e mulheres consumam uma dose diária de aspirina, como forma de reduzir o risco de enfarte e derrame. A regra, como se viu agora, não vale para todas as mulheres. A droga não deve ser prescrita a pacientes com pouca probabilidade de sofrer do coração. Conforme os especialistas, não há provas suficientes que justifiquem o uso da aspirina por essas mulheres. Nesse caso, é melhor não arriscar, já que o consumo desse medicamento pode causar ulceras e hemorragias.
Fonte: revista Veja de 11 de fevereiro 2004

Ao longo destas paginas expusemos e continuaremos a expor os agravos que foram causados à humanidade pelo radicalismo, seja ele religioso ou cientifico. Foram focados as origens do homem, o seu desenvolvimento primário e a posterior evolução e ao longo de todos os seus momentos percebeu-se nitidamente que a humildade teve bem pouco servidores entre as que poderíamos chamar classes privilegiadas, independentemente do papel que exerceram ao longo dos tempos.
A bíblia, obra elaborada a mando do imperador Constantino, por muitos séculos foi proibida aos que a igreja chama “leigos”, e desta maneira somente pode ser manuseada, lida e interpretada exclusivamente pelo clero católico. Os poucos que se atreveram a desobedecer diante de si não encontraram clemência, mas à fogueira ou a forca.
Contudo, como não podia deixar de ser, porque do alto, em ultima instancia, sempre alguém intervem, Lutero assumiu a tarefa de liderar o movimento da reforma religiosa. O homem, no entanto, estava ainda muito longe de aprender a lição. Depois que a bíblia se tornou de domínio publico, foram muitos os que se acreditando “iluminados” julgaram que a estavam interpretando melhor do que havia sido até então. Contudo, a maioria das novas religiões, quando chegou a sua vez, também levaram ao patíbulo “seus hereges”, igualando-se, assim, aos que antes haviam criticado.
Até hoje, entre as varias religiões existentes, ainda não foi criado um “espaço inteligente” destinado a pratica do respeito mutuo, porque cada uma delas, do alto de seus púlpitos, jamais prega mais o “amai vos uns aos outros como eu vos amei” do novo testamento, preferindo ameaçar os que para elas são infiéis – mesmo sendo cristãos – imitando o Jhwh do velho testamento. Chega-se a casos extremos em que aos enfermos terminais, por irmãos ou irmãs lhe é dito: ou você se converte e, tornando-se evangélico aceita Jesus e ele te cura, ou para te castigar vai deixar você morrer.
Sim, a humanidade, mesmo com todas as experiências que vivenciou, pouco aprendeu, e por isso, na escola da vida ainda não freqüenta nem o pré-primário.
Esta é a razão porque o homem, a exceção de poucos, independentemente da tarefa que exerce, padre, pastor, juiz, advogado, cientista, medico ou o que for, ainda não conseguiu se despir de suas imperfeições: presunção, altivez, soberba, arrogância, orgulho, inveja e por ai a fora, imperfeições estas que na medida em que o homem as pratica, alardeiam aos demais o grau da sua ignorância.
O homem da ciência, o admita ou não, freqüenta os mesmos bancos escolares, porque depois que retirou a aura de sacralidade da religião, e a vestiu, passou a acreditar que é deus, enquanto o religioso persiste afirmando que Deus está no céu e que eles são seus braços na Terra.

Nos últimos anos entraram em vigor novas e mais rigorosas diretrizes para o diagnóstico de varias doenças. Com isso, muitas pessoas antes tidas como saudáveis (não de verdade, mas estatisticamente) foram reunidas num novo grupo: o dos pré-doentes. Ou seja, o de homens e de mulheres que exibem características que podem propiciar o surgimento de certos distúrbios. “O principal objetivo dessas diretrizes é chamar a atenção para os riscos de doenças crônicas e, com isso, levar a mudança de hábitos de vida”, diz o cardiologista Otávio Rizzi Coelho, Presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
A detecção de doenças em estágios muitos iniciais sempre esteve entre os principais desafios da medicina. Quanto mais precoce é o diagnóstico, maiores são as chances de curas e menores os riscos de seqüelas para os pacientes. Nessa trilha, nos últimos 20 anos, com a realização de grandes estudos epidemiológicos e o aperfeiçoamento dos exames de diagnóstico, os parâmetros de normalidade foram se tornando cada vez mais rígidos. Um dos melhores exemplos é o que ocorreu depois da invenção do exame de tomografia computadorizada que analisa a quantidade de cálcio nas artérias. A concentração do mineral é um importante marcador de risco cardíaco que indica acumulo de gorduras e, assim, a possibilidade de ocorrer um entupimento. Hoje, pessoas com essa alteração são consideradas pacientes de risco – e, por isso, recebem tratamento medicamentoso à base de estatinas - os redutores de colesterol.

Artéria em processo de entupimento

“Pesquisadores no mundo inteiro estão empenhados na busca de padrões verdadeiramente seguros de saúde”, disse a Veja o medico Thomas Hatsukami, professor de cirurgia vascular da Universidade de Washington. A mudança mais recente de parâmetros de normalidade para uma doença aconteceu em junho do ano passado. Os níveis ideais de HDL, ou colesterol bom aumentaram e os de LDL, ou colesterol ruim, baixaram. Uma corrente de médicos, mais radicais, defende que, quanto menores forem os níveis de colesterol, melhor para o paciente. Muitos deles cogitam a prescrição de medicamentos redutores da substancia, as estatinas, até mesmo para pessoas que estão abaixo dos níveis tidos como ótimos. Há que considerar, no entanto, que a redução exagerada do colesterol pode acarretar sérios problemas ao organismo. O colesterol é essencial para a produção de hormônios e membranas celulares, entre outras funções vitais. A diabete também está entre as doenças que sofreram mudanças em seus padrões. Cerca de três anos atrás, o nível máximo de açúcar no sangue considerado normal baixou de 110 miligramas por decilitro para 100. Com a glicemia entre 100 e 126, a pessoa é considerada pré-diabetica. Essa nova linha de corte resultou num aumento de 30% no numero de pré-diabeticos, apenas no Brasil. A pré-diabete consiste numa menor sensibilidade do organismo à ação da insulina. Isso exige que o pâncreas produza quantidades cada vez maiores do hormônio, o que pode levar a um colapso do processo – ou seja, à diabete.
Os médicos preconizam um tratamento rigoroso para esta condição, porque descobriram que ela por si só está associada a até 2.5 vezes mais risco de distúrbios cardiovasculares. Recomendam-se atividades físicas, dieta equilibrada e perda de peso. Remédios que diminuem a absorção de carboidratos ou melhoram a resposta do corpo à insulina podem ser indicados.
Para alguém que, de uma hora para a outra, passa a ser considerado pré-doente, essa noticia pode ter um efeito negativo preocupante. Um estudo americano que acompanhou mulheres com osteopenia – a condição previa a osteoporose, a doença que enfraquece os ossos – mostrou que, pelo simples fato de terem recebido o diagnóstico, elas pararam de fazer exercício físico, com medo de fraturas. O stress causado pela noticia da pré-doença é um fator que não deve ser subestimado. Constatou-se, por exemplo, que a alteração no que é visto como padrão normal de pressão arterial acabou por levar muita gente a um desgaste emocional desnecessário – um dos caminhos que conduzem justamente à hipertensão. Nessa área, alias, há grande controvérsia. Os especialistas americanos passaram a considerar que a pressão arterial de 12 por 8 caracterizava pré-hipértensão. Os europeus discordam. Defendem que esse é um índice normal de pressão e que não há comprovação cientifica suficiente para a nova medida americana. Os brasileiros estão do lado dos europeus – até agora, pelo menos. O resultado da mudança de parâmetros nos Estados Unidos foi que, evidentemente, aumentaram as vendas de remédios contra a pressão alta.”Há quem ache que, por trás de boa parte dessas alterações, está a industria farmacêutica, que deseja vender mais e mais”, diz o medico e escritor Moacyr Scliar. “Deve-se ter consciência, no entanto, de que muitas vezes, para atingir os novos níveis recomendados, basta melhorar os hábitos cotidianos. Não é preciso tomar remédio
Uma das metas mais ambiciosas da medicina é estabelecer os limites do pré-câncer. Mas a verdade é que, até o momento, isso só serve para causar angustia na maioria dos casos. Pela simples razão de que não existem tratamentos específicos para essa condição tão inicial – a não ser aqueles disponíveis para quem está realmente doente, como a cirurgia, químio e radioterapia. Veja-se o exemplo do carcinoma in situ, que antecede o câncer de mama propriamente dito. Uma mulher com o carcinoma in situ apresenta células anormais confinadas nos ductos mamários – mas isso não quer dizer que ela desenvolverá um tumor maligno extremamente invasivo. A maioria não desenvolve. Alguns médicos se perguntam se é mesmo necessário informar uma mulher que ela tem esse problema muito antes do surgimento da doença. Afinal, isso representa uma angustia tão grande que pode levar à antecipação desnecessária de procedimentos como a mastectomia radical, a retirada de parte da mama e a radioterapia. Em meados dos anos 90, com a descoberta da estreita relação entre alterações nos genes BRCA1 E BRCA2 e o desenvolvimento do câncer de mama, muitas mulheres, sobretudo nos Estados Unidos, submeteram-se ao teste genético de detecção desse problema. Ao descobrir esse defeito, um grande numero de pacientes optou pela extirpação total das duas mamas e pelo esvaziamento completo dos gânglios linfáticos. Em 2002, uma pesquisa publicada no “Journal of the National Câncer Institute”, revista do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, mostrou que parte dessas cirurgias pode ter sido em vão. Coordenado por uma equipe do Memorial Sloan-Kettering Câncer Center, de Nova York, um dos mais prestigiosos centros de pesquisas sobre a doença, o estudo não descartava a relação entre o câncer e os genes defeituosos, mas sugeriu que o peso das mutações como fator de risco não era tão grande quanto se acreditava.
A definição de saúde costumava ser relativamente obvia. Em 1948, ano de criação da Organização Mundial de Saúde, formulou-se o seguinte conceito: “Saúde é o mais completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de enfermidade”. Pelas novas regras da medicina, pode-se estar doente mesmo quando existe o bem-estar físico, mental e social. Há que levar em conta que algumas das mudanças nos parâmetros de normalidade de doenças como a diabete é importante e fazem a diferença entre um futuro doente ou sadio. Outras alterações, no entanto, como a dos critérios de hipertensão, soam exageradas. Talvez seja preciso estabelecer também um padrão de normalidade para quem vive a caça de novos padrões de anormalidade.
Nos últimos anos, milhões de pessoas em todo o mundo que se consideravam saudáveis foram, de uma hora para a outra, advertidas de que tinham um problema medico. Isso aconteceu sem que elas apresentassem alteração alguma em seus parâmetros clínicos. Mudaram, si, as diretrizes para o diagnostico de varias doenças, como a hipertensão, a diabete e o colesterol alto, entre outras. Foram estabelecidos também novos critérios que criaram um novo tipo de paciente, o pré-doente. O argumento a favor desse diagnostico é que as pessoas que se encontram na faixa de risco para diversas enfermidades seriam alertadas para a importância das medidas de prevenção, sobretudo no que se refere à adoção de hábitos de vida mais saudáveis.
É importante lembrar, no entanto, que o diagnostico de pré-doença sempre tem conseqüências emocionais, familiares e financeiras para os pacientes. No caso da classificação da pré-hipertensão, esse é um fator especialmente importante. Até 1994, segundo as diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, considerava-se a pressão normal quando ela era abaixo de 16 por 9. Em 1998, o índice de normalidade caiu pára 14 por 9. Em 2002, além da pressão normal, foi criado o patamar de pressão ótima, aquela que fica abaixo de 12 por 8. Níveis tão baixos de pressão não são fáceis de alcançar. Geralmente é necessário recorrer a medicamentos, o que, por causa dos efeitos colaterais inerentes a qualquer remédio, torna o tratamento mais arriscado. Alem disso, como os médicos não estão bem treinados para fazer ajustes finos na dose dos remédios, é pequeno o numero de pacientes que, apesar da terapia medicamentosa, atingem a pressão alvo.
É difícil entender por que as autoridades médicas americanas decidiram em 2003, sem nenhuma evidencia cientifica nova, mudar os parâmetros de normalidade da pressão arterial e apavorar milhões de pessoas. Passaram a chamar os pacientes com pressão entre 12 por 8 e 14 por 9 de “pré- hipertensos” e aqueles com pressão abaixo de 12 por 8 de “normais”. Como somente metade dos pré-hipértensos irá se tornar hipertensa no futuro, esse diagnostico pode levar uma pessoa a passar desnecessariamente pelo stress de ser rotulada de doente. Muitos pacientes ligaram desesperados porque, num dia, tinham pressão normal e, no outro, passaram a ser pré-hipertensos. Alguns simplesmente desistiram das medidas preventivas: “Não agüento mais. Tenho me esforçado tanto e agora me dizem que nada valeu a pena, que sou doente”, disse um deles. O Brasil e a Europa não adotaram as diretrizes americanas. A melhor forma de convencer as pessoas da importância de adotar hábitos de vida saudáveis não é pela ameaça, e sim pelo bem-estar que essas mudanças oferecem.
Ponto de vista do Dr. Décio Mion, professor livre-docente, chefe da Unidade de Hipertensão do Hospital das Clinicas, da faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e coordenador nacional da IV Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial.
Fonte: revista Veja de 4 de maio 2005

Desta forma, apesar dos inúmeros paradigmas dentro do paradigma maior, definidos pelas instituições de medicina, pesquisas cientificas ou laboratórios farmacêuticos, cada medico -ênfase para os alopatas - aplica a medicina sem “padronizá-la”, ou melhor, de acordo com seus próprios conceitos pessoais, que por sua vez são ditados por um maior ou menor grau de profissionalismo ou de saber, uma vez que não são poucos os que deixam de se atualizar depois que começam a clinicar.
É por isso que às formas de curas são tão divergentes: invasivas ou agressivas, cirúrgicas ou medicamentosas, sendo que em relação a estas ultimas são poucos os médicos, como veremos, que conhecem a fundo - como o paciente espera - todos os aspectos pertinentes às drogas que receitam, sem contar que entre eles também existem os radicais, os tolerantes e os que “deixam como está para ver como fica”.
Para contornar estes aspectos, uma vez que saúde é sinônimo de vida, vamos recordar a sugestão do Doutor Groopman:
“Aprendi mais nos poucos meses em que fui paciente do que em todos os anos que passei na faculdade de medicina. A experiência me ensinou muitas coisas. A primeira delas é que, quando se é paciente, se fica extremamente vulnerável. Ouvi de um medico que eu ficaria bom e preferi acreditar nele, obviamente.
O problema é que ele não estava sendo honesto comigo, porque não tinha a solução para a minha dor. Aprendi que é preciso questionar e ter uma segunda opinião. Sempre. Eu não sou perfeito, cometo erros. Posso errar em meus julgamentos e incentivo meus pacientes a procurar outro especialista em casos graves. Talvez outro medico tenha uma visão diferente e melhor do mesmo caso”.

Antes de retornarmos a vasculhar os problemas do coração, vamos focalizar outra enfermidade: a artrite reumatóide.

Não há doença reumática tão devastadora quanto a artrite reumatóide. Ela surge quando o sistema imunológico da pessoa passa a encarar as células das articulações como inimigas e deflagra um ataque contra elas. A investida desencadeia uma inflamação. Deixado ao seu próprio curso, esse processo inflamatório destrói a cartilagem entre as articulações e danifica os ossos que estão próximos. O resultado são dores terríveis e deformações, principalmente nas mãos, punhos, joelhos, tornozelos e pés. Calcula-se que aja quase 2 milhões de doentes só no Brasil. A ciência ainda não conseguiu desvendar por completo os mecanismos da artrite reumatóide, mas tem tido sucesso no desenvolvimento de drogas capazes de conter seu avanço.
A artrite reumatóide ataca principalmente entre os 35 aos 55 anos, e para cada homem doente há três mulheres na mesma situação. No inicio da doença, o paciente é acometido de fadiga, dores musculares, inchaço e rigidez leve em algumas articulações. Como as queixas são vagas, o diagnostico nessa fase é difícil. Por isso, muitas pessoas só descobrem que tem a doença quando ela está em estágios mais avançados, diz a reumatologista Evelin Goldenberg, professora da Universidade Federal de São Paulo.
Fonte: revista Veja do dia 12 de fevereiro 2003

Quando foi lançado, em 1999, o Vioxx foi anunciado como um dos remédios mais eficazes para tratar a dor das vitimas de artrite. Um dos primeiros medicamentos de uma nova classe de antiinflamatórios, os inibidores da enzima COX -2, ele prometia acabar com a dor sem os efeitos colaterais dos remédios antigos, sobretudo as ulceras e os sangramentos gastrintestinais.
O entusiasmo em relação ao remédio foi tão grande que, não demorou muito, o Vioxx passou também a ser receitado para o alivio dos mais variados tipos de dor – de cólicas menstruais a desconfortos muscular, e de dor de dente a enxaqueca.
Consumido por 84 milhões de pessoas em mais de oitenta países, o antiinflamatório transformou-se em um dos carros-chefes do laboratório americano Merck &Co. Só em 2003 as vendas de Vioxx movimentaram 2.5 bilhões de dólares em todo o mundo.
Na ultima quinta feira esta estória de sucesso foi interrompida. Por iniciativa própria, o seu fabricante determinou a retirada do Vioxx do mercado, inclusive brasileiro. O motivo: o consumo diário de 25 miligramas do remédio, por mais de 18 meses, dobra o risco de infartos e derrames.
No Brasil o Vioxx liderava a lista dos antiinflamatórios mais vendidos. Não há, entretanto, razão para pânico. O remédio só aumenta a probabilidade de problemas cardiovasculares se usado continuamente por mais de um ano e meio. E estes casos, segundo a Merck & Co, representam 2% de todas as prescrições de Vioxx.
Até 40 anos atrás, as experiências com um remédio praticamente se encerravam antes de ele ser lançado. Depois da tragédia da talidomida, as autoridades sanitárias passaram a exigir que os fabricantes fossem mais rigorosos no controle da segurança de seus medicamentos mesmo após sua chegada às farmácias. A essa vigilância foi acrescentado um outro dado: a fim de garantirem mais alguns anos de exclusividade sobre a patente de remédios lucrativos (caso Vioxx), os laboratórios começaram a pleitear novas indicações para eles. O alerta para os riscos do Vioxx surgiu justamente a partir de um estudo em que o laboratório testava a eficiência do medicamento contra a recorrência de pólipos em pacientes com histórico de câncer no colo-retal.
Em junho de 2002, um estudo da própria Merck &Co., já havia detectado que o Vioxx aumentava o risco de eventos cardiovasculares. Uma das hipóteses mais prováveis é que, ao inibir a ação da enzima COX-2, responsável pela dor e pela inflamação, o remédio estimule a formação de trombos e aumente a pressão arterial. Alem do Vioxx, existem outros três medicamentos da família dos inibidores da COX-2. São eles: Celebra, Bextra e Arcoxia. A condenação do Vioxx não é uma sentença contra seus concorrentes, fabricados a partir de moléculas diferentes.
A decisão da Merck &Co., visa não só a preservar a saúde de seus clientes, mas a sua própria. Não havia outro caminho a seguir. Se o laboratório não se pronunciasse, a sua imagem estaria seriamente comprometida e a desconfiança dos consumidores poderia estender-se a todos os seus produtos. Mesmo reconhecendo os riscos do Vioxx, os prejuízos sofridos pela empresa já são grandes. No dia em que o Vioxx foi banido das farmácias, as ações do laboratório despencaram 27%.
Outros medicamentos retirados pelos próprios fabricantes:
· Raxar, antibiótico da Glaxo Smith Kline, em 1996.
· Redux, para redução de peso, da American Home Products, em 1997.
· Posicor, contra a hipertensão e angina, da Roche, em 1998.
· Lipobay, contra colesterol alto, da Bayer, em 2001.
· Bextra, antiinflamatório da Pfizer, em 2002
Fonte: revista Veja do dia 6 de outubro de 2004

Uma das muitas perguntas que poderiam ser formuladas neste momento seria: A retirada de um remédio do mercado é de fato uma medida que representa um alto custo para o laboratório, ou este custo já é embutido no preço de venda do produto. Mas, e as pessoas que foram afetadas ou tiveram suas vidas ceifadas durante o tempo em que o medicamento foi vendido como milagroso pelo marketing dos laboratórios?
Vamos lembrar o que foi dito: “O Vioxx prometia acabar com a dor sem os efeitos colaterais dos remédios antigos, sobretudo as ulceras e os sangramentos gastrintestinais. O entusiasmo em relação ao remédio foi tão grande que, não demorou muito o Vioxx passou também a ser receitado para o alivio dos mais variados tipos de dor – de cólicas menstruais a desconfortos muscular, e de dor de dente a enxaqueca”.
Em verdade, e os médicos sabem disso, todas as drogas medicinais, da simples aspirina aos medicamentos mais agressivos, tem seu respectivo risco. Ao serem receitados, o medico deve decidir o curso dos eventos possíveis, ou seja, calcular se o risco representado pela enfermidade do paciente, se não for tratada com o remédio que deseja receitar, é maior ou menor do que o perigo representado pela ingestão dele.
Existe outro aspecto. A nível laboratorial - na medida em que medicamentos são retirados do mercado isso fica mais evidente – aparentemente há uma disciplina muito rígida no sentido de controlar a composição química do produto que está sendo desenvolvido para evitar que as substancias que o compõem, ao se somarem, não sejam muito prejudiciais á saúde ao nível de efeitos colaterais. Mesmo assim, dificilmente o medico considera este aspecto quando receita varias drogas ao mesmo paciente, ou lhe pergunta - ao atender um novo paciente - que medicamento já utiliza antes de receitar outros, para saber se são ou não compatíveis entre si. Este aspecto é muito importante, especialmente se levarmos em conta as especializações medicas, porque há casos em que para tratar dos olhos é receitados um medicamento que ataca o coração, e o mesmo paciente, procurando um especialista para cuidar da gastrite, passa a ingerir medicamentos que aumentam a pressão. Entre esses enfermos, especialmente os da terceira idade, que diariamente ingerem dez, doze, ou até mais medicamentos, encontram-se casos de gravidade estrema provocados tão somente pelo excesso das drogas que são ingeridas. Entretanto, na maioria das vezes em que estes idosos são levados a um geriatra, a sua primeira prescrição é a eliminação de quase todos eles. Mas, afinal, a medicina é, ou não é confiável? Bem, que cada um decida por si mesmo.

O Senhor Daniel Vasella, Presidente mundial do laboratório Novartis, uma empresa que fatura anualmente 30 milhões de dólares, diz o seguinte em alguns trechos da entrevista que concedeu à revista Veja:
Veja – Em setembro, o laboratório Merck teve que retirar o antiinflamatório Vioxx das prateleiras. O remédio está sob suspeita de provocar infartos nos pacientes. Em dezembro, outro laboratório, o Pfizer, admitiu que o Celebra também poderia causar problemas cardíacos. O que está acontecendo com a industria farmacêutica?
Vasella – Esses episódios trazem varias lições. A primeira delas: é errado acreditar que remédios não tenham efeitos colaterais ou que os laboratórios conheçam todos estes efeitos quando uma nova droga é lançada no mercado. Não há nenhum remédio que não tenha efeito colateral. Eu disse nenhum. Cada droga tem seus efeitos, mais ou menos severos. Quando um remédio é lançado, ele passa a ser usado como tratamento para 10.000 ou 100.000 pacientes, e você então começa a ver efeitos colaterais que não via quando esse medicamento era administrado a um numero menor de pessoas. Por isso é vital que a industria farmacêutica, os médicos, os pacientes e os órgãos governamentais trabalhem juntos, em uma operação de vigilância, para identificar os efeitos colaterais quando os remédios passarem a ser usados por mais pessoas.
Nos tratamos um paciente porque ele está doente e porque temos a esperança de que a droga que ele está recebendo promova mais benefícios do que efeitos colaterais.
Veja – Um dos desafios da medicina tem sido criar remédios que retardem os efeitos de doenças geralmente associadas à velhice. Como a industria tem reagido a isso?
Vasella – Esse é, de fato, um dos maiores desafios, em razão das mudanças demográficas que estão ocorrendo no mundo, tanto nos paises desenvolvidos quanto nos que estão em desenvolvimento. O numero de pessoas acima de 65 anos, na Europa, vai crescer quase 27% nos próximos 25 anos. Isso tem impacto nos custos de saúde, porque pessoas acima dos 55 anos passam a usar mais os serviços médicos, consumir mais remédios e sofrer de doenças crônicas como arteriosclerose, mal de Alzheimer ou demência.
Veja – Por que é tão difícil encontrar a cura para as doenças que afetam o cérebro?
Vasella – Há varias razões. A mais significativa é que o cérebro é o órgão mais complexo. Alem disso, as doenças e terapias associadas ao cérebro dificilmente podem ser comparadas com modelos usados em outros animais, como ocorre nos demais órgãos do corpo humano. Isso torna as pesquisas nessa área uma sucessão de estudos, de tentativas e de erros. No momento, estamos trabalhando em um tipo de vacina contra o mal de Alzheimer, mas eu devo ser prudente, porque não conseguimos ainda entender completamente a doença. Estes são nossos dois maiores problemas: falta de conhecimento e alta complexidade do cérebro.
Fonte: revista veja do dia 5 de janeiro 2005
Porque as pessoas passam a necessitar de mais serviços médicos depois de uma certa idade? Devido às patologias que acometem quem chega sem se precaver à terceira idade: Artrite reumatóide, Artrose, Bronquite, Cancer, Catarata, Demência, Depressão, Diabete, Fratura do Fêmur, Ictus, Enfarte do miocárdio, Hipertensão, Hipertrofia prostática, Maculopatia senil, Alzheimer, Doença de Parkinson, osteoporose e perda de audição.

Médicos da Universidade de Mssachusetts, nos Estados Unidos, analisaram a ficha médica de 30.000 pacientes da rede pública americana acima de 65 anos e identificaram mais de 1.500 com problemas de saúde causados ou por excesso de drogas, ou pela associação de diferentes substancias químicas:
26,6% tinham problemas renais.
21,1% gastro-intestinais.
15,9% hemorragias.
13,8% distúrbios metabólicos.
8,6% danos neuropsiquiátricos.

Sob o titulo “medicina de alto risco”, um estudo da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) concluído há um mês, apresentou uma radiografia preocupante dos médicos brasileiros. A pesquisa mostra, entre outras coisas, que eles freqüentemente receitam remédios sem muita segurança. Abaixo as principais conclusões do estudo.
73,0% Reconhecem que já receitaram medicamentos sem conhecer exatamente a composição deles.
71,0% Esquecem de avisar o paciente sobre as reações provocadas pelo uso conjunto de dois ou mais remédios.
72,0% Dizem que cumprem dupla jornada de trabalho, o que os impede de continuar estudando.
62,5% Não freqüentam congressos médicos.
40,0% Não lêem publicações médicas ou cientificas.
Fonte: revista Veja de 16 de junho 2004
As estatísticas oficiais mostram que, dos 300.000 brasileiros que morrem todos os anos de infarto ou derrame, 40% são diabéticos. Como à moléstia não é de notificação compulsória, o impacto da diabete sobre as taxa de mortalidade, apostam os especialistas, é muito maior. Alem dos doentes, há outros cerca de 5 milhões de brasileiros pré-diabeticos – e também a metade não sabe que está nessa condição. Ou seja, se não tomarem os devidos cuidados, podem vir a desenvolver a doença.
A diabete surge de um defeito num dos processos mais vitais ao ser humano: o metabolismo da glicose, um tipo de açúcar. Combustível para os mais de 100 trilhões de células do organismo, a glicose é obtida a partir dos alimentos, especialmente os carboidratos. Depois de digeridos, pães, massas, doces, e tubérculos como a batata, são transformados basicamente em glicose. Pela corrente sanguínea, ela chega às células. Para entrar em cada uma delas e fornecer a energia necessária para o bom funcionamento do corpo humano, a glicose precisa de uma espécie de chave, o hormônio insulina. Produzida pelo pâncreas, numa pessoa sadia a insulina acompanha os altos e baixos das taxas de glicose a que o organismo está sujeito durante o dia e a noite. A harmonia precisa ser perfeita. Quando ela não existe, o diagnostico é de diabetes. Por falta completa ou parcial de insulina, esse açúcar não tem como entrar nas células e fica concentrado no sangue. O excesso pode provocar danos graves aos vasos sanguíneos e comprometer todos os órgãos e tecidos do corpo.
Há duas versões da doença. Responsável pela minoria dos casos, o diabete tipo 1 é a mais agressiva delas. Por motivos ainda não totalmente esclarecidos, o sistema imunológico ataca e destrói as células pancreáticas produtoras de insulina, as ilhotas de Langerhas. A produção de insulina é completamente interrompida. Antes chamada de “diabete juvenil”, por se manifestar, sobretudo no inicio da puberdade, a doença impinge a suas vitimas uma rotina penosa. Elas têm de tomar varias picadas de agulha durante o dia, para medir as taxas de glicose no sangue e injetar insulina. Sem as doses de hormônio artificial, elas simplesmente não sobrevivem.
É o diabete tipo 2, no entanto, que mais preocupa os médicos. Sua incidência cresce assustadoramente. No passado, a doença se manifestava somente em pessoas com mais de 45 anos – e, por isso, era conhecida pelo nome de “diabete senil”. Atualmente, ela aparece em quem está na faixa dos 30 anos e já há muitos registros de jovens e adolescentes que apresentam o problema.
O diabete tipo 2 evolui sem dar o menor sinal da sua presença. No inicio da moléstia, o pâncreas mantém a produção de insulina como de habito. Aos poucos, no entanto, as células adiposas e musculares tornam-se resistentes á ação do hormônio. Com isso, os níveis de glicose no sangue aumentam. Para compensar o excesso desse açúcar, o pâncreas incrementa a fabricação de insulina, por meio das ilhotas de Langherans. Mas há um limite para isso. “A produção compensatória de insulina não se mantém indefinitivamente, porque, conforme a diabete avança, o numero de células secretoras do hormônio diminui”, explica o endocrinologista Freddy Goldberg Eliaschewitz, pesquisador da Universidade de São Paulo. Uma pessoa sadia possui de 1 milhão a 1.5 milhão de ilhotas de Langherans. Quando essa quantidade é reduzida à metade, fica impossível manter uma secreção de insulina suficiente para controlar os níveis de glicose. Por isso, é inevitável que a maioria dos pacientes da diabete tipo 2 tenha de recorrer a mecanismos artificiais de reposição de insulina. Cinco anos depois do primeiro sintoma da doença, a metade já é obrigada a usar as injeções. “Embora sejam capazes de equilibrar a quantidade de glicose por um tempo às vezes bastante longo, os remédios disponíveis não conseguem impedir a progressão da diabete tipo 2”, afirma o medico Eliaschewitz.
A descoberta de uma substancia que aumentasse o numero de células secretoras de insulina representaria a cura da diabete. Isso ainda está longe de acontecer, mas há uma boa noticia nesse terreno. Coordenada pela bioquímica Mari Sogayar, do instituto de Química da Universidade de São Paulo, uma equipe de cientistas brasileiros e italianos descobriu que o veneno do escorpião tem o poder de multiplicar as ilhotas de Langherans. A novidade acaba de ser publicada no “Journal of Investigative Medicine”, revista cientifica da Federação Americana de Pesquisas Clinicas. Os estudos começaram há cerca de cinco anos, quando, ao analisar o pâncreas de um homem morto em Minas Gerais, vitima de picada de escorpião, os pesquisadores notaram uma proliferação anormal das células produtoras de insulina. Eles resolveram verificar, então, se o veneno continha uma substancia capaz de estimular a multiplicação das ilhotas. Os estudos concluíram que sim. O próximo passo é isolar, entre os componentes da peçonha do escorpião, aquele que estimula o aumento das células que secretam a insulina. Dessa forma será possível fabricar um medicamento que impeça a progressão da diabete e, quem sabe, o cure.
Outra promissora frente de pesquisa é o transplante das ilhotas de Langherans, indicado para o tratamento dos diabéticos tipo 1. Apenas treze centros no mundo estão aptos a realizar o procedimento. No ano passado, o Brasil entrou para este clube seleto, do qual fazem parte os Estados Unidos, a Inglaterra e o Canadá entre outros. No dia primeiro de dezembro de 2002, sob a coordenação do doutor Eliaschewitz, foi realizado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, o primeiro transplante das ilhotas de Langherans da América Latina. Por uma incisão de 2 milímetros no abdômen de uma paciente os médicos injetaram-lhe 252.000 ilhotas, que, extraídas de uma pessoa morta, foram tratadas e purificadas em laboratório. Esta paciente, 45 anos, é portadora da diabete tipo 1 desde os dezenove anos. Seu tratamento ainda não acabou. Serão necessários mais dois transplantes para que ela possa um dia se livrar das injeções de insulina. De qualquer forma, já com a primeira cirurgia, o numero de agulhadas diárias foi reduzido à metade.
O transplante das ilhotas de Langherans é uma técnica que vem sendo testada desde a década de 70. Os melhores resultados começaram a serem obtidos a partir de 2000, em pesquisas realizadas na Universidade de Alberta no Canadá. A grande diferença entre a cirurgia realizada no centro canadense e as demais está, sobretudo, no processo de purificação das ilhotas. As experiências de Alberta tornaram-se referencia em todo o mundo.”Desde então, 189 transplantes foram realizados. Os resultados mais recentes apontam uma taxa de sucesso de 80%, só no primeiro ano, diz a nefrologista Irene Noronha, professora da Universidade de São Paulo”. Um dos inconvenientes do transplante é que o paciente precisa se submeter até o fim da vida a uma terapia imunossupressora, como em qualquer outro transplante, para evitar a rejeição. E os efeitos colaterais destas drogas são pesados: Baixam a resistência imunológica, aumentando os riscos de doenças oportunistas, como infecções. Podem ainda aumentar os níveis do colesterol ruim e de triglicérides, fator de risco para doenças cardiovasculares.
Alem de ter um componente hereditário ainda mais forte do que o do tipo 1, o diabete tipo 2 está muito relacionado a problemas da vida moderna, tais como o sedentarismo, stress, obesidade e uma alimentação desregrada. Daí o seu crescimento vertiginoso nos últimos anos. A primeira opção de tratamento é equilibrar a dieta do paciente e colocá-lo para fazer ginástica. Pesquisas recentes da Associação Americana da Diabete mostram que essa combinação é uma arma poderosa tanto no controle como na prevenção do mal.
Médicos americanos acompanharam quase 3500 pacientes pré-diabeticos por três anos. Ao termino dos estudos, entre os homens e mulheres submetidos a uma dieta pouco calórica e pobre em gorduras e a uma rotina de meia hora de exercícios físicos cinco vezes por semana, registrou-se uma redução de quase 60% no aparecimento de novos casos. O grande empecilho para o controle da diabete tipo 2 é justamente a dificuldade da maioria de se engajar de verdade em um estilo de vida saudável. Pesquisas mostram que menos da metade dos que se propõem a levar um cotidiano saudável continua firme em seu propósito ao fim de um ano. Se para uma pessoa sadia mudar o seu dia a dia não é fácil, imagine para um diabético, cujas mudanças tem de ser radicais e efetivas. Para agravar ainda mais o problema no Brasil, o diabético resiste a aderir ao tratamento com remédios. De cada 100, apenas sete usam insulina. Segundo os especialistas, esse contingente deveria ser, no mínimo, quatro vezes maior. “Os pacientes tem o conceito errado de que o uso de insulina artificial significa que a doença está em estagio avançado”, diz o endocrinologista Denise Franco, do conselho consultivo da Associação de Diabete Juvenil. Quanto mais se adiam o diagnostico e o tratamento, pior é. No Brasil, a doença tende a ser descoberta entre sete e doze anos depois de instalada. Não é raro o diagnostico ser feito no pronto socorro, durante um atendimento de emergência.
Descrito pela primeira vez no século II, a diabete só começou a ser desvendada no inicio do XX. Em 1921, os médicos canadenses Frederick Banting e Charles Beste isolaram a insulina em laboratório. Esperava-se que a descoberta fosse a solução para a difícil equação da diabete. Extraído de bois, o hormônio começou a ser usado em seres humanos. A terapia, porém, causava serias reações alérgicas. Foi, então, substituída pelo tratamento com insulina de porcos. Apesar de mais parecida com o hormônio humano, a substancia ainda apresentava efeitos colaterais que limitavam o seu uso. A grande revolução só viria na década de 80. Graças à engenharia genética, foi possível produzir em laboratório uma insulina muito semelhante à humana. Mas a nova substancia não acompanha as oscilações naturais dos níveis de açúcar no organismo. Ou seja, é preciso que o próprio paciente monitore seus índices de glicose e determine quando e quanta insulina tem que injetar.
Até bem pouco tempo atrás, a única forma de evitar os picos de glicose era determinar com exatidão o horário da refeição e aplicar a insulina quarenta minutos antes. Para facilitar a vida dos doentes, foram criadas insulinas ultra-rápidas. Em vez de demorarem quase uma hora para fazer efeito, elas começam a agir em apenas cinco minutos. Isso permite que o paciente tenha mais liberdade para almoçar e jantar. As bombas de infusão são outra opção às constantes injeções de insulina. Do tamanho de um Pager, podem ser usadas no cinto ou no bolso do casaco. O dispositivo é programado para liberar quantidades predeterminadas de insulina. A engenhoca liga-se ao corpo do paciente por intermédio de uma agulha inserida no seu abdômen ou coxa. O hormônio é despejado no organismo por um pequeno tubo plástico.
Um dos maiores desafios da ciência é dar fim às agulhadas. Não existe, porem, tecnologia capaz de criar uma insulina em comprimido. Em contato com o trato gastrintestinal, a insulina torna-se inócua. Em breve serão lançadas versões do hormônio que prometem diminuir ainda mais a necessidade de injeções. Até o fim do ano, chega ao Brasil a Lantus. Produzida pelo laboratório Aventis Pharma, ela é uma insulina que atua por aproximadamente 24 horas, sem picos de atividade. Ou seja, ao longo de um dia, o desempenho do remédio mantém-se estável. A Lantus já foi aprovada nos EUA, Alemanha e Inglaterra. Dentro de no máximo cinco anos, está prevista a chegada ao mercado das duas primeiras insulinas inaláveis, a Exubera, também da Aventis Pharma e da Pfizer, e a Aerx, do Novo Nordisk. A primeira virá sob a forma de pó e a outra será liquida. Bilhões de dólares são investidos na pesquisa de remédios e no desenvolvimento de novos artefatos que melhorem a vida dos diabéticos. Mas, se é impossível prevenir o diabete tipo 1, continua relativamente barato afastar a ameaça do tipo 2. Basta estar atento aos sinais do corpo e adotar hábitos saudáveis.
No Brasil, há 10 milhões de diabéticos. 90% são portadores da diabete tipo 2, versão da doença muito associada aos maus hábitos da vida moderna. Metade não sabe que está doente e cerca de outros 5 milhões de brasileiros estão num estagio conhecido como pré-diabete. Ou seja, se não se cuidarem, poderão desenvolver a doença.
Fonte: revista Veja do dia 29 de janeiro 2003

Poderíamos continuar historiando os feitos e não feitos, os pros e contra, as experiências negativas ou positivas das drogas medicinais em relação a todas as enfermidades existentes. Contudo, como a síntese é sempre a mesma: cada nova droga desenvolvida, apesar dos investimentos e esforço da pesquisa, não é uma solução, mas um paliativo na melhor das hipóteses provisório, e os médicos, por serem criaturas humanas, nem sempre são confiáveis porque estão tão ou mais desequilibrados do que os seus pacientes, uma vez que o stress, a depressão, a revolta, a intranqüilidade, a violência e todas as demais enfermidades os agridem tanto quanto agridem aos demais cidadãos, ao invés de continuarmos abordando as demais enfermidades, concluiremos esta apresentação expondo alguns enfoques contraditórios que envolvem o mal de Alzheimer.

O mal de Alzheimer, diagnosticado por Alois Alzheimer em 1906, é uma doença degenerativa que destrói as células do cérebro, lentas e progressivamente, afetando o funcionamento mental (pensamento, fala, memória, etc). Com o avanço da moléstia, o paciente começa a perder hábitos, como o da higiene pessoal, e a manifestar alterações de comportamento como ansiedade, agressividade, etc.
Caracterizado como uma forma de demência, o mal de Alzheimer atinge cerca de 1% da população na faixa dos 65 anos de idade. Seu primeiro sintoma é, via de regra, a perda da memória recente, sendo indicado, neste caso, consultar um médico neurologista. Apesar dos esforços sensíveis da ciência, ainda não foi descoberta a cura para o mal de Alzheimer. Alguns medicamentos, contudo, vêm demonstrando bons resultados, principalmente no que tange a retardar o avanço da doença, circunstância que realça a importância do diagnóstico precoce.
O risco de desenvolver o mal de Alzheimer aumenta 65% entre as pessoas com mais de 65 anos que sofrem de diabete do tipo melito, concluiu um estudo divulgado recentemente.
Segundo artigo publicado na edição de maio da revista "Archives of Neurology", os médicos Zoe Arvanitakis e David Bennett, da Rush University Medical Center de Chicago, estudaram um grupo de 824 religiosos - incluindo freiras, padres e frades católicos – durante cinco anos e meio.
Os religiosos são considerados um grupo ideal para os estudos do Alzheimer, já que suas vidas regradas impedem que determinados fatores - como fumar ou ingerir bebidas alcoólicas – gerem uma predisposição à doença.
Do grupo estudado, 151 desenvolveram o mal de Alzheimer, incluindo 31 diabéticos, o que levou os cientistas a estabelecerem uma relação entre as duas doenças em idosos.
"A pesquisa sobre um possível vínculo entre o diabetes e o maior risco para Alzheimer é intrigante e este estudo nos dá uma perspectiva adicional importante", disse Neil Buckholtz, do Instituto Nacional do Envelhecimento, que faz parte do Instituto Nacional da Saúde dos Estados Unidos.
"Outras pesquisas, algumas das quais estão a caminho, nos dirão se as terapias contra o diabete têm um papel importante para reduzir o risco de desenvolver o mal de Alzheimer", concluiu.
Fonte: France Presse, Washinton (EUA) 18 se maio 2004

Quando se concluiu a soletração do genoma humano, muito se falou do potencial do conhecimento recém-adquirido na busca pela cura de doenças hoje intratáveis, como o mal de Alzheimer. Agora, pelo menos no caso dessa doença neurodegenerativa, um trio de cientistas nos EUA diz que estivemos o tempo todo prestando atenção ao DNA errado.
Para Douglas Wallace, da Universidade da Califórnia em Irvine, e seus colegas Pinar Coskun e Flint Beal, da Universidade Cornell, em Nova York, a causa do mal da Alzheimer não está no material genético do núcleo celular, alvo principal do Projeto Genoma Humano, mas sim no DNA das mitocôndrias – as fabricas de energia das células.
Em um estudo recém-publicado no periódico científico "PNAS" http:/www.pnas.org/ da Academia Nacional de Ciências americana, os pesquisadores mostram que uma série de mutações no DNA mitocondrial aparece em pacientes diagnosticados com o mal de Alzheimer, mas não ocorre em pessoas sadias.
Eles acreditam que os resultados mostram um elo até então pouco explorado entre a funcionalidade das mitocôndrias e a ocorrência da doença.
O mal de Alzheimer, que se manifesta em pessoas idosas - geralmente após os 65 anos - primeiro na forma de problemas de memória e avança até a demência e a morte, é normalmente associado à formação, no cérebro, de placas de uma substância chamada beta-amilóide. Essa correlação fez com que muitos pesquisadores fossem buscar a causa da doença em defeitos genéticos na produção dessa proteína.
"De fato, foi encontrada uma correlação com uma mutação num gene ligado à beta-amilóide que ocorre em 5% dos casos de Alzheimer", diz Wallace. "Mas achamos que nossa pesquisa com DNA mitocondrial pode responder pelos outros 95%”.
As mitocôndrias são responsáveis pela respiração celular - o processamento de oxigênio para produzir calor e energia para a célula. Só que, nesse processo, ela também produz substâncias altamente reativas, os chamados radicais livres. "Esses radicais acabam lesando o DNA da mitocôndria", explica o neurologista Cícero Galli Coimbra, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Com o tempo, essas lesões - mutações nas "letras" genéticas que compõem as instruções para o bom funcionamento da mitocôndria - acabam por inutilizar a usina de força celular."A mitocôndria carrega dentro de si mesma a semente para sua destruição", diz Wallace. Ele acredita que o processo esteja intimamente ligado não só ao mal de Alzheimer, mas a muitas das doenças que parecem ter um "gatilho" ligado à idade. Coimbra concorda. "Mutações no DNA mitocondrial têm sido relatadas em todas as doenças degenerativas, como mal de Parkinson e diabetes”.
Mais do que o elo com Alzheimer, essa ligação com uma variada gama de doenças torna a pesquisa atraente para os americanos. Eles no momento estão desenvolvendo e testando uma série de medicamentos destinados a tratar esse problema da degeneração do DNA mitocondrial.
"Estamos experimentando com animais um conjunto de substâncias que teriam como objetivo a proteção do DNA da mitocôndria contra os radicais livres", diz Wallace, que afirma já ter realizado testes promissores com vermes e camundongos”.
Fonte: núcleo de informação sobre o mal de Alzheimer.
O mal de Alzheimer pode ter origem na desativação de um gene, sugere um estudo publicado nesta sexta-feira na revista “Neuron”.
A desativação dos chamados genes que codificam as proteínas da família das presenilinas foi estudada em ratos de laboratório que serviram de modelo para o estudo da doença de Alzheimer em humanos, explicou Carlos Saura, que coordenou o trabalho.
Para este cientista do Instituto de Neurociências da Universidade Autônoma de Barcelona, a descoberta "foi totalmente inesperada", porque se imaginava que o excesso de atividade destes genes era o responsável pela doença.
"Desde 1995, se sabe que o Alzheimer é causado principalmente por causa de mutações nos genes das presenilinas. Mas imaginávamos que a alteração destes genes causava o Alzheimer por meio do aumento de sua função”, afirmou.
Para a pesquisa, foram utilizados ratos geneticamente modificados para apresentar menor atividade dos genes em questão. De acordo com os cientistas, foi possível observar a alteração "no processo de consolidação da memória e na sobrevivência dos neurônios, mas de maneira diferente da esperada”.
Segundo Saura, os resultados demonstram que a ausência de atividade destes genes nos ratos provoca sintomas “muito semelhantes aos observados nas pessoas doentes de Alzheimer". Para Saura "esta descoberta abre novas perspectivas para a terapia e a prevenção do Alzheimer", uma doença que ainda não tem cura.
"Terapias que ativem as vias celulares reguladas pelas presenilinas poderão prevenir ou melhorar a perda de memória dos pacientes", acredita.
Fonte: núcleo de informação sobre o mal de Alzheimer".
Cientistas da Universidade da Virgínia analisaram 2 mil homens com mais de 71 anos e concluíram que aqueles que andam menos correm um risco duas vezes maior de desenvolver a demência.
O outro estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Harvard com 18 mil mulheres com idades superiores há 70 anos e concluiu que as que fazem exercícios obtêm melhores resultados em testes de agilidade mental.
Os resultados das duas pesquisas foram divulgados em artigos publicados na revista da Associação Médica Americana.
Pesquisas anteriores já haviam encontrado uma relação entre atividade física e menores riscos de demência, mas não se sabia se isso valia também para exercícios de baixa intensidade, como a caminhada.
Para tirar esta dúvida, os cientistas da Universidade da Virgínia analisaram as distâncias que os pesquisados andavam todos os dias entre 1991 e 1993.
Em dois períodos subseqüentes – entre 1994 e 1996 e entre 1997 e 1999 – uma série de avaliações foram feitas para estimar quantos dos 2 mil participantes haviam desenvolvido demência.
O resultado foi que, após terem sido feitos ajustes para levar em conta as diferentes idades dos pacientes, aqueles que andavam menos de 400 metros por dia experimentavam uma chance 1,8 vez maior de ter demência do que os que andavam mais que 3,2 km diários.
A relação permaneceu mesmo depois que foram levados em consideração outros fatores, como a possibilidade de que a redução da atividade física fosse resultante de um declínio motivado pela demência antes que ela tivesse sido detectada.
“Este estudo sugere que caminhadas e estilos de vida ativos em geral estão associados com uma redução no risco de demência”, disseram os pesquisadores em seu estudo. Mas eles ressaltaram que ainda não está claro por que existe tal relação.
No estudo feito com a amostra de 18 mil mulheres, iniciado em 1986, os pesquisadores concluíram que níveis mais elevados de exercícios físicos estão ligados a melhores performances cognitivas.
As mulheres preencheram questionários a cada dois anos. As que estavam no grupo das mais ativas tinham melhores performances e também uma possibilidade 20% menor de apresentarem problemas cognitivos.
“Visualmente, os efeitos obtidos através de uma maior atividade física, podiam ser descritos como se elas tivessem se tornado três anos mais jovens”, afirmaram os pesquisadores em seu estudo.
Fonte: núcleo de informação sobre o mal de Alzheimer

O homem, como estamos testemunhando, é um ser ainda imperfeito, e tudo o que está sendo exposto é a prova inequívoca dessa afirmação. Julga-se inteligente, sábio, mas vamos avaliar mais uma vez a sua sabedoria: Controlou o fogo, deixou as cavernas e construiu arranha-céus, entretanto, alguns destes desabam. Fabrica aviões cada vez maiores, rápidos e seguros, com os quais se desloca de uma a outra parte do mundo em poucas horas, contudo, há acidentes e estes se destroçam no chão. Sua tecnologia lhe permitiu chegar à lua, porém, esta mesma tecnologia vez ou outra aniquila os astronautas que a utilizam. Procura em outros planetas formas de vida enviando sondas espaciais, mas nem sempre atingem seu destino, e quando o fazem, nem sempre tem sucesso.
Diz-se temente a Deus, independentemente de ser católico, crente, anglicano, ou o que for, apesar disso, continua matando seu irmão. Eleva ao “seu” Deus preces implorando-lhe ajuda para superar os momentos aflitivos, entretanto, dificilmente auxilia aqueles que, por serem menos favorecidos, lhe pedem ajuda.
Por isso, mesmo se recusa a ouvi-los, seus erros clamam, gritam, bradam para que antes de qualquer coisa aprenda a ser humilde, porque, por ainda ser um aprendiz, necessita que alguém, mais sábio do que ele, o esclareça. Enquanto esse aprendizado não acontecer, em tudo o que ele fizer sempre haverá um risco latente.
Se aprendesse a ouvir seu próximo, respeitando-o, ao invés de criticá-lo... Se repreendesse seriamente a si mesmo diante de seus insucessos...Se submetesse a uma critica mais profunda o que chama engenhosidade... Se nos momentos de incerteza se dignasse olhar para o infinito e, diante da sua majestade, percebesse a sua insignificância, então estaria dando os primeiros passos para entender que apesar do seu desenvolvimento mental e físico, continuará sendo sempre a criatura, jamais o Criador.
O dia que alcançar esta percepção, encontrará aberto o acesso à vereda que um dia, se perseverar, o levará a fonte da qual jorram a maioria dos segredos da natureza.
Enquanto isso não acontece, da mesma forma que tentamos nos prevenir no transito, que procuramos nos cercar de segurança, em síntese, que buscamos na medida do possível evitar acidentes para não ter que, na melhor das hipóteses, remediar depois, vamos adotar as medidas cabíveis para evitar as enfermidades, e evitando-as, nos mantermos afastados de todos os riscos que lhe são inerentes.
Finalmente, além de lembrarmos mais uma vez das palavras do Presidente do laboratório Novartis:
“Nos tratamos um paciente porque ele está doente e porque temos a esperança de que a droga que ele está recebendo promova mais benefícios - ele não diz cura - do que efeitos colaterais”
vamos levar em conta também o que diz a Organização Mundial de Saúde a respeito dos remédios falsificados:

A “OMS” define como falsificado o remédio, seja ele original ou genérico, que deliberadamente ou por fraude apresenta falsas indicações no que diz respeito à sua origem e ou identidade.
O fenômeno da produção e venda de remédios falsificados assumiu nos últimos vinte anos notáveis proporções e hoje representa uma grave ameaça à saúde publica.
Segundo projeções desta organização, 7% de todos os remédios vendidos no mundo é falsificado, com pontas de 30% no Brasil e de 60% em alguns Estados Africanos, atingindo a cifra de aproximadamente dez bilhões de Euros anualmente.
O período que se estendeu do ano 1982 até 1997, a OMS identificou e documentou cerca de 750 casos de falsificação, sendo que mais de 50% destas sinalizações refere-se aos anos posteriores a 1993, o que testemunha que o fenômeno está em expansão.
A falsificação dos remédios pode ser subdividida em quatro tipologias diferentes:
O remédio é uma perfeita imitação da preparação original, ou seja, contem o mesmo principio ativo, na quantidade correta e idêntica confecção.
O remédio se apresenta com uma confecção idêntica a da “especialização” original, mas contem o principio ativo em quantidades inferiores ao que é declarado.
O remedio é semelhante ao produto autentico, mas não contem o principio ativo.
O remedio contem ingredientes diferentes dos que são declarados.
Entre os casos de falsificação descobertos pela “OMS”, 51% dos produtos não continham nenhum principio ativo. 17% continham um principio ativo diferente do indicado e o 11% uma quantidade diferente. Só 4% dos casos de falsificação continham o mesmo principio ativo (qualitativo e quantitativo) do remedio original.
Os antibióticos constituem a categoria dos remédios mais falsificada e representam 45% dos casos que foram sinalizados no mundo.
Fonte: Instituto Superior de Sanidade da Itália